CITROËN C3 AIRCROSS

Confira os detalhes de manutenção do novo SUV da Citroën com motor 1.0 turbo T200 e câmbio automático CVT

texto Vitor Lima   fotos Lucas Porto

Em conformidade com a sua estratégia de virar uma marca de volume, a Citroën lançou o C3 Aircross para integrar sua gama de veículos no final do ano passado. Com proposta de SUV, o Aircross é na verdade um monovolume que utiliza o motor 1.0 turbo T200, já conhecido em outros veículos do grupo Stellantis como Fiat Pulse, Fastback, Strada e Peugeot 208.

O motor T200 três cilindros, desenvolve 130 cv de potência e 20,4 kgfm de torque e pode ser abastecido tanto com gasolina quanto etanol. Todas as três versões do C3 Aircross utilizam esse motor com um câmbio CVT que simula 7 velocidades e opções de 5 ou 7 lugares.

O C3 Aircross possui 4.320 mm de comprimento, 1.627 mm de altura, 2.014 mm de largura e 2.672 mm a distância entre eixos. Um dado adicional é a altura de 230 mm do solo e ângulos de ataque e saída de 23° e 30,3° respectivamente. Um diferencial da versão Shine, analisada pela Revista O Mecânico, são as rodas diamantadas de 17 polegadas, além dos detalhes em prata no para-choque dianteiro e traseiro. No entanto, a arquitetura do carro bem como itens de comodidades são muito parecidos nas três versões oferecidas por aqui.

Na parte interna, o painel de instrumentos é digital de 7 polegadas e a central multimidia tem 10 polegadas e permite conectividade com os sistemas Android Auto e Apple CarPlay sem fio. No que diz respeito aos assistentes de segurança do Aircross, destaque vai para o ESP (controle eletrônico de estabilidade), Hill Assist (assistente de partida em rampa) e monitoramento de pressão dos pneus (TPMS). Com versões que tem preço a partir de R$ 99,9 mil, a Revista O Mecânico convidou o mecânico e proprietário da oficina Motor France SP, Fernando Araujo, para analisar a versão Shine, topo de linha do Citroën C3 Aircross, que parte do valor de R$ 129,9 mil.

Por baixo do capô

Ao abrir o capô e analisar distribuição dos componentes, o mecânico explicou sobre a facilidade na manutenção, mesmo que o motor turbo T200 ocupasse todo o espaço do cofre. “Você quase não tem espaço. Porém, olhando de uma maneira geral, na parte de manutenção, está bem mais fácil se comparado com o THP, por exemplo no acesso dos bicos injetores e do turbocompressor. Essas partes são mais visíveis”, explica.

O profissional aproveitou e acrescentou sobre as dimensões do motor e seus ganhos em questão de componentes. “Motor 1.0 turbo é pequeno e todo em alumínio, o que se agregou a ele é justamente a parte do turbocompressor. Você percebe que o espaço ocupado é do filtro de ar e do outro lado o turbocompressor”, conclui.

Apesar da caixa do filtro de ar (1) ser posicionado na parte de trás do motor e o turbocompressor na frente, para manutenção e troca do filtro de ar é simples, basta retirar as duas travas que tampam a caixa do filtro de ar para ter acesso ao componente. A substituição é indicada a cada 30 mil km ou 3 anos, o que ocorrer primeiro. Vale ressaltar que em caso de uso severo do veículo, substitua na metade do indicado, ou seja, a cada 15 mil km ou 18 meses.

Com a capa do motor removida (2), o mecânico terá acesso livre às três bobinas de ignição (3) e as velas de ignição (4). As velas são de irídio e tem prazo recomendado pela Citroën para substituição a cada 60 mil km.

Na parte de lubrificação do motor, a tampa de abastecimento de óleo (5) tem a vareta de verificação de nível integrada. Os motores 3 cilindros precisam de maior atenção no que diz respeito à lubrificação do motor. É importante que, tanto a viscosidade do fluido quanto a classificação do lubrificante atendam as recomendadas pela fabricante. A Citroën utiliza o lubrificante Mopar MaxPro Synthetic de viscosidade SAE 0W-30 e classificação ACEA 2, com as normas Fiat 9.55535-DS1/GS1. O prazo de substituição do óleo de motor é a cada 10 mil km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro. Em caso de utilização severa do veículo, reduza os períodos pela metade. Em manual é indicado que a quantidade de lubrificante junto com a troca do filtro são de 3,5 litros.

