Lançamento: Renault Duster 2016

SUV compacto da marca francesa recebe atualizações de design e mecânica, preservando as boas características de suspensão e powertrain para enfrentar buracos no asfalto e estradas de terra

Fernando Lalli

Poucos modelos no mercado conseguem cumprir tão bem a proposta para a qual foram projetados quanto o Renault Duster. Enquanto alguns SUVs compactos nasceram para rodar na cidade, com o Duster não tem tempo ruim quando o assunto é estrada de terra. O trunfo do modelo da Renault é todo da mecânica robusta e sem firulas – devidamente revista e atualizada em sua edição 2016.

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As opções da gama continuam parecidas com o que já era praticado. São duas versões de acabamento (Expression e Dynamique), duas opções de motor (1.6 e 2.0) e três opções de câmbio: manual de 5 marchas (apenas nas versões Expression e Dynamique 1.6), automático de 4 marchas (apenas na Dynamique 2.0) e manual de 6 marchas (Dynamique 2.0 com tração dianteira ou 4×4).

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Os motores receberam melhorias para o uso com o combustível brasileiro, tais como taxa de compressão maior e remapeamento da injeção. O resultado é uma curva de torque que oferece mais força a uma rotação mais baixa.

O motor 1.6 16V Hi-Flex continua com os mesmos valores de potência máxima: 110 cv a 5.750 rpm com gasolina ou 115 cv a 5.750 rpm com etanol. No torque máximo, o ganho foi de 0,4 kgfm no etanol (de 15,4 para 15,9 Kgfm). O propulsor oferece 90% do torque máximo a 2.500 rpm em ambos os combustíveis, o que significa ganho de 0,5 kgfm na gasolina e 1,0 kgfm no álcool, em relação à versão anterior.

Já o motor 2.0 16V Hi-Flex ganhou também na potência máxima: 5 cv tanto na gasolina quanto no álcool. A potência máxima é de 143 cv na gasolina ou 148 cv no etanol, ambos a 5.750 rpm. O torque ligeiramente mais elevado que seus concorrentes com a mesma motorização é destaque: 20,2 Kgfm na gasolina ou 20,9 Kgfm no etanol a 4.000 rpm, sendo que 90% do torque já aparece aos 2.250 rpm.

A recalibração dos propulsores e o bom casamento com a transmissão rendeu ao Duster a nota “A” em consumo de combustível no Programa de Etiquetagem Veicular (PBE) do Inmetro para as quatro versões do modelo com câmbio manual (Expression 1.6, Dynamique 1.6, Dynamique 2.0 e Dynamique 2.0 4×4).

Por falar em economia, o Duster 2016 agora tem de série em todas as versões o Eco-Mode, sistema que, ao apertar de um botão, pode reduzir o consumo de combustível em até 10% ao limitar o torque do motor e reduzir a potência do sistema do ar condicionado. A função pode ser ativada e desativada a qualquer momento da condução.

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Cidade, estrada e barro. Sem sustos.
Projetado desde o início para enfrentar pisos ruins, o Duster é valente em qualquer condição de direção. A suspensão dianteira é tipo McPherson com triângulos inferiores, amortecedores hidráulicos telescópicos e molas helicoidais. Já a suspensão traseira nas versões com tração dianteira é semi-independente com barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos verticais.

Imperfeições no asfalto urbano são vencidas com facilidade pelo modelo. Na estrada, curvas em alta velocidade são feitas com bem mais tranquilidade do que alguns concorrentes (ainda que o para-sol do motorista possua um aviso para evitar a direção mais agressiva). Em estradas de terra batida, mesmo as versões com tração dianteira fazem bonito.

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Câmbio de 6 marchas e seletor de tração na versão 4×4 (abaixo)

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Off-road de verdade
Assim como na versão anterior, o sistema de tração integral do Duster Dynamique 2.0 4×4 é acionado através de um seletor na parte inferior do painel, com três modos: 2WD (tração dianteira), AUTO (tração integral) e LOCK (tração integral com diferencial bloqueado). Especificamente nesta versão, a 1ª marcha é reduzida em relação ao mesmo câmbio que equipa a versão normal. Outra diferença do 4×4 está na suspensão traseira, que é independente, do tipo multi-link, com amortecedores hidráulicos telescópicos e barra estabilizadora.

A mudança de configuração de suspensão e tração faz com que a versão 4×4 tenha menos espaço no porta-malas: 400 litros contra 475 litros nas demais versões versão com tração dianteira.

Todas essas modificações surtem ótimo resultado na prática. Na apresentação do veículo para a imprensa, a Renault preparou um percurso com diversos obstáculos dignos dos piores cenários off-road: em rampas, inclinação e buracos, o Duster comprova que não é só uma carinha invocada, ao menos em sua versão topo de linha, vencendo a tudo como se fosse um off-road puro sangue. Ajudam também os ângulos de entrada (30°) e saída (34,5°) e altura do solo (210 mm), os maiores se seu segmento.

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Argumentos contra a concorrência
Quem foi ao Salão do Automóvel 2014 viu a quantidade imensa de lançamentos previstos para este ano no segmento de utilitários esportivos no evento. Entre as novidades, estão o Honda HR-V, Jeep Renegade, Peugeot 2008 e os JAC T6 e T5: todos os projetos mais novos e atualizados do que o Duster, pelo menos no design. Somados ao líder de mercado e plenamente conhecido Ford EcoSport, trata-se de uma concorrência de peso. Porém, exceto pelos chineses, são carros mais caros quando a comparação se dá no mesmo nível de equipamentos.

Em todos os sentidos, a Renault priorizou o preço e a mecânica do modelo em detrimento de alguns detalhes que não influenciariam no resultado final. A opção de entrada do modelo da Renault (Expression 1.6) parte do preço de R$ 62.990,00 – mais barato até mesmo que sua própria versão anterior – já equipado com ar-condicionado, direção hidráulica e vidros elétricos. Na outra ponta da tabela, o Duster Dynamique 2.0 4×4 é o único modelo com tração integral de seu segmento abaixo dos R$ 80 mil, saindo da concessionária por R$ 78.990,00.

No pós-venda, o Duster tem 3 anos de garantia e preços de revisão e cesta básica de peças abaixo da concorrência, segundo os valores divulgados pela Renault. Em tempos de crise e queda aguda da venda de veículos novos, a marca francesa opta por uma estratégia racional para manter seu SUV como o segundo mais vendido de seu segmento: preço mais baixo (para a realidade do mercado) e qualidades já conhecidas pelo público, intactas nesta nova edição. Um carro que não precisa provar mais nada a ninguém.

Comentário em “Lançamento: Renault Duster 2016

  1. O Duster 2.0 4×4 é realmente um carro que cumpre o que promete… leva você onde precisa e o traz de volta. Quem anda em estradas de terra esburacadas e cheias de lama sabe o que estou dizendo. Tem alguns defeitinhos que não tiram o brilho de suas qualidades: é eficiente com simplicidade. Tem veículos melhores? Claro que sim, e eu mesmo tenho uma caminhonete 4×4, mas mesmo assim ainda gosto de dirigir o Duster em uma estrada ruim e esburacada.

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