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Reparação depois da enchente

Proprietários danificam veículos por falta de informação sobre o que fazer em caso de alagamento; mecânicos dão dicas de manutenção e falam de prejuízos para o dono
Victor Marcondes

O início do verão não traz somente sol e calor; anuncia também a entrada no período das fortes chuvas. O alerta sobre os riscos de enchentes nas grandes capitais, como São Paulo, é redobrado e os motoristas se afligem ao menor indício de que o tempo vai fechar.

Relâmpagos e trovões no céu e um monte de carros no chão com passageiros temendo o pior. Sorte de quem nessas horas não circula por pontos de alagamento, porque a água não tem piedade. Pouco a pouco, ou melhor, gota a gota vias vão se enchendo e os automóveis deixam de ser meio de transporte e se transformam em instrumentos de medição do nível do alagamento.

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Carros tentam atravessar enchente na cidade de São Paulo
No começo de janeiro, a gerente de agência de intercâmbio, Fernanda Giuranno, proprietária de um Honda Civic, passou por essa desastrosa situação. Moradora recente do bairro da Barra Funda, não fazia a menor idéia de que a região alagava. Num dia de chuva em que retornava para a nova residência, estava com o filho de nove meses no banco de trás e se deparou com a inesperada.

“Inicialmente, a água não passava do meio do pneu e eu insisti em dirigir até a minha casa. No percurso avistei um grupo de pessoas dentro de um bar fazendo sinal para eu não continuar. No desespero, coloquei a marcha ré e foi nesse momento que o carro morreu”, conta.
Dentro do automóvel, a água alcançou o estofado do banco. Troca da espuma, do carpete e até dos filtros já eram esperados. O problema é que a motorista alavancou o valor do seu prejuízo ao tentar fugir da enchente. Ao engatar a ré e acelerar fez com que a água entrasse no motor pelo escapamento, ocasionado o fatalíssimo calço hidráulico.

“Quando a água entra no conjunto impede o pistão de fazer a compressão da mistura ar/combustível. Assim o pistão encontra essa grande resistência e ocorre o empeno das bielas, o que resulta na trinca do bloco e/ou travamento do motor”, explica Marcos Cabral, reparador técnico da Evolution Automotive Center. Segundo ele, existem situações em que a água nem chega a molhar o carro direito, mas acaba sendo aspirada pelo escapamento e, inevitavelmente, vai parar no propulsor.

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Rombo no bloco do motor ocasionado por um calço hidráulico

Silvio Rivarolla, dono da Evolution, afirma que pode haver três tipos de reparação após enchente. “A primeira é quando o veículo não sofre muitas perdas. Neste quadro, pode haver a troca dos filtros e a higienização, que não passa de R$ 400. O proprietário nem chega a acionar o seguro. Se água atingir o banco e envolver intens mecânicos, aí a média de gastos salta para R$ 1.500. Mas grave mesmo é quando o problema é de calço hidráulico. Um serviço deste escalão pode ultrapassar os R$ 12 mil”.

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Carpete do Toyota Corolla de Fernanda

O orçamento do Honda Civic de Fernanda não chegou nesta faixa, mas não deixa de ser bastante salgado por conta disto. O preço total, incluindo peças mecânicas e de funilaria, além da mão de obra, ficou R$ 9.451, 21. Para menor azar, ela possui seguro e vai pagar a franquia de R$ 2 mil.

Porém, os maiores danos agora são a burocrácia e a perda de tempo. “Perdi o desconto de renovação do seguro porque o carro entrou no sinistro. Mas a culpa não é minha, este é um problema do governo e de toda a população. Vou em busca dos meus direitos”, diz indgnada. Para piorar, ela já está há cerca de um mês sem o carro e sem previsão de quando vai receber ele de volta. “A seguradora diz que está faltando peças de reposição e que provavelmente demore mais 30 dias para ficar pronto.”

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Corolla após calço hidráulico aguarda na oficina peças e novo bloco do motor

Recuperação completa?

