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22º Seminário da Reposição Automotiva abordou o futuro do pós-venda

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A 22ª edição do Seminário da Reposição Automotiva, que aconteceu em 11 de outubro no teatro da Fiesp em São Paulo/SP, teve como foco o futuro do mercado de reposição automotivo com a revolução tecnológica e energética que se aproxima com os veículos elétricos e híbridos, levando em conta ainda a conectividade e compartilhamento de veículos autônomos. O seminário reuniu centenas de participantes, entre representantes de entidades do setor, fabricantes de autopeças, distribuidores, varejo e reparadores.

Organizado pelo GMA (Grupo de Manutenção Automotiva) formado pelas entidades Sindipeças, Andap, Sicap, Sincopeças-SP e Sindirepa Nacional, o seminário levantou pontos importantes sobre o futuro do mercado, a partir dos novos conceitos que surgem e mudam a relação do consumidor com o carro.

“Não se sabe quanto tempo vai demorar para que os carros autônomos, híbridos e elétricos cheguem ao Brasil, contudo, o setor precisa estar preparado para atendê-los”, salientou Francisco de La Tôrre, presidente do Sincopeças-SP, a quem coube a coordenação dessa edição do evento. Outros temas abordados foram garantia, evolução da frota, geração de demanda, manutenção preventiva, inspeção veicular, cenários econômico e político e a força da reposição, que reage positivamente em momentos de crise.

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Painel destaca as mudanças do mercado

O evento destacou as mudanças que já estão acontecendo no setor automotivo em vários países e seus reflexos para o mercado de reposição, como novos combustíveis (hidrogênio, nitrogênio líquido, ar comprimido, entre outros), carros híbridos, elétricos e autônomos, além da valorização da conectividade. Francisco de La Tôrre afirmou que a maior preocupação com relação a essas mudanças, que já são realidade em outros países, é a falta de uma legislação específica no Brasil que determine e dê o direito ao consumidor reparar o seu veículo onde desejar.

“Com a conectividade cada vez mais presente nos automóveis, a montadora terá todas as informações com relação à frota e consequentemente terá mais interatividade com o dono do carro. Não se pode esquecer que o mercado de reposição está presente em todos os munícipios do País e é responsável pela manutenção de 80% da frota em circulação, estimada em 42,5 milhões de unidades. Na Europa e Estados Unidos, por exemplo, existe legislação que garante ao proprietário fazer a revisão em qualquer lugar que desejar, seja no canal da montadora ou do mercado independente. Ou criamos um marco legal que também nos dê garantia de acesso às informações que o automóvel – já na mão do usuário final – passará a fornecer diretamente para as montadoras, ou corremos sério risco de perder muito espaço dentro do negócio da reposição. É papel do mercado, através de suas entidades representativas, desenvolver um trabalho junto ao poder público, para constituirmos uma legislação que dê ao consumidor final poder de decisão e a livre escolha de onde fazer a manutenção do seu veículo, onde consertar seu carro e comprar suas peças”, afirmou de La Tôrre.

Em uma visão otimista, o presidente do Sindirepa Nacional e Sindirepa-SP, Antonio Fiola, acrescentou que, se a frota de carros elétricos se tornar uma realidade no Brasil, é viável que as oficinas independentes, que possuem capilaridade e estão presentes em todo o território nacional, possam ser postos de abastecimento e serviços para atender esses veículos. “Não podemos esquecer que quando chegou a injeção eletrônica nos veículos, no começo da década de 90, o setor de reparação se deparou com algo novo na época e conseguiu transpor todas as barreiras, adaptando-se rapidamente à nova forma de reparar, e isso é uma constante com a evolução e diversificação da frota”, apontou.

Elias Mufarej, conselheiro do Sindipeças para o mercado de reposição e coordenador do GMA, lembrou que, em 2002, foi convidado para participar de um evento da Oracle, nos Estados Unidos, porque a empresa de tecnologia estava estudando o desenvolvimento de serviços para a indústria automobilística. Uma apresentação chamou sua atenção justamente porque destacava a relevância dos aplicativos na vida das pessoas. “Aquilo parecia distante, mas hoje é totalmente factível e faz parte da nossa rotina. Quem é que não tem aplicativo no celular, seja para serviço bancário, gastronomia, viagem e outras infinidades de coisas?”, indagou Mufarej.

Para José Arnaldo Laguna, presidente do Conarem e vice-presidente do Sindirepa-SP, o segmento de retíficas de motores será bem afetado com a chegada de veículos híbridos e elétricos. Ele relatou que quando ouviu a palestra de Lúcia Moretti, à época presidente global da Delphi, durante uma edição anterior do seminário, onde ela destacava a interatividade cada vez mais presente no carro e novos combustíveis, resolveu conhecer melhor esse assunto e nos dois últimos anos visitou várias fábricas de autopeças e montadoras na Europa, Estados Unidos e Japão, e pode conferir como essas novas tecnologias estão avançando. Em sua opinião, o segmento de veículos leve mudará rapidamente nos próximos anos, quando os carros elétricos e híbridos entrarem no mercado, e as retíficas terão menos serviços. Para os veículos pesados, a tendência mundial é seguir com o diesel, ainda que cada vez mais evoluído para diminuir as emissões de poluentes.

“O setor precisa estar fortalecido e, para isso, é importante preservar o associativismo e ter as lideranças unidas para estudar soluções que envolvem as necessidades de cada elo da cadeia produtiva do setor de reposição para garantir que o aftermarket permaneça com os 80% de participação na manutenção da frota circulante dos veículos”. Fiola aproveitou para complementar que associativismo pode ser, neste caso, sinônimo de conectividade.

Em razão da importância do tema sobre os impactos para o mercado com as novas tecnologias, Antonio Carlos Paula, diretor da Andap, propôs que na próxima edição do seminário seja apresentado um planejamento estratégico do segmento. A ideia foi referendada por Mufarej: “O setor está consolidado e vamos fazer o planejamento e também apresentar cases de empresas que já estão em processo mais evoluído com relação às novas tecnologias”, disse. Ele também considerou muito importante a união entre as entidades e o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo GMA, com atuação, principalmente junto aos órgãos governamentais.

O painel teve como mediador Antonio Fiola e contou com a participação de Elias Mufarej, Antônio Carlos de Paula, Francisco de La Tôrre e José Arnaldo Laguna, garantindo a representação de todos os elos da cadeia: indústria, distribuição, varejo e reparação, respectivamente.

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Perfil do novo consumidor e os reflexos para o setor automotivo

Com relação às novas gerações, elas terão outro tipo de experiência com o uso dos automóveis. O interesse em adquirir um carro perderá força, uma vez que o conceito de compartilhamento começa a ser disseminado pelos jovens em várias partes do mundo.

Na palestra sobre “Inovação na Mobilidade”, Ricardo Awad Saad, sócio da Deloitte, informou que o consumidor está mais fortalecido por causa das redes sociais e as montadoras deverão estudar meios para atrair o consumidor a comprar, seja por um modelo que polui menos, personalização dos veículos ou conectividade, já que o conceito do carro próprio deverá perder relevância em um ambiente cada vez mais conectado e com pessoas preocupadas com questões que podem minimizar o impacto ao meio ambiente. Saad contou que o setor automotivo precisa repensar a forma de atuar a partir das mudanças de comportamento do consumidor.

“As causas que levam à transformação do mercado são encarecimento do transporte tradicional, desperdício de tempo com congestionamentos, cidades poluídas e barulhentas, longos percursos, uso de transportes alternativos como bicicleta e baixa fluidez e ineficiência do transporte público. “Tudo isso, na visão dos jovens, leva ao desapego pelo carro próprio”, complementou.

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