Confira 15 dicas para o cuidado necessário no manuseio e instalação do atuador de embreagem e demais componentes em quatro diferentes sistemas
O atuador de embreagem tem papel importante no funcionamento do sistema de transmissão, pois são responsáveis em realizar o acionamento da embreagem para que seja feito o engate de marchas. O sistema de acionamento possui componentes como, tubulações, cilindro mestre da embreagem e cilindro escravo da embreagem. Esses itens necessitam de cuidado tanto no manuseio, quanto no momento da instalação no veículo para garantir a eficiência de trabalho do sistema.
Um dos sinais de que o atuador de embreagem pode ter sido instalado ou manuseado de forma errada é a dificuldade no momento de engate das marchas. Outro sintoma é a necessidade de maior aplicação de força no pedal de embreagem por parte do condutor. Para evitar esses e maiores problemas, a SKF trás dicas para que o componente não sofra nenhum tipo de avaria e mantenha o funcionamento correto do sistema de acionamento da embreagem.
1) NÃO REMOVA AS PROTEÇÕES PLÁSTICAS
A maioria dos componentes possuem proteções plásticas para garantir que as conexões dos itens não sejam danificadas ou sofram qualquer tipo de contaminação causada por agentes externos, por exemplo, fluidos com base mineral que são utilizados na limpeza do sistema hidráulico (desengraxantes e combustíveis). Os sintomas perceptíveis de que há problemas com o atuador é o travamento do componente e a perda de acionamento do pedal de embreagem.
O consultor Técnico da SKF, Marcelo Nunes, informa que um dos maiores índices de acionamento de garantia ou problemas que chegam na assistência técnica da marca, está ligado a contaminação sofrida pelo componente. “O que acontece com praticamente toda a linha, são problemas por causa de contaminação. Por isso existe as vedações de proteção que devem ser retiradas apenas no momento da instalação”.
2) ANÁLISE DA TUBULAÇÃO
Para as tubulações que compõem o sistema, é importante a verificação por toda extensão do tubo, para certificar que não há nenhum tipo de trinca ou amassado. A existência de trincas no componente pode ocasionar à fuga do fluido, desta maneira comprometendo à ação hidráulica para acionamento do cilindro mestre ou cilindro escravo. As trincas podem causar a perda progressiva, ou até a perda total do acionamento do pedal de embreagem.
No caso de amassados com a tubulação, será ocasionado uma obstrução indevida com o sistema, podendo ocasionar problemas com a passagem do fluido interno. Desta maneira, o pedal de embreagem ficará pesado (duro), pois a passagem do fluido estará obstruída. Em ambos os casos há necessidade de substituir a tubulação por uma nova.
3) EVITE O ACIONAMETNO DA HASTE DO CILINDRO-MESTRE
Um dos principais cuidados de manuseio que se deve ter com cilindro-mestre é referente à haste de funcionamento do componente. Alguns casos, os balconistas, clientes e até os mecânicos acabam testando o curso da haste do cilindro-mestre sem o fluido, mas essa prática danifica internamente o componente. Ocasionando vazamentos internos no cilindro mestre, pois esses movimentos podem danificar vedações internas.
O engenheiro de Aplicação da SKF, Helber Antonio, comentou sobre. “Não faça o acionamento da haste com ele vazio na bancada ou no balcão, para não danificar as vedações internas que tem no cilindro-mestre”, informa.
Atuador de embreagem GM F17: Componentes do sistema
4) TROQUE A TUBULAÇÃO EM CONJUNTO DOS DEMAIS COMPONENTES
O câmbio F-17 da GM está presente no Chevrolet Onix e o seu sistema de acionamento é composto por cilindro-mestre, atuador de embreagem e tubulação para conexão dos sistemas. A tubulação deste sistema possui uma conexão metálica arredondada em um ponto de sua extensão. Helber informa que no momento da troca dos demais componentes do sistema de acionamento, é importante trocar a tubulação em conjunto. “Muitas vezes a conexão da tubulação acumula contaminantes e acabam afetando o fluido novo. Desta maneira, pode danificar os demais componentes do sistema”, comenta.
Por causa do longo período de utilização da tubulação (sem sua substituição), em muitos casos ocorre a contaminação interna do tubo, da conexão metálica com resíduo do fluido (borra). O sintoma típico dessa ocorrência é a contaminação do fluido novo que resultará em avarias no cilindro mestre e o condutor do veículo perceberá perda de ação do pedal de embreagem.
5) CUIDADO NO MANUSEIO DO ATUADOR DE EMBREAGEM
O atuador de embreagem possui alguns cuidados que são necessários para manter a sua integridade. O engenheiro de Aplicação da SKF comenta sobre um dos maiores casos de ocorrência com o componente. “No momento do manuseio do atuador, não se pode retirar a trava vermelha antes da instalação e torqueamento dos parafusos de fixação no câmbio (10 Nm ou 1,0 kgfm). É muito importante retirar essa trava apenas depois de aplicar o torque”. (5a)
Helber explica o que acontece com o atuador ao retirar a trava de proteção antes do momento correto. “Caso ocorra o manuseio sem a trava, seja no balcão ou na bancada, muitas vezes o a base do atuador fica desalinhada por causa do deslocamento da vedação interna do atuador”.