Para Silvio, 95% dos carros que passam por enchentes não podem ser reparados. Os outros 5% que podem ser salvos ele atribui aos populares, que em geral têm pouca eletrônica embarcada, o que facilita a manutenção e diminui o prejuízo. “Quando a água invade os sistemas elétricos e eletrônicos do veículo dificilmente haverá recuperação por conta da umidade que invadiu o conjunto e lentamente ocasionará a oxidação, formando o zinabre, dificultando ou anulando a passagem das informações pelo circuito”, analisa.

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Quando a água atinge circuitos eletrônicos dificilmente há reparação, diz Silvio

Quando um carro chega à sua oficina após uma enchente, o primeiro passo realizado por ele é a avaliação dos locais afetados pelo alagamento. “Se tiver subido até o nível das rodas a água, provavelmente, molhou os carpetes, e o veículo ainda pode ser reparado. No painel, certamente encobriu o motor. E é neste ponto que o mecânico deve observar as diretrizes que irá tomar: reparar ou declarar perda total do veículo?”

O profissional alerta que neste momento o reparador deve ter muita atenção. “O mecânico não pode aprovar um carro que ele não tenha certeza que possa realmente passar por uma manutenção”.

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Antes de reparar, o mecânico deve ter certeza de que o carro não térá problemas no futuro

De acordo com ele, quando a água começa a subir, os primeiros componentes que são afetados são os rolamentos de rodas, sistema de embreagem, alternador e motor de arranque, filtros internos, carpete, espuma dos bancos, centralina e módulo eletrônico. “Quando o automóvel chega aqui checamos os principais itens sujeitos ao descarte. Em seguida trocamos todos os filtros e óleo do motor. Depois disso é feita a avaliação dos rolamentos de rodas e demais componentes do motor. Caso este não tenha sido afetado, o prejuízo é mínimo.”

Em caso de enchente, Silvio recomenda aos seus clientes que deixe o automóvel estacionado e se dirija a um local seguro até que a água retorne ao normal. “Depois, não tente funcionar o veículo. Solicite a remoção para a oficina de confiança.” Fernada atesta o conselho: “Como a água sobe rápido ela também abaixa num instante. A enchente durou cerca de 30 minutos. Vale a pena esperar ao invés de encarar a água.”

Conselho de amigo

O Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária) disponibiliza em seu site (www.cesvibrasil.com.br) um comparativo com informações sobre vários modelos de automóveis, que relacionam a facilidade e o custo do reparo, também, em casos de enchente. Abaixo, a organização lista dez dicas para preservar o veículo ao dirigir por áreas alagadas.

1) Caso o motor morra durante a travessia, jamais tente dar a partida, mantenha-o desligado e remova o veículo até uma oficina. Diante da possibilidade de admissão de água, essa prática reduz o risco de danos causados ao motor por um calço hidráulico.

2) Observe a altura do nível de água do trecho alagado, a maioria das montadoras estabelece uma altura máxima para essas travessias, não podendo exceder o centro da roda.

3) É prudente que o veículo, durante o alagamento, seja dirigido em baixa velocidade, mantendo uma rotação maior e constante ao motor, em torno de 2.500 RPM, o que diminui a variação do nível da água e seu respingar junto ao motor, dificultando sua admissão indevida e a contaminação de componentes eletroeletrônicos, melhorando a aderência e a dirigibilidade do veículo.

4) No caso de veículos equipados com transmissão automática, a troca de marchas deve ser feita manualmente, selecionando a posição “1”. Dessa forma, o veículo não desenvolve tanta velocidade, sendo possível imprimir uma rotação maior ao motor. Outra possibilidade é manualmente alternar a troca de marchas entre “N” e “1”, de modo a manter a velocidade do veículo baixa durante o trecho alagado, sem descuidar da rotação do motor, sempre em torno de 2.500 RPM.

