por Fernando Landulfo
O turbo alimentador, assim como o seu primo, o compressor roots (supercharger ou blower), tem como função provocar a chamada indução forçada ou superalimentação. Ou seja, aumentam a quantidade (massa) de ar admitida no motor que, ao ser misturada com a devida massa de combustível, produz uma porção maior mistura a ser admitida. Essa mistura, por sua vez, ao ser queimada, produz mais torque e potência para cada unidade de volume do motor (cv/cm³ por exemplo) em relação a um similar, cuja entrada de ar se dá pela pressão atmosférica (indução natural).
Vale a pena lembrar que, sem turbos ou compressores, os motores downsizing não seriam a “mesma coisa” ou, mesmo, viabilizados.
Pois bem, os princípios de funcionamento de cada um, assim como, as suas vantagens e desvantagens são amplamente conhecidas. O problema reside em como cuidar bem deles.
Muitas são as queixas de usuários e mecânicos, com relação à baixa durabilidade e alto custo de manutenção desses importantes componentes.
Mas por que será que dispositivos tão simples costumam dar tanta dor de cabeça?
Bem, em primeiro lugar é preciso ter certeza de que o superalimentador é mesmo o “vilão da história”. Muitos sintomas são atribuídos ao seu mal funcionamento, levando a uma substituição precoce. E a surpresa vem logo em seguida: o sintoma persiste ou reaparece logo em seguida.
Um exemplo típico é a falta de potência.
Então, antes de por a culpa no turbo, tenha certeza de que:
• O motor recebe a quantidade de combustível apropriada: pressão e/ou vazão;
• Não existe vazamento no sistema de admissão;
• A válvula de prioridade (se houver) é a correta e não apresenta vazamento;
• Não existe vazamento de gases no sistema de escape antes do turbo alimentador;
• A relação entre os diâmetros das polias que acionam o supercharger é realmente a recomendada;
• O motor não está com temperatura excessiva;
• As válvulas estão reguladas;
• A pressão do óleo está dentro dos padrões de fábrica (tuchos hidráulicos não funcionam bem sob baixas pressões);
• O óleo lubrificante é o recomendado pelo fabricante (óleo que perde a viscosidade com facilidade reduz a pressão do sistema);
• O motor não tem problemas mecânicos: sincronismo, compressão adequada e não apresenta vazamentos nas câmaras
de combustão;
• Filtro de ar não obstruído.
Eliminadas essas possibilidades, é hora de examinar o funcionamento do superalimentador e as suas condições:
• Se pressões geradas estão de acordo com a especificação;
• Se carcaça interna apresenta riscos excessivos;
• Se folgas entre os rotores ou palhetas e carcaça são as recomendadas;
• Se a válvula de alivio veda corretamente e seu mecanismo funciona corretamente;
• Se as palhetas (lado quente e lado frio) não apresentam quebras ou deformações;
• Se os lóbulos dos rotores não apresentam riscos excessivos;
• Se os eixos não apresentam folgas excessivas;
• Se não existe vazamento interno de lubrificante.
Agora, determinada a falha do superalimentador e a real necessidade da sua substituição, é preciso tomar certos cuidados, a fim de garantir que o mesmo tenha o rendimento e a durabilidade esperada:
1 Eliminar todo e qualquer vazamento entre a saída do filtro de ar e a admissão do superalimentador: impurezas finas (poeira) tendem a atuar como um abrasivo, aumentando as folgas internas. Já as de maior tamanho tendem a destruir rapidamente os componentes internos (palhetas, carcaça interna e lóbulos dos rotores). O desbalanceamento do conjunto é a primeira consequência. A curto e médio prazo já se pode observar uma diminuição considerável do seu rendimento.
2 Tenha absoluta certeza de que o turbo alimentador recebe um fluxo de óleo adequado. É preciso ter certeza de que o motor gera pressão de lubrificante suficiente para abastecer corretamente o turbo alimentador. Da mesma forma, mangueiras fechadas internamente ou tubos amassados, impedem a entrada e a saída do óleo no componente, prejudicando a lubrificação dos mancais flutuantes. Como consequência tem-se o desgaste do conjunto, permitindo que as palhetas toquem nas paredes da carcaça interna, destruindo
ambos. Numa situação mais crítica, pode haver, até mesmo a quebra do eixo
do turbo alimentador.
3 A qualidade do lubrificante que adentra no turbo alimentador é tão importante quanto a sua presença. Lubrificante contaminado ou fora de especificação pode provocar entupimentos de galerias (borra) e falhas de lubrificação nos mancais (perda de viscosidade). O lubrificante deve ser aquele recomendado pelo fabricante do motor e estar dentro do período indicado de troca. Da mesma forma, tenha certeza que os mancais do supercharger estão abastecidos com o lubrificante recomendado.
4 Não tente consertar algo sem treinamento ou caso não tenha equipamentos ou ferramentas adequadas para tal. É melhor terceirizar o serviço. Encaminhe a peça a um especialista.
5 Não altere os ajustes de fábrica do superalimentador.
6 Não faça o superalimentador gerar pressões ou girar com rotações acima daquelas recomendadas pelo fabricante
7 Não adapte um superalimentador que foi indicado para um veículo em outro.
8 Instrua o seu cliente a utilizar corretamente o motor superalimentado.