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Especial Dia do Mecânico: Paixão pela mecânica

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Neste Dia do Mecânico, tentamos desvendar o que há por trás da motivação do profissional da reparação automotiva em enfrentar a batalha diária no chão da oficina

 

Textos: Fernando Lalli e F. Tavares
Fotos: F. Tavares

 

O cabelo rosa de Fabiana Mendes Rangel destoava em meio aos marmanjos que dividiam com ela as aulas de Mecânica Diesel no SENAI-Ipiranga, em São Paulo/SP. Fabiana resolveu morar em um motorhome e quis fazer o curso para poder ter mais autonomia na hora de consertar o veículo. Ela terminou o curso em outubro e, mesmo não tendo nenhuma pretensão inicial de virar uma mecânica, agora até considera a hipótese. “Posso dizer que depois do curso bateu uma paixãozinha”, admite Fabiana, quando fala do prazer em mexer com peças e motores. “Não sei se vou seguir profissão, não descarto a possibilidade, pois gostei do que aprendi. Pretendo aplicar os conhecimentos no meu ônibus mesmo, mas penso em fazer estágios em empresas do ramo”, diz.

 

O caso de Fabiana mostra o fascínio que a mecânica automotiva exerce em todos que se envolvem de alguma forma, seja criança ou adulto, seja homem ou mulher, seja no Ciclo Otto ou Diesel. E o que leva você, amigo mecânico, a acordar todo dia para trabalhar sabendo das dificuldades da profissão, mas mesmo assim perseverando e abraçando a tarefa com tanto gosto? Para comemorar o Dia do Mecânico neste 20 de dezembro, conversamos com profissionais do setor sobre o tema. A impressão que ficou é que esse sentimento vem tanto do encantamento que a máquina proporciona quanto da sensação de dever cumprido ao ver seu trabalho pronto, rodando nas ruas com segurança e bom desempenho.

 

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Fabiana Mendes Rangel descobriu a mecânica diesel e pensa em fazer estágio na área

 

Daniel Moura Quintela, 33 anos, é mecânico na oficina Osascap em Osasco/SP. “Meu pai queria que eu trabalhasse em escritório, de paletó e gravata, mas eu não gosto. Meu negócio é no braço”, afirma. Reparador há 14 anos, começou na profissão movido pela paixão por carros e mecânica que cultivava quando criança, desmontando e montando seus carrinhos de brinquedo.

 

Ele conta que trabalhava como repositor em hipermercado e, quando surgiu a possibilidade de virar mecânico, abraçou a oportunidade. “Entrei como ajudante, não sabia nada. Não sabia nem soltar uma roda. Comecei na raça, mas depois fui fazer SENAI, na Vila Leopoldina”, relata. Quintela diz que se dá bem reparando suspensão e freios, mas acha que a transmissão é um sistema muito interessante. “Para mim, é muito gratificante, esse ramo. Apesar das dificuldades, do cansaço, é estressante, mas vamos pra cima. Nós, mecânicos, somos responsáveis por todos esses carros que andam na rua”, declara.

 

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Daniel Moura Quintela começou como ajudante e já está há 14 anos na profissão

 

Nascido na graxa

 

Tem outro mecânico chamado Daniel na oficina Osascap, 12 anos mais novo. “Desde criança, eu mexia no carro do meu pai e sempre gostei de saber as coisas, como funcionam em um carro. Meu pai é serralheiro, mas a gente era ‘fuçador’ na verdade”, brinca Daniel Macedo Inácio, de 21 anos, que trabalha há quase 4 anos como mecânico. Inácio tem preferência por alinhar carros (“tem que ter cabeça, o procedimento é um pouco sistemático”) e quer um dia abrir sua própria mecânica.

 

“Eu almejo trabalhar a minha vida inteira mexendo com carro. Eu gosto que o cliente saia satisfeito. Isso faz você se sentir realizado”, disse Inácio. “Você pensa: ‘trabalhei bastante, consegui fazer um trampo legal, cliente saiu satisfeito’. A gente tenta trabalhar ao máximo para o cliente sair satisfeito e nossa autoestima sobe um pouquinho mais”.

 

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Daniel Macedo Inácio adora fazer alinhamento e sonha em abrir sua própria oficina

 

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Carlos Henrique Alves Pereira, o “Nino”, não se vê fazendo outra coisa da vida e quer se aposentar como mecânico

 

Mais um com influência paterna na escolha da profissão é Carlos Henrique Alves Pereira, o “Nino”, que tem 26 anos e trabalha na oficina Suspentec. Mecânico há 8 anos, não se vê fazendo outra coisa da vida. “Sempre gostei e se puder aposentar como mecânico, vou aposentar. Mais pra frente quero melhorar meus objetivos e ter minha própria oficina”. A motivação para enfrentar a “guerrilha do dia a dia”, como ele mesmo descreve sua rotina, vem de berço. “Sempre tive vontade de ser mecânico, meu pai é mecânico. Já nasci dentro da graxa”.

 

Voando no futuro

 

Nascido no Recife/PE, Douglas Jorge da Silva, 36 anos, é outro que começou a se envolver com muito cedo com o trabalho. “Desde pequeno, aos 11 anos de idade comecei em oficina, limpando aqui, limpando lá”, descreve. “Até hoje não saí da oficina, vou morrer aqui dentro”, afirma, tendo passado por três oficinas. Hoje, Douglas é pai de três filhas e proprietário da oficina Radar Tecnologia Automotiva há 5 anos em Osasco/SP e não teme a concorrência. “Vendo o tanto que nós temos de carro na cidade e no estado de São Paulo, se for profissional, pode montar uma oficina uma ao lado da outra, ainda terá serviço. Igual pizzaria”, compara.

 

Douglas é daqueles que gosta mesmo é da eletrônica do veículo, principalmente, injeção eletrônica. “Quanto mais tecnologia tiver no carro, mais eu gosto de mexer”, conta, relatando que quando encontra um obstáculo na hora de reparar um carro, ele passa dois ou três dias estudando sobre o problema até que consiga resolver. “Se a gente não se desligar um pouco, a gente enlouquece”, pondera, mas não faria outra coisa da vida: “me sinto muito feliz e bem realizado. Gosto do que faço”.

 

Ultimamente, ele tem se interessado por transmissão automática. “Já tem nove meses que estou mexendo, me especializei. Pedal é algo que está sumindo, o pedal de embreagem está indo embora, estão ficando apenas dois ‘pedaizinhos’ e os mecânicos que não procuram aprender, ficam pra trás. Eu não, eu estou indo pra frente”. E mesmo se tudo mudar no setor, ele não quer parar de acompanhar a evolução. “Se o carro voar, eu quero estar lá em cima com ele voando”, sorri.

 

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Douglas Jorge da Silva quebra a cabeça para desvendar a eletrônica embarcada dos veículos atuais

 

A vontade de evoluir, a satisfação de um trabalho bem feito, o som do motor, a engenharia avançada, o desafio do quebra-cabeça… São muitas, as razões. Essa atração por um amontoado de peças que se movem não pode ser facilmente explicado por ninguém – apenas sentido e dividido pelos que vivem o nosso setor da manutenção automotiva todos os dias e sentem orgulho da profissão.

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