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Peças da Sustentabilidade

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A indústria da reposição encontrou nos remanufaturados uma boa opção de redução de custo e de preservação do meio ambiente. Com preços até 40% menores, a tendência é que ganhem cada vez mais espaço.

Victor Marcondes

Arquivo

 

Com o aumento da preocupação em relação às questões ecológicas, as autopeças remanufaturadas se tornaram uma ótima alternativa de produção sustentável para as fabricantes. Além de fazer bem ao meio ambiente, são economicamente mais vantajosas porque funcionam com base na troca do item velho pelo remanufaturado, garantindo bons descontos inclusive para o consumidor. No final, toda a cadeia automotiva sai ganhando.

 

No entanto, o mercado ainda está repleto de componentes de má procedência e o reparador deve estar alerta para não se equivocar ao realizar a compra, trocando o certo pelo duvidoso e caindo na armadilha dos produtos recondicionados.

 

Mas para acertar na escolha é preciso conhecer bem os produtos que podem ser reaproveitados por meio do processo legal, além de saber a diferença com relação às peças sem especificação necessária. De acordo com Antonio Fiola, presidente do Sindirepa-SP, “peça remanufaturada é aquela de produção original usada que foi submetida ao processo industrial pelo próprio fabricante do produto para o restabelecimento das funções e requisitos técnicos originais”. A norma ABNT 15296/2006 define as nomenclaturas de peças para o mercado de reposição.

 

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Fiola reforça que os itens só podem ser usados na manutenção do veículo desde que o proprietário saiba que são remanufaturados e conheça a sua procedência. O mecânico e representante do Grupo Numa (Núcleo de Manutenção Automotiva), Fernando de Almeida, afirma que quando há transparência, o cliente aprova a aplicação. “Nós indicamos e explicamos o seu conceito. 80% dos clientes aceitam colocar a remanufaturada, apenas os outros 20% preferem as novas. Fazer o procedimento sem o consentimento dele pode deixá-lo nervoso”, diz.

 

Quando é feita a comparação, o maior benefício de se utilizar remanufaturados fica por conta do custo-benefício. “Os produtos são em média 40% mais baratos do que uma peça nova, têm garantia de fábrica e as mesmas especificações da peça original”, explica Jefferson Germano, presidente da ANRAP (Associação Nacional de Reparadores de Autopeças).

 

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Ainda segundo Fiola, os remanufaturados são mais comuns em veículos pesados. “Esse mercado ainda é muito incipiente no Brasil. Já existe alguma coisa na linha leve, mas ainda é insignificante.” Entre as peças que podem passar por este processo estão motores e peças internas, embreagens, compressores, barras de direção, turbinas, componentes de direção e suspensão, alternadores, motores de partida, entre outros.

 

Como se faz?

 

Para Antônio Carlos Bento, vice-presidente do Sindipeças e coordenador do GMA (Grupo de Manutenção Automotiva), “o processo de remanufatura parte do aproveitamento do que chamamos core (carcaça) do mecanismo. Após o teste e confirmação da sua integridade, são adicionados os demais componentes que compõe o sistema”. Ele continua dizendo que as peças são as mesmas utilizadas no equipamento original. “Assim podem ser usadas na manutenção do veículo com a mesma performance de um produto novo.”

 

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De acordo com Jefferson, a inspeção do que será reaproveitado geralmente é dividida em dois grupos. “O primeiro são itens padrão, que em todas peças são substituídos. O segundo são itens que passam por uma análise, podendo ou não ser substituídos.” As peças adicionadas posteriormente seguem o mesmo rigor das originais, ou seja, foram testadas e aprovadas conforme o processo de manufatura e logística.

 

Segundo Bento, existe um importante processo de avaliação para verificar os itens que podem ser reaproveitados. “Resumidamente, o core passa pelo mesmo processo de avaliação e inspeção que são adotados para a peça nova. Isto significa, em alguns casos, utilizar equipamentos que detectem possíveis fissuras, trincas e porosidades, absolutamente proibidos na manufatura de uma autopeça. Nas peças que atuam diretamente na segurança do veículo e do ocupante este cuidado deve ser ainda mais criterioso”.

 

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Outro fator relevante do mercado de peças remanufaturadas se deve ao suporte técnico. “Geralmente, as fábricas oferecem todo o suporte necessário ao usuário, assim como de uma peça nova. O produto remanufaturado tem as mesmas especificações e o suporte técnico que uma peça nova, com a vantagem de ser mais barato”, afirma Jefferson.

 

A garantia também não recebe diferenciação, ao invés disto, a marca pode até prolongar o prazo em relação a original. “Não é de se estranhar que o fabricante ofereça até uma garantia adicional no momento de introdução do remanufaturado no mercado. O grande objetivo é gerar a confiança do reparador e do proprietário do veículo. Nos Estados Unidos, por exemplo, é permitido o uso de uma peça de remanufatura na manutenção de um veículo ainda no período de garantia de fábrica”, compara Bento.

 

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Fique de olho!

 

Em geral, uma peça recondicionada não passa pelos mesmos processos de inspeção e qualidade adotados pelo fabricante ou autorizado. A norma ABNT 15296/2006 define a peça recondicionada como aquela oriunda de produção original usada ou de reposição original usada ou também de reposição usada, após ser submetida a um processo técnico ou industrial para o restabelecimento das funções e requisitos técnicos originais. Todavia, “não são recomendadas porque podem apresentar problemas em sua eficiência e colocar a segurança do veículo e dos passageiros em risco”, avisa Fiola.

 

Para Bento, em alguns casos, o recondicionamento é mais um processo de pequenos reparos feitos de maneira bastante artesanal. “Não estou aqui generalizando, até porque existem alguns recondicionadores no mercado que fazem um bom trabalho, motores são um exemplo disso. Mas recomendo ter muito cuidado ao utilizar uma peça recondicionada.”

 

O reparador Fernando afirma que dá preferência para peças originais ou remanufaturadas, porque sabe que é a segurança do motorista que está em jogo e que, se não for assim, também vai gerar outro trabalho desnecessário. “O único componente que abro exceção são para as homocinéticas, que tem preço até 70% mais barato. Utilizamos estas peças recondicionadas em algumas situações, mas toda a garantia fica por conta e risco do cliente. Reforçamos isto na hora da instalação.”

 

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E os riscos são muito grandes, justamente porque o item em questão pode ser o grande vilão que leva o condutor a sofrer graves acidentes ou quebras inesperadas do veículo. “Por isso, é melhor não arriscar, além de ser perigoso, o barato pode sair muito caro, pois será necessário repor a peça e fazer o serviço novamente. Lembramos sempre aos reparadores que o bem mais valioso que eles possuem é a mão de obra aplicada no veículo, portanto, refazer significa prejuízo dobrado”.

 

Cada vez mais o setor está em busca da regularização, coibindo a comercialização de produtos sem as especificações técnicas exigidas pelo fabricante. “O Inmetro já começou a certificar peças como catalisadores e, em breve, entram para a lista mais oitos itens incluindo suspensão, lâmpadas, anéis, bronzinas e pistões que devem ser vendidos na reposição com o selo a partir de julho de 2014”, lembra Fiola.

 

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Sendo assim, nunca é demais recomendar a utilização de peças de boa procedência e de marcas reconhecidas no mercado. O bom profissional deve se proteger de todos os lados contra os componentes irregulares. Como? Comprando em fornecedores éticos, exigindo a nota fiscal do produto, analisando o estado das embalagens e escapando dos preços excessivamente baixos. O mecânico sempre será o responsável pela peça que aplica. Portanto, deve zelar pela integridade do seu profissionalismo e de toda a sociedade.

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