Se o atuador de embreagem sofrer esse dano, ele não pode ser instalado ou reutilizado de alguma maneira. Há necessidade do descarte e instalação de um novo componente. “Esse componente que não tem a trava vermelha, foi manuseado de forma incorreta e sua base está desalinhada, um lado está mais alto que o outro. Isso provoca vazamento de fluido, dessa forma a peça está inutilizável”, comenta o engenheiro de Aplicação. (5b)
A SKF realizou uma atualização na construção desse atuador de embreagem que é utilizado no câmbio F17 da GM. O produto pode ser encontrado no mercado através do código VKCH 3102. “Esse produto está disponível no mercado com a sua base fixa, evitando a ocorrência do desalinhamento da base do componente”, explica Helber. (5c)
Sistema de acionamento da Chevrolet S10 e Blazer 2.4
6) NÃO ABRA O RESERVATÓRIO DE FLUIDO
O sistema de acionamento da embreagem dos câmbios da GM nos veículos Chevrolet S10 e Blazer 2.4 são compostos pela tubulação, cilindro-mestre e cilindro escravo. A tubulação desse sistema é simples, não possuindo o sangrador de fluido e nem o reservatório de fluido, desta maneira, antes da instalação verifique se o componente não possui algum ponto de vazamento e se as conexões para o cilindro-mestre e o cilindro escravo estão integras.
Para o cilindro-mestre utilizado nesse sistema, o componente possui o reservatório de fluido acoplado. Helber informa o cuidado necessário com esse cilindro-mestre. “Só abra a tampa do reservatório de fluido no momento de inserir o fluido no componente”. Essa recomendação serve para que o mecânico evite que qualquer tipo de contaminação interna possa ocorrer com o cilindro-mestre.
O engenheiro de Aplicação comentou sobre os cuidados com a haste de acionamento do cilindro-mestre. “Não acione o êmbolo do cilindro-mestre, na bancada ou no balcão, isso pode vir a danificar as vedações e as gaxetas internas do cilindro”, reforçando a prudência necessária com o componente.
7) NÃO RETIRE A CINTA PLÁSTICA DO CILINDRO ESCRAVO
O cilindro escravo desse sistema possui um bocal sangrador de fluido e uma cinta plástica que protege a haste de acionamento, mantendo o componente no local. Evitando que no momento de manuseio haja o deslocamento dessa haste. Porém, essa cinta plástica possui outra função importante no componente. “Se o sistema estiver completo de fluido, sem nenhum problema, no momento do primeiro acionamento a trava plástica irá se romper, acionando o garfo de embreagem”, informa Helber.
No caso de realizar a instalação do cilindro escravo e não existir ar no sistema, ao acionar o pedal de embreagem ele irá quebrar a cinta plástica. Porém, será que há possibilidade de remontar o componente no sistema após o rompimento dessa trava?
O engenheiro de Aplicação afirma que é possível a remontagem. “Uma vez a cinta rompida não tem como reutiliza-la, porém a montagem do cilindro escravo pode ser realizada com os devidos cuidados, tais como, efetuar a sangria do fluido no cilindro escravo”.
“Quando ela rompe pela primeira vez, o sistema de embreagem está completo de fluido. Se precisar realizar uma sangria, você pode realizar através do parafuso sangrador sem nenhum problema”, informa o engenheiro que acrescenta. “A cinta plástica é um facilitador para o momento da montagem”, conclui.
Acionamento do câmbio I-Shift
8) TESTE DE ALIMENTAÇÃO DO ATUADOR DE EMBREAGEM
A SKF comercializa o atuador VKCH 4899 que é utilizado no sistema de câmbio automatizado I-Shift, presente na linha de caminhões Volvo. O atuador pneumático dessa linha é gerenciado por um módulo de alimentação. Para certificar o funcionamento do componente, será realizado o teste.
Para certificar o perfeito funcionamento do componente é necessário a utilização de uma fonte de 5V e um multímetro, realizando os seguintes procedimentos:
- a) posicione o atuador VKCH 4899 na bancada de modo esteja apoiado corretamente na bancada ou mesa de testes, pois sua movimentação durante a realização do teste pode alterar os valores.
- b) Alimentação 5V nos pinos 1 e 2. (8b)
- c) Com o multímetro na escala de volts, conecte a ponta de prova positivo no pino 4 e a ponta de prova negativa no 3.
- d) Com atuador totalmente em repouso (sem acionamento) o valor medido no multímetro deverá estar entre 3,24V a 3,4V. (8d)
- e) Com o atuador totalmente pressionado (acionado) o valor medido no multímetro deverá estar entre -3,24V a -3,4V. (8e)
Obs: Vale lembrar que para o teste com o atuador de fábrica, não é feita a verificação em escala de voltagem. O teste é feito através de resistência.
