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Qualidade em Série: Boas práticas ambientais na reparação

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Certificação de Selo Verde mostra como oficinas podem passar de empresas poluentes para exemplos de sustentabilidade


Texto: Fernando Lalli
Fotos: arquivo



Diminuir o impacto da atividade humana na natureza não é mais uma opção. Ainda mais no caso da reparação automotiva, que lida com diversos elementos altamente contaminantes para a água, o solo e o ar. “As oficinas, principalmente as mecânicas, fazem parte de um conjunto em empresas que geram material poluente”, destaca Sérgio Ricardo Fabiano, gerente de serviços do IQA (Instituto da Qualidade Automotiva).

Entre esses poluentes está o lixo gerado por peças usadas, os resíduos da lavagem de peças, e os fluidos que são retirados do veículo e descartados, como combustíveis, óleos de câmbio e motor, fluido de freio, fluido refrigerante de ar-condicionado, líquido de radiador, entre outros. Esse material é gerado todos os dias, por todas as oficinas, e precisa ser controlado.https://omecanico.com.br/260-qualidade-em-serie/
Nestes tempos de crise, é difícil convencer empresas a adotar soluções ecológicas que não trazem retorno financeiro imediato. Porém, existem caminhos pelos quais a oficina pode seguir para diminuir o impacto ambiental de seu trabalho e até economizar nas contas do fim do mês, além de educar e fidelizar o cliente final.

Em 2007, o IQA (Instituto da Qualidade Automotiva), desenvolveu uma certificação que avalia as oficinas mecânicas e as demais empresas do setor quanto a preocupação ambiental. “A certificação do Selo Verde tem por objetivo a conscientização, a preservação dos recursos energéticos e hídricos e, como foco, a melhoria dos processos internos da empresa voltados para a preservação do meio ambiente”, declara Sérgio.

O Selo Verde engloba várias modalidades de oficinas mecânicas, retíficas, funilaria e pintura, centros de reciclagem e até varejo de autopeças. A certificação vale por dois anos, com a auditoria de acompanhamento ocorrendo após os primeiros 12 meses. Apesar de conter pontos em comum com outros tipos de certificação de qualidade, o Selo Verde é uma avaliação independente.

“O Selo Verde é focado nas questões ambientais. Existem pontos em comum como, por exemplo, a exigência da caixa separadora água-óleo, que também está na certificação de centro de reparação. Mas são focos diferentes em cada certificação”, explica o gerente de Serviços do IQA, afirmando que cerca de 50 empresas possuem o selo.

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Pontos avaliados

Atualmente, o Selo Verde contempla 65 itens a serem seguidos, acompanhando a evolução das necessidades ambientais. Aqui, vamos focar nos principais pontos que tangem as oficinas mecânicas.

Tudo começa com a legalidade da empresa: são obrigatórios o alvará de funcionamento, alvará do Bombeiro e a licença ambiental dada pelo município. “Não podemos certificar ambientalmente uma empresa que não esteja legalizada”, declara o gerente de Serviços do IQA. As instalações prediais da oficina precisam atender a diversos requisitos. Na área externa, recomenda-se que o luminoso com a identificação da oficina tenha lâmpadas de baixo consumo e a entrada deve ser pavimentada com piso permeável, que permita a absorção da água da chuva pelo solo. Internamente, no entanto, o piso precisa ser impermeável para conter a infiltração de óleo ou fluidos.

Na cobertura, é avaliada a presença de sistema de troca de ar adequado – preferencialmente, exaustores de teto movimentados pela força do vento, sem eletricidade. Outro ponto é a presença de telhas translúcidas e maior área possível de janelas envidraçadas para aproveitar a luz natural. Para diminuir o consumo de eletricidade, é orientado o uso de lâmpadas de baixo consumo e sensores de presença, principalmente, em áreas como o estoque de peças.

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É desejável que a oficina tenha sistemas de coleta de água de chuva e reaproveitamento de água em locais de uso não-potável, como no banheiro. “Algumas empresas estão reutilizando inclusive a água que sai do ar condicionado para reaproveita-la em lavagem. Evidentemente, essa coleta deve ser feita em recipientes fechados para não permitir a proliferação de insetos”, afirma Sérgio. Os próprios banheiros também necessitam estar equipados para economizar água: descargas duo fluxo e torneiras com desligamento automático são pontos a favor para a certificação.