5) Alguns veículos automáticos oferecem como opcional o ajuste da tração, conhecido como “WINTER” ou “SNOW”. Embora sua função seja a de conferir maior segurança durante trechos de baixa aderência, como neve ou lama, evitando que o veículo patine graças ao bloqueio do diferencial, também deve ser utilizado durante alagamentos, pois beneficia o controle da velocidade do veículo e da rotação do motor.

6) Mantenha a calma nos casos em que, durante a travessia, sejam constatados sintomas como o aumento de esforço ao esterçar (direção hidráulica), variação na luminosidade das luzes do painel de instrumentos, alertas sonoros, flutuação dos ponteiros, luzes de anomalia da injeção eletrônica, bateria e ABS (se disponível) acesas, aumento do esforço ao acionar os freios e interrupção do funcionamento da tração 4 X 4 (veículos diesel), pois provavelmente todo esse quadro é causado pela perda de aderência entre a correia auxiliar e as respectivas polias da bomba da direção hidráulica, alternador e bomba de vácuo (veículo diesel), sendo, na maioria das vezes, um fato passageiro que não impede a dirigibilidade. Apenas reforce a cautela e mantenha o menor número possível de equipamentos ligados.

7) É recomendado desligar o ar condicionado, reduzindo assim o risco de calço hidráulico. Essa prática impede que alguns componentes joguem água na tomada de ar do motor. Veículos rebaixados e turbinados, na maioria das vezes, apresentam maiores riscos de sofrer calço hidráulico; por isso, é aconselhável manter a originalidade da montadora. Se o veículo estiver nessas condições, redobre a atenção aos procedimentos sugeridos.

8) Para os casos mais sérios de alagamentos, é recomendado preventivamente fazer um check-up, corrigindo, por exemplo, possíveis alterações do sistema de injeção eletrônica, muitas vezes simples e imperceptíveis nessa fase, como maus contatos, mas que posteriormente podem gerar grandes transtornos.

9) Pode haver, entre outros, a contaminação do cânister, do óleo da transmissão, do(s) eixo(s) diferencial(is), no caso de veículos com tração traseira ou mesmo quatro por quatro, o que determina a redução da vida útil dos componentes integrantes desses conjuntos, além de riscos acentuados de falhas na embreagem, suspensão e freios. Para combater os efeitos dessa possibilidade, é recomendável encaminhar-se rapidamente até uma oficina e solicitar a avaliação desses itens.

10) Havendo travessias consecutivas de alagamentos, recomenda-se uma limpeza do sistema de ventilação, pois estará sujeito à contaminação por fungos, microorganismos e bactérias, demandando limpeza de todo o sistema para a utilização segura.

Fonte: CESVI Brasil

9 comentários em “Reparação depois da enchente

  1. Boa tarde meu carro estava estacionado na rua se encheu até o banco do motorista ,sendo que dps que desvaziou não liguei ele,sendo que a parte do travamento nas está pegando, e outra dps que o carro pega enchente fica ruim com o decorrer do tempo??

  2. comprei um ecoesport 2013 esta cheirando como fosse enchente ,tambem esta com banco de traz embolorado e a parte da direçao embaixo esta inferrujada sera que este carro e de enchente.

  3. Posso comprar um Uno Vivace que pegou enchente até as metades da roda?
    A pessoa que quer me vender é um mecânico conhecido e está arrumando o carro.

  4. Passei em uma rua que estava alagada altura da água mais o menos meia roda, passei tranquilo porém logo á pós sai da agua o carro deu uma falhada mas seguim sem problema, só que depois de um tempinho começou a acender á luz da injeção eletrônica, mas tá funcionando tudo direitinho

  5. O meu marido passou por uma enchente que a água cobriu os pneus e nos dias seguintes o carro de vez em quando fica uma luz vermelha e um barulho apitando como se fosse o motor aquecendo o carro e novo e ume novo Ford k 2014 aí o ar condicionado não tá gelando forte só ventilado será que na revisão resolve ou o motor já era

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