O turbocompressor (6) do motor turbo T200 é da BorgWarner e o profissional analisa a questão dos sensores no componente. “Nós não estamos acostumados nas linhas francesas o motor turbo ter alguns sensores que nesse motor está disponível. Um deles é o sensor de entrada de ar no turbocompressor, e o outro é o sensor de saída. Inclusive, o turbocompressor está antes do intercooler, e após, vai para o sensor MAP. Esses dois sensores são novidade para nós que realizamos manutenção na linha francesa”, informa Fernando sobre os sensores de entrada (7) e saída (8) de ar do componente.

Outro ponto com o turbocompressor que o profissional não deixou de mencionar é sobre a válvula wastegate (9) que tem a função de gerenciar a pressão na turbina. “Outra coisa interessante nesse turbocompressor é a válvula wastegate que, geralmente, é controlada por vácuo com um solenoide PWM. Porém, no C3 Aircross a válvula é totalmente eletrônica, ou seja, o módulo gerencia 100% o componente. Muito interessante, pois isso não é algo que estamos acostumados a ver”, conclui.

Uma área de difícil acesso em alguns veículos com motorização turboalimentada é o corpo de borboleta (TBI). Para Fernando, no motor T200 isso é facilitado (10) assim como a bomba de vácuo (11). “É uma bomba de vácuo robusta, justamente para garantir que não haja a perda de eficiência de frenagem”, informa o mecânico.

O módulo (12) chamou atenção do mecânico. “Para gerenciar todo esse conjunto eletrônico do veículo, você imagina a dimensão do módulo, que foi refeita para gerenciar toda essa parte eletrônica. É possível ver pelos dois conectores que são bem parrudos para conseguir lidar com todo esses componentes eletrônicos, como o sistema eletrônico do turbocompressor, injeção e tudo mais”, diz.

Componente que não traz nenhuma dificuldade de acesso ao mecânico é o reservatório do fluido de freio (13). O fluido utilizado é o Total Fluide Citroën HBF DOT 4 que tem recomendação de substituição a cada 2 anos e capacidade de 0,6 litros. Outro reservatório importante e que também não traz dificuldades no acesso é o do líquido de arrefecimento (14).


Localizado do lado direito do veículo, fica fácil para verificar o nível de fluido a cada 5 mil km ou 3 meses, conforme recomenda o manual. O preconizado para uso é o líquido de arrefecimento Supracoolant Diluído. O prazo para substituição depende da coloração original do fluido que foi utilizado. Para os casos do Supracoolant com coloração azul a troca deve ocorrer a cada 80 mil km ou 3 anos. Já os de coloração rosa, que é o caso do C3 Aircross analisado, o período é de 240 mil km ou 10 anos. A capacidade total do sistema é de 6,6 litros e caso o haja uso severo do veículo, reduza os períodos pela metade.

Fernando comentou sobre a importância da utilização do fluido de arrefecimento correto para o motor. “O maior cuidado com o bloco de alumínio é o tipo de líquido de arrefecimento utilizado. Se não for o preconizado, em excesso ele vira um corrosivo. Já tivemos histórico do motor 1.4 com corrosão de bloco, corrosão de junta, dos antigos Peugeot 206 e 207, justamente por causa do líquido de arrefecimento”, explica.

A bateria 12V é do tipo SLI-R com 60Ah e 480A de CCA. Um detalhe que chamou a atenção foi uma chapa metálica à frente da bateria (15). O mecânico comentou sobre. “Isso é uma proteção em caso de colisão. Ele é mais alto que a bateria e não é nenhum tipo de isolamento. Em caso de colisão, ele vai empurrar a bateria ao invés de danificá-la. Como a área à frente dela não tem proteção, qualquer situação de impacto ele vai afetar diretamente a bateria.

Undercar

Ao levantar o veículo no elevador, o filtro de óleo de óleo e o cárter do motor estão bem visíveis (16). A recomendação de substituição do filtro é a cada 10 mil km ou 12 meses, acompanhando a recomendação da troca de óleo do motor.

Para verificações ou até manutenção com a correia de acessórios (17), há um bom espaço de trabalho para o mecânico. Não há nenhuma capa de proteção que cubra o componente. A correia de acessórios deve ser substituída a cada 120 mil km ou 6 anos.

Fernando comenta sobre a existência de um esticador para correia de acessórios (18). “Às vezes, alguns profissionais estão acostumados com correia elástica de acessórios, já que a maioria é deste tipo, o que não é o caso desse motor”.

O profissional alerta referente a uma mangueira (19) que está próxima a correia de acessórios. “Tomem muito cuidado, pois, essa é uma mangueira da bomba elétrica auxiliar do turbocompressor. Ela possui um suporte para sustentação, e caso ela desencaixe do suporte, há um grande risco de ocorrer um rompimento dessa mangueira e ocasionar vazamento. Fique atento com qualquer tipo de manutenção nesta região”.