9) OS COMPONENTES DO SISTEMA DE EMBREAGEM DEVEM ESTAR EM PERFEITAS CONDIÇÕES
Manter o bom funcionamento do atuador, é um dos pontos importantes para que o sistema de embreagem esteja em condições. Porém, para que o atuador possa funcionar corretamente, é necessário que outros componentes possuam perfeitas condições, como o volante do motor. Este componente precisa estar dentro das dimensões estabelecidas pela fabricante e não possuir nenhum tipo de trinca ou empenamento.
No caso de algum componente do sistema não estar dentro das condições de uso adequado, a parametrização ou rotina de aprendizado com a utilização do scanner não será concluída e a transmissão não funcionará corretamente, pois irregularidades existentes nos demais componentes (volante do motor, platô e disco de embreagem, válvula PWM, filtro de ar) impossibilita o sincronismo.
Como o atuador é pneumático, é importante verificar as condições das linhas de ar, se não há nenhuma obstrução com as vias, se o filtro está em condições de uso, caso não esteja, faça a substituição.
Ford Ranger e sangria do sistema
10) EVITE A PRESENÇA DE AR NO SISTEMA
O sistema de acionamento de embreagem da Ford Ranger é composto pelo cilindro-mestre que possui um flexível com o reservatório de fluido, a tubulação que conecta o cilindro-mestre ao atuador de embreagem e pôr fim a haste de acionamento do cilindro-mestre.
O consultor Técnico da SKF informa que para o sistema da Ford Ranger, o maior índice de acionamento de garantia é devido a presença de ar no sistema. Marcelo explica o motivo desse caso ser frequente com esse sistema. “A presença de ar no sistema é por causa da posição de montagem do cilindro-mestre. Esse cilindro-mestre é posicionado e fica solidário ao painel corta-fogo do veículo. Isso faz com que a sua posição seja inclinada, com isso, em alguns casos, resultada na presença de ar na região do cilindro-mestre onde é instalado a haste de acionamento”.
Marcelo acrescentou citando sobre o procedimento de sangria do componente. “O procedimento convencional (no veículo) de sangria nem sempre consegue eliminar o ar existente na região. A SKF recomenda que o sistema de sangria parcial seja realizado fora do veículo, com foco no posicionamento do cilindro-mestre”.
11) MONTE O SISTEMA EM BANCADA E POSICIONE O CILINDRO-MESTRE CORRETAMENTE
Para iniciar o processo de sangria corretamente, faça a montagem parcial do sistema em bancada. Neste momento retire apenas a vedação da extremidade da tubulação que será conectada no cilindro-mestre. Pois, o atuador de embreagem não será instalado para realização da sangria em bancada.
Com o sistema pré-montado, utilize o auxílio de uma morsa para apoiar e manter o cilindro-mestre levemente inclinado para baixo. Esse posicionamento inclinado do cilindro-mestre serve para que as bolhas de ar não se acumulem no componente e saiam pela parte de cima do reservatório durante o processo.
12) ABASTECIMENTO DO FLUIDO
Caso não consiga apoiar o reservatório de fluido, segure-o para que possa ser preenchido com o fluido de freio. Ao iniciar o abastecimento com o fluido recomendado para o veículo DOT 4, é possível perceber que o fluido percorre o flexível e a tubulação por efeito de gravidade. O nível do sistema pode ser observado pela referência de divisão de câmaras no reservatório.
13) ACIONAMENTO DO ÊMBOLO DE CILINDRO-MESTRE
Para eliminar as bolhas de ar no sistema, utilize um pino ou alguma ferramenta que não danifique o êmbolo do cilindro-mestre e faça o seu acionamento. Conforme o êmbolo é acionado as bolhas de ar sobem para o reservatório e são expulsas do sistema. O mecânico pode verificar no topo do fluido algumas bolhas de ar sendo formadas. Caso o nível abaixe no sistema e não haja nenhum ponto de fuga do fluido pela tubulação ou vedações mal conectadas, é necessário preencher com fluido para reestabelecer o nível.
Ao perceber que o sistema não possui mais bolhas e o êmbolo não é deslocado por mais de 2 mm, significa que o sistema já está preenchido totalmente pelo fluido. Feche a tampa do reservatório e prepare o sistema para instalação no veículo.
14) HASTE DE ACIONAMENTO DO CILINDRO-MESTRE
Ao posicionar o sistema de acionamento e efetuar a instalação no veículo, não se esqueça de instalar a haste do cilindro-mestre. “A instalação da haste no cilindro-mestre é realizada somente após a fixação do cilindro no painel corta fogo”, informa Helber.
15) CONEXÃO DA TUBULAÇÃO COM O ATUADOR DE EMBREAGEM
A tubulação principal que conecta o cilindro-mestre ao atuador de embreagem, possui uma conexão de engate rápido. Esse engate possui uma bucha de vedação que necessita de atenção do mecânico no momento de realizar uma manutenção com o componente. Para desconectar o engate, não faça utilização de chave de fenda ou alguma ferramenta que possa danificar essa bucha.
Existe uma ferramenta especial para desacoplamento dessa conexão que faz o apoio correto para retirada sem danos. A SKF não realiza a comercialização dessa ferramenta especial, porém, faz a distribuição em suas ações promocionais.
texto & fotos Vitor Lima
https://youtube.com/live/GH3v7OF7Ooo