A gestão rigorosa das contas em si (água e luz) por parte da administração da empresa também é avaliada. A instalação elétrica adequada e implementação de “5S” também são considerados, além da presença de pátio adequado para os veículos que não estão sendo trabalhados (e que precisam estar cobertos com capas). A caixa separadora água-óleo, como já mencionado, é obrigatória, e a avaliação da água depois de tratada deve ser semestral.

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Fator humano

Os funcionários devem passar por treinamento ambiental para aprenderem sobre destinação correta, os riscos dos poluentes e evitar desperdício. Também é avaliado se a oficina possui boa sinalização com orientações gerais para boas práticas ambientais por parte de funcionários e clientes, bem como, a realização de coleta seletiva e de reaproveitamento de papel de impressão.

O descarte adequado de materiais, que é obrigatório, não envolve apenas contratar uma empresa especializada: a oficina precisa separar e identificar adequadamente cada tipo de material antes de seu recolhimento. Também é obrigatório ter os registros das empresas que coletam os materiais rejeitados, seja óleo, peças usadas, vidro, papel etc. “As empresas que retiram esses materiais devem ter licença do Estado ou do município para poder recolher e dar o destino correto àquele material”, afirma Sérgio. Inclusive, os panos de limpeza de mãos devem ser recolhidos e lavados por uma empresa licenciada para o serviço.

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Além disso, o armazenamento dos tambores de óleo necessita ser feito em locais fechados e impermeáveis que sejam capazes de reter todo o material em caso de vazamento, seja por meio de alvenaria ou suportes plásticos à venda no mercado. “Essa área deve comportar 10% a mais do que a capacidade do recipiente”, aponta o especialista do IQA. “Se o galão tem capacidade para 200 litros, ele deve estar contido em um local capaz de reter 220 litros a sua volta”.

Equipamentos adequados

Para as oficinas mecânicas, o processo de certificação recomenda a adoção de ferramentas pneumáticas ao invés de elétricas. “No caso das ferramentas pneumáticas, a eletricidade apenas aciona o carregamento do compressor. Dependendo do número de ferramentas elétricas na oficina, o consumo de energia vai ser muito maior no acionamento individual”, explica Sérgio.

O aspirador de gases para colocar no escapamento dos veículos deve estar presente na oficina, bem como, a máquina recicladora de fluidos de ar-condicionado. Lembramos que muitas oficinas ainda possuem o hábito de abrir a válvula do circuito de ar-condicionado e deixar que o “gás” (que, na verdade, é o fluido refrigerante) fique vazando. Este é um erro grave, porque o fluido refrigerante é prejudicial à saúde do ser humano. Quanto às máquinas de lavagem de peças, é recomendável priorizar aquelas disponíveis no mercado que utilizam líquidos biodegradáveis.

O processo de manutenção preventiva e preditiva de ferramentas e equipamentos da oficina precisa ser controlado e também é considerado na certificação do Selo Verde. O armazenamento adequado de produtos químicos inflamáveis (como tinta) é igualmente avaliado.

A preservação do meio ambiente é uma necessidade do mercado, afirma Sérgio. “Todos esses pontos são avaliados. Alguns são obrigatórios, outros desejáveis. Com tudo isso, o foco é a preservação ambiental. Lógico que a certificação abrange também a segurança profissional e a legalidade da empresa, que acabam convergindo para a questão ambiental”.

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Ele destaca que a questão da preservação do meio ambiente, hoje, está muito mais latente com a questão da água. “Quanto mais contaminantes estamos jogando nos efluentes, mais diminuímos a quantidade de água potável para consumo”, declara Sérgio. “A oficina, com a quantidade de produtos contaminantes que ela tem, tanto na água e no ar, é uma grande poluidora e tem que se tornar um ponto de referência e precisa ser vista por uma ótica diferente”, finaliza o gerente de serviços do IQA.

Para saber mais sobre a certificação de Selo Verde e suas especificidades para cada tipo de empresa do setor da reparação automotiva, o IQA orienta o interessado a entrar em contato através do e-mail: [email protected] ou pelo telefone (11) 5091-4545.


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