Um componente que chamou a atenção do mecânico no momento da análise do motor foi o intercooler (20). Por baixo do veículo, é mais fácil de ver e acessar o componente que é localizado atrás do para-choque frontal, do lado direito.

A mangueira inferior do radiador (21) tem uma conexão dupla, na qual uma dessas conexões é interligada ao trocador de calor da caixa do câmbio automática (22). “Diferente do que vimos no Peugeot 208 que era engate rápido, aqui no C3 Aircross a conexão tem uma abraçadeira”, comentou o mecânico.

A caixa do câmbio CVT (23) possui o cárter mais baixo, porém mais abrangente para parte inferior da caixa. Fernando comentou sobre. “Dessa maneira, o óleo de câmbio fica com melhor distribuição na caixa. O corpo hidráulico fica submerso no óleo”.

Apesar do bujão de escoamento de óleo da caixa do câmbio CVT (24) ser aparente ao mecânico, o manual do veículo informa que não há necessidade de substituição do fluido, apenas a verificação e controle do nível. O fluido utilizado é o CVT Fluid FE JWS 3401 Mobil e, conforme casos de mecânicos que tiveram em suas oficinas, câmbios automáticos de diferentes montadoras que apresentaram algum problema devido à falta da substituição de óleo, nós recomendamos a substituição a cada 40 mil km, como forma preventiva.

O módulo ABS (25) está próximo a caixa do câmbio CVT e, assim como a bateria, possui uma chapa de proteção, que no caso desse componente fica envolta. Alguns veículos posicionam o módulo ABS na parte superior, no C3 Aircross ele fica localizado na linha lateral do para-choque. Na parte de frenagem, o Citroën C3 Aircross tem freio a disco na dianteira (26), freio a tambor na traseira e sensor ABS nas 4 rodas (27).

Ao analisar o sistema de suspensão do SUV, Fernando comenta de alguns detalhes do conjunto. “A suspensão é McPherson com mola helicoidal. O conforto da suspensão está relacionado justamente com o tipo de amortecedor que é utilizado. Mas essa suspensão do C3 Aircross é bem robusta”. O profissional comentou também sobre a construção do conjunto de suspensão. “Aqui no C3 Aircross a suspensão foi bem dimensionada. Apesar da concepção da suspensão ser a mesma, as buchas de bandeja nas suspensões anteriores são arredondadas e tinham que substituir as quatro. Mas, nesse modelo, a bucha da parte frontal do agregado de suspensão, que era onde ocorria os maiores casos de problemas, agora é um sistema diferente, a bucha é encaixada na transversal. O que deixa esse conjunto de suspensão mais firme”.

O pivô de suspensão é rebitado (28), o que indica que não há substituição indicada para o componente. Agregado ao quadro de suspensão, está a caixa de direção (29). “No C3 Aircross anterior, a caixa de direção tinha motor elétrico, agora no novo modelo, a caixa de direção é mecânica e na coluna de direção está o motor elétrico”, informa Fernando.

Para o sistema de exaustão do veículo, há um intermediário (30) acompanhando com uma proteção térmica. Há outra proteção ao longo do sistemapróxima ao tanque de combustível com extensão até o silencioso no final do escape. “Importante aqui no sistema de exaustão é que o silencioso traseiro é de alumínio, o que evita corrosão causada por água no combustível”, explica o mecânico.

No sistema de suspensão traseira foi utilizado um eixo de torção com molas helicoidais e amortecedores com grande curso (31).

A parte de alimentação de combustível, o cânister é bem visível e não possui nenhum tipo de proteção envolta do componente. O filtro de combustível (32) está acima do eixo traseiro de suspensão do lado esquerdo. Para a substituição do filtro, o mecânico não terá nenhuma dificuldade devido ao espaço livre para acesso ao componente. A recomendação de troca é a cada 10 mil km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro. Um detalhe na parte de baixo onde fica localizado o estepe do veículo é a existência de um dreno (33). “Em caso de infiltração de água, ou derramamento de líquido no porta-malas você consegue realizar esse escoamento”, comentou o profissional. Ao final, Fernando deixa as suas considerações finais sobre o acabamento interno do Citroën C3 Aircross 2024 e aprovou a mecânica utilizada no modelo analisado. “O carro simplificou na parte mecânica e suspensão. As questões de acabamento interno do veículo, disposição e nível de acabamento eu esperava que fosse como a linha antiga. Porém, essa evolução com o motor T200 que não tinha na linha, era utilizado apenas o motor 1.6 THP, eu acho que a Citroën acertou com relação a escolha desse motor. É o momento, pois a maioria das montadoras estão utilizando motor de baixa cilindrada turboalimentado, justamente por questões de emissões. Eu gostei do carro”, conclui.

 

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