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Artigo – Transmissões: a difícil tarefa de recomendar

 

icone_texto_p Fernando Landulfo

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Antigamente, lá pelos anos 70 e 80, era muito fácil recomendar uma transmissão para um cliente. Mas é claro que era! Só havia duas: manual ou automática.

 

Se o cliente era jovem, ou era do tipo que gostava de dirigir, ou não tinha muito dinheiro para gastar, a opção era certa: transmissão manual. Confiável, robusta e fácil de consertar. Por não necessitar tirar energia do motor para funcionar e não ter escorregamento interno, proporcionava desempenhos superiores e menores consumos de combustível. É claro que os quesitos desempenho e consumo estavam diretamente ligados à “competência” do condutor. E até hoje, ainda é a melhor solução quando o que se busca é baixo custo.

 

Agora se o cliente era mais idoso, ou abastado, ou preguiçoso, ou barbeiro incorrigível, ou tinha algum problema físico que o impedia de acionar o sistema manual, a recomendação era a transmissão automática. Sofisticada, complexa, difícil e cara para consertar, equipava os modelos mais sofisticados e importados. Um luxo para poucos, que proporcionava um conforto quase que indescritível, sobretudo nos engarrafamentos. Muitos mitos cercavam esse componente, cujo funcionamento era desconhecido da maioria dos mecânicos. Apenas alguns poucos eram habilitados e se atreviam a os efetuar reparos necessários. Além do mais, por necessitar drenar a energia do motor para funcionar e possuir escorregamento interno no conversor de torque, proporcionava menores desempenhos e maiores consumos.

 

Mas os tempos mudaram. Sim, nos anos 90, com a abertura das importações, a tecnologia invadiu o mercado nacional. Veículos equipados com transmissão automática passaram a fazer parte do cotidiano. Aquele estigma de “carro de aleijado” desapareceu, tornando-se sinônimo de conforto e bem estar. Por sinal este estigma era mais fruto de uma bela “dor de cotovelo” por parte daqueles que não podiam possuí-la. Mas as transmissões automáticas sofreram evoluções. As marchas passaram a ser selecionadas por centrais eletrônicas, proporcionando maior conforto, desempenho e segurança. A disseminação do conhecimento ajudou a reduzir os custos de manutenção. Atualmente, contam com várias marchas, modo de condução esportiva ou mesmo seleção manual das marchas. Para quem busca versatilidade, uma excelente escolha.

 

Mas a abertura do mercado trouxe também outras novidades, como a transmissão CVT, que oferece relações contínuas com variações imperceptíveis. Durante um tempo foi considerada o Santo Graal das transmissões. E não é para menos. A princípio, as infinitas marchas proporcionam maior desempenho e menor consumo de combustível. Pode ser encontrada tanto em modelos médios ou de alto luxo. É considerada robusta, no entanto, seu lubrificante tem uma vida útil que, devido ao no nosso clima, é sensivelmente diminuída se comparada a locais com clima mais frio, pois há a redução da viscosidade do óleo pelo calor. Além do mais, o seu preço mais “salgado” e a fama de ser quase que impossível de ser reparada tem deixado os compradores de nível médio um pouco ressabiados.

 

Transmissões automatizadas e de dupla embreagem: melhor dos dois mundos?

 

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A Fórmula 1 desenvolveu e as montadoras adotaram. Adorada por uns e odiada por outros, a transmissão robotizada (também chamada de “semiautomática” ou “automatizada”) é uma caixa de marchas do tipo manual, cuja troca de marchas e acionamento da embreagem são feitos por atuadores hidráulicos controlados eletronicamente. Como principal vantagem tem-se a falta de escorregamento no acoplamento entre o motor e a transmissão, o que aumenta o desempenho e reduz o consumo de combustível. Dependendo da montadora, o sistema recebe um nome diferente (Easytronic, Dualogic, I-Motion) e apresentam comportamentos também diferentes. O conforto oferecido é indiscutível, mas muitos usuários, por vezes, tem reclamado de falhas nas trocas de marchas, bloqueio das marchas e ruídos estranhos.

 

Como até pouco tempo atrás o sistema era uma caixa preta do tipo “quebrou, trocou”, muitos mecânicos ficaram com verdadeiro horror do sistema. No entanto, parece que as montadoras e fabricantes dos sistemas ouviram os apelos e têm liberado kits de reparos para estes mecanismos, o que tem facilitado muito a vida dos mecânicos e poupado os usuários de pesadas despesas. A Revista O Mecânico, inclusive, publicou uma série de matérias técnicas a este respeito, como a desmontagem do sistema Free Choice.

 

Por sua vez, a Ford lançou para os veículos de sua linha brasileira um câmbio sequencial com dupla embreagem, denominado Powershift. De acordo com o fabricante, essa transmissão leva vantagem sobre os demais sistemas automáticos, pois, apesar de ter sido projetada como automática, não incorre nas perdas por escorregamento advindas do conversor de torque.

 

O câmbio Powershift conta com duas embreagens: uma engata as marchas ímpares (primeira, terceira e quinta) e a outra as pares (segunda, quarta e sexta). Por essa razão, é chamada de sequencial. O que ocorre, na verdade, é uma alternância das embreagens: sempre que se faz uma troca, a marcha seguinte já está engatada. Sistemas semelhantes podem ser vistos no mercado brasileiro em modelos nacionais e/ou importados à venda por Volkswagen, Audi, Porsche, BMW e Mercedes-Benz.

 

A princípio, a tecnologia é uma verdadeira evolução, mas será que concessionárias e oficinas independentes aqui no Brasil estão preparadas para lidar com falhas e sintomas de um sistema completamente novo em um mercado com tão pouca informação técnica disponível fora dos grandes centros?

 

Ou seja, hoje, antes de fazer uma recomendação, o “Guerreiro das Oficinas” precisa pensar e pesquisar muito. E a razão é simples: a quantidade de opções aumentou muito, é verdade, mas os problemas também. Cada sistema tem as suas vantagens e desvantagens. É preciso ponderar muito antes de abrir a boca. Afinal de contas, recomendar um “abacaxi” para um cliente pode significar perda de confiança. Uma confiança conquistada a muito custo.

3 comentários em “Artigo – Transmissões: a difícil tarefa de recomendar

  1. Boa tarde.

    Sei que o artigo é antigo, mas pretendo pegar um Sentra CVT ou um Peugeot 307 AT4, são carros já usados. Teriam alguma recomendação para verificação ou algum artigo especificamente sobre isso? Pois não achei no site.

    Grato.

  2. Tenho uma idea 2010 duo logico na embreagem. Já existe o kit completo nas lojas para vender?

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