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Artigo | A importância do filtro de combustível em motores ciclo Otto ou diesel

Filtro de combustível é um protetor de peso que não pode ser jamais esquecido nas manutenções do veículo

Todo mundo sabe: desde o tempo do carburador e da injeção mecânica diesel que sujeira e contaminação no sistema de alimentação, assim como combustível adulterado, só trazem dor de cabeça. Afinal de contas, muitas foram as marchas lentas “perdidas” e os “engasopamentos” provocados por “ciscos” presentes na gasolina e no etanol. Isso sem falar das corrosões, “falhas” e dificuldades de partida provocadas por contaminação por água no óleo diesel.

Mas, naquela ocasião, isso era facilmente resolvido com os bons e velhos filtros de combustível e filtros separadores de água, que deviam, sim, ser substituídos dentro dos períodos recomendados. Bastava um tiquinho de negligência com esses filtros para os problemas começarem. E não demorava muito, apesar da maior “tolerância” desses sistemas.

A situação se torna ainda mais grave no caso das aeronaves, onde o “acostamento” fica a centenas ou milhares de metros: para baixo.

De acordo com Cavalcante (2018), dados divulgados pelo CENIPA¹ (2016), entre 2006 e 2015, revelam que acidentes aeronáuticos tipificados como falha do motor em voo representaram 20,63% do total das ocorrências aeronáuticas na aviação brasileira. Essa mesma referência afirma ainda que de acordo com o SERIPA² (2013), parte desse percentual está relacionado a procedimentos de abastecimento malsucedidos e utilização de combustíveis contaminados (presença de impurezas sólidas, água etc.).

¹CENIPA: Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
²SERIPA: Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos

No universo automobilístico, o filtro de combustível teve a sua importância aumentada com a introdução do sistema de injeção eletrônica nos motores ciclo Otto. E não era por menos. A variação da pressão e da vazão do sistema de alimentação, provocada pela obstrução dele, não só provocava graves alterações no funcionamento do motor, como comprometia seriamente a vida útil da bomba de combustível.

Com o advento das injeções diretas nos motores de ignição por faísca flex fuel, e da injeção eletrônica diesel, muito tem se discutido a respeito dos efeitos da qualidade e da especificação do combustível utilizado nos veículos.

Que a qualidade “daquilo” que se coloca dentro do tanque tem enorme influência sobre a vida do sistema, o chão de oficina já mostrou. Isso não há o que se discutir – muito embora pesquisas técnico-científicas e diagnósticos mais precisos, ainda precisam ser realizados, antes de se chegar a uma conclusão sólida e indiscutível sobre tópicos específicos. Por exemplo: os efeitos da utilização de combustível adulterado ou envelhecido nas injeções diretas “flex” e de óleo diesel S-10 em sistemas de alimentação mais “antigos”.

No que diz respeito à especificação, muitas são as discussões a respeito da octanagem da gasolina que “precisa” utilizada em alguns motores “flex”, de taxa de compressão mais elevada, a fim de evitar o incômodo e prejudicial fenômeno da detonação.

No entanto, a qualidade de um combustível não se limita as especificações, propriedades que o seu fabricante proporciona e “idade”. Afinal de contas, todo mundo sabe que combustível adulterado e/ou envelhecido provoca muitos problemas de funcionamento e defeitos graves, tanto nos sistemas de alimentação como nos motores como um todo. Sobretudo nos sofisticados.

As condições com que ele é transportado, armazenado, comercializado e até mesmo utilizado podem, sob determinadas circunstâncias, permitir a sua contaminação e consequentemente comprometer a tão desejada qualidade.
Mas quais seriam esses contaminantes?

De acordo com Reyinger (2016), a contaminação dos combustíveis se dá por partículas muito duras de origem mineral, fuligem, assim como, partículas asfálticas. Contaminação essa que, da mesma forma que o produto adulterado, pode provocar problemas graves. Por exemplo: erosão e corrosão dos componentes internos dos sistemas de alimentação, que podem levar as panes.

Cabe então ao filtro de combustível a incumbência de reter essas partículas que, segundo Reyinger (2016), deveriam ser maiores do que 15 µm (partes por milhão). No entanto, segundo esta mesma referência, estudos revelaram que para evitar o desgaste nos sistemas de injeção mais recentes, a remoção deve ocorrer entre 3 µm e 5 µm.

Ou seja: a negligência com a manutenção (troca) desse componente pode trazer não só problemas de curto prazo (panes e graves perdas de desempenho), como também de médio e longo prazo (desgaste que diminui sensivelmente a vida útil de componentes caros), como aqueles que compões os sistemas de injeção direta.

Logo, fica obvio que a inspeção e troca periódica desse componente (dentro dos períodos recomendados pelo fabricante do veículo) deve fazer parte de qualquer plano de manutenção preventiva.

Nesse ponto é relevante citar que existem filtros especificados para serem utilizados durante a vida toda do veículo. Contudo, dependendo das condições em que o veículo roda, cabe ao “Guerreiro das Oficinas” ponderar sobre a viabilidade de troca antecipada desse componente (lembre-se: o filtro custa mais barato do que uma bomba de alta pressão).

Segundo Bosch (2005), os filtros de combustível para motores ciclo Otto, dependendo do projeto do veículo e do seu sistema de alimentação, podem estar montados após a bomba de combustível e/ou internos ao tanque.

No que diz respeito as carcaças dos filtros, Reyinger (2016) afirma que elas são produzidas em metal (alumínio ou aço) ou plástico, podendo ou não conter a válvula de controle de pressão do sistema.

Com relação ao elemento filtrante, Bosch (2005) afirma que são formados por fibras finíssimas de celulose e poliéster, dobradas em estrela. No entanto, cresce a tendencia de utilização de fibras totalmente sintéticas.
Tal descrição chama a atenção para a necessidade de utilização de produtos de qualidade comprovada. Algo que o “Guerreiro das Oficinas” já está habituado a fazer.

Referências:
BOSCH, Robert. Manual de Tecnologia Automotiva. 25ª Edição. São Paulo. Blücher, 2005.
CAVALCANTE. Vinicius Tadeu Uliama. Contaminação de Combustíveis em Aeronaves de Motores a Reação. Trabalho de Conclusão de Curso. Unisul. Palhoça, 2018.
REYINGER, Jochen. Fuel Filters. in: Jochen. Internal Combustion Engine
Handbook. Warrendale (PA): SAE International, 2016.p.(863)-(874)

Artigo por Fernando Landulfo

 

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