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Artigo – Novos tempos, novas tecnologias

por Fernando Landulfo

 

Anos 80. Até parece que foi ontem. Não é mesmo? A edição nº1 da Revista O Mecânico circulou em outubro de 1984. Naquela época, nas rodas de mecânicos, os assuntos mais comentados eram: calibração de carburadores, ajustes de distribuidor (avanços centrífugo e a vácuo), coletores de admissão empenados, comprar ou não um caríssimo osciloscópio de ignição, motor que engasgava, ferrugem na carroçaria e tantas outras coisas.

 

 

Era fácil trabalhar. Um bom jogo de ferramentas convencionais e um par de elevadores resolviam cerca de 80% dos problemas. É verdade que obter informações técnicas (escritas exclusivamente em papel) era bem mais complicado. Naquela época as montadoras eram muito fechadas.

 

O mecânico independente era considerado um concorrente das concessionárias. E por essa razão, era quase impossível ter em mãos um manual de serviço de um veículo atual. Treinamento então, nem pensar.

 

Nos anos 80, era mais fácil trabalhar…

 

…mas para reduzir as emissões de poluentes,
novos sistemas surgiram e a eletronica evoluiu

 

 

A exceção ficava por conta dos fabricantes de autopeças e sistemas, que forneciam ao “Guerreiro das Oficinas” tudo aquilo que ele precisava (e continuam sendo grandes parceiros até hoje). Mas os veículos eram bem mais simples, não é verdade? Com certeza eram. Motor carburado, distribuidor, suspensão e freios convencionais. Os “suprassumos” da sofisticação eram: direção hidráulica, ar-condicionado e transmissão automática. Mas isso era raro, pois esses acessórios custavam muito caro. Além do mais, haviam especialistas que sabiam muito bem o que fazer com esses dispositivos quando enguiçavam.

 

 

Eletrônica embarcada? Isso beirava a ficção científica. Eram “coisas” que apareciam em alguns carros importados, muito caros, que quase ninguém se atrevia a “mexer”. Naquele tempo, tudo que o mecânico precisava saber de eletricidade veicular estava ligado aos sistemas de ignição, carga e partida. O resto, era por conta do eletricista. O mecânico fugia dos elétrons que nem o diabo da cruz.

 

Como o mercado nacional oferecia poucos modelos (apenas versões diferentes), não era difícil aprender as “manhas” de cada um. As novidades ficavam por conta de um ou outro dispositivo economizador de combustível (os anos 80 eram o auge da crise do petróleo no Brasil), cujo mistério de funcionamento e reparo se desfaziam após um cursinho.

 

Mas o tempo passou e chegaram os anos 90. E com eles, novas prioridades. A palavra de ordem era reduzir drasticamente as emissões de poluentes. E para conseguir isso, “entrou em campo” a eletrônica embarcada, na forma do sistema de injeção eletrônica e ignição mapeada. A princípio, timidamente.

 

 

Mas, nos meados da década, o carburador e a ignição convencional não mais equipavam os veículos novos. A superalimentação, antes coisa de “playboy” agora vinha de fábrica. E o mecânico teve que aprender a lidar com tudo isso: turboalimentadores, superchargers e eletricidade, ou melhor, eletroeletrônica, meio que “na marra”, para poder “lidar” com essa nova geração de veículos.

 

E para piorar a situação, para fazer diagnóstico nessas “coisas” era preciso uma série de equipamentos caros e com nomes complicados (alguns em inglês): scanner, brake-out-box, década resistiva etc.

 

 

O multímetro e o osciloscópio, que eram ferramentas de eletricista e técnico de televisão, passaram a fazer parte da caixa de ferramentas do mecânico. E como desgraça pouca é bobagem, os anos 90 também trouxeram outras novidades: veículos importados. Pronto, lá vai o mecânico aprender inglês para poder ler os manuais e conseguir operar os equipamentos de diagnóstico.

 

Isso sem falar na eletrônica embarcada: freios ABS, airbag, transmissões automáticas controladas eletronicamente, ar-condicionado automatizado, redes de comunicação (multiplexagem) e comandos variáveis. Mas isso foi ruim para o mecânico? Mas é claro que não! Quanto mais sofisticado o sistema, maior é a probabilidade de dar defeito. E consequentemente, mais serviço dentro da oficina. Isso sem falar na oportunidade de crescimento pessoal e profissional. Mas é claro que tudo isso exigiu um certo investimento. No entanto, que se saiba, até o momento, ninguém se arrependeu de fazê-lo.

 

A virada do milênio trouxe uma nova geração redes de comunicação muito mais complexa e sofisticada, presente em quase todos os modelos, assim como, os acessórios antes quase que exclusivos dos modelos mais caros. Ou seja, a grande maioria dos veículos (exceto as versões de entrada), são equipados com direção servoassistida (hidráulica, eletro hidráulica, ou grande novidade: elétrica) e ar-condicionado. A maioria das versões intermediárias, também são equipadas com freios ABS, controle de tração e airbag. As versões topo de linha, então… Nem se fala. Isso sem falar na propagação da tecnologia Flex e no aparecimento dos veículos híbridos.

 

Os anos 2010, trouxeram ainda mais sofisticação: as injeções diretas de combustível, cujas estratégias de funcionamento são bastante complexas e a reparação exige equipamento e treinamento bastante específicos, motores downsizing, freios regenerativos e muitas ouras novidades. Os veículos autônomos, movidos a hidrogênio e totalmente elétricos, logo estarão entre nós. E é claro que o “Guerreiro das Oficinas” já está se preparando para pode reparar todas essas novidades. Afinal de contas, ele é um técnico extremamente qualificado e não quer ficar para trás.

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