Confira a substituição do escapamento do sedã da Toyota, incluindo os cuidados necessários para um serviço profissional e de qualidade
Perto de outros sistemas, a manutenção do sistema de exaustão quase sempre é simples e demanda pouco mais do que um elevador, chaves-soquete e prolongadores. Mas um profissional da reparação bem treinado sabe que o segredo de um bom serviço está nos detalhes – e isso é que não falta na hora de analisar e trocar um catalisador, desde o diagnóstico até a finalização do procedimento.
A legislação brasileira exige que o catalisador original de fábrica seja capaz de atingir, no mínimo, 80 mil km em pleno funcionamento, enquanto o catalisador adquirido na reposição é obrigado a cumprir 40 mil km sem precisar de manutenção. Quem explica é Alexandre Stein Achcar, gerente de vendas e marketing da Umicore. “Apesar de o catalisador da reposição atender a uma quilometragem menor, ele possui a mesma eficiência que o original em sua vida útil, porque isso também é exigido por lei”, declara.
Para Alexandre, a longevidade do catalisador, para além da quilometragem que a lei exige, está diretamente ligada aos cuidados do motorista com o veículo. “Depende de como o veículo foi mantido em sua vida: se foi abastecido com combustível de procedência, se as revisões foram feitas conforme o manual do proprietário, se o lubrificante do motor também está de acordo com a especificação do manual. Tudo isso tem que ser levado em consideração”, afirma o representante da Umicore, ressaltando ainda que o bom estado dos sistemas de injeção e ignição – mais especificamente, a sonda lambda – influi diretamente na integridade do catalisador.
Selo do Inmetro é obrigação
Desde abril de 2011, só podem ser vendidos na reposição catalisadores que possuam certificação do Inmetro. O timbre na peça indica que aquele componente atende a requisitos satisfatórios de qualidade e redução de poluentes. A Portaria obriga, ainda, que a marca do instituto esteja não só na peça, como também em um selo na embalagem do produto, juntamente com um manual de instalação da peça. Thiago conta que sua oficina recebeu a visita da fiscalização duas vezes e, em uma delas, foi exigido a apresentação da embalagem de um catalisador que já estava desembalado. Portanto, fique atento em sua oficina.
Nesta reportagem, fizemos a substituição completa do escapamento de um Toyota Corolla SEG 1.8 16V Automático, ano 2003, com 160.300 km rodados no odômetro. Este veículo já teve seu silencioso trocado anteriormente, mas tanto o catalisador quanto o intermediário ainda são os originais de fábrica. O procedimento foi feito pelo mecânico Thiago José da Silva, sócio-proprietário da JOAL Escapamentos em Campinas/SP, com o auxílio de Leonardo José da Silva, também sócio-proprietário da oficina.
Sintomas e diagnóstico visual
A avaliação do escapamento como um todo deve começar pelo ruído e pela integridade da tubulação (sem furos), segundo Odair Gregios, da OG Sistemas de Exaustão. “O principal indício de problemas no escapamento é o ruído muito acima do normal”, explica Odair. O odor diferente dos gases também é um indício de que algo não vai bem no escapamento.
Já no catalisador, alguns sintomas no veículo podem denunciar a necessidade da troca do elemento, como enumera o engenheiro de produto da Umicore, Walter A. D. Lima. “Perda de potência do motor, luz da injeção no painel constantemente acesa e aumento do consumo de combustível podem ser culpa de um catalisador comprometido”.
Testes de diagnóstico do catalisador
São dois os procedimentos necessários para se aprovar ou condenar o catalisador: medir as temperaturas de entrada e saída do catalisador e a análise dos gases de escape.
1) Nas duas operações, é necessário que o motor fique ligado continuamente. Portanto, trave o acelerador (obviamente, com o câmbio em neutro) com o conta-giros em 2500 rpm. Isso servirá tanto para a temperatura quanto para a análise de gases.
2) Meça a temperatura de entrada e saída do catalisador com um termômetro a laser. Com o carro no elevador, deixe o motor aquecer funcionando continuamente e utilize o termômetro apontando-o nas duas extremidades do catalisador. A temperatura de saída deve ser maior que a de entrada, o que indica que a reação química dentro do catalisador está acontecendo.
3) Aproveite o momento para fazer a análise de gases de escape com um aparelho adequado e devidamente calibrado.
Desmontagem do catalisador
4) Borrife desengripante nos parafusos de fixação do silencioso traseiro com o intermediário para facilitar a soltura.
5) Solte os dois parafusos de fixação da flange do silencioso traseiro com o intermediário. Fique atento com a mola de cada parafuso.
6) Borrife desengripante nos coxins de sustentação do silencioso traseiro para facilitar a remoção de cada um.
7) Com a ajuda de uma ferramenta apropriada, solte os coxins de apoio do silencioso traseiro.
Obs: A recomendação é trocar todos os coxins que fazem a sustentação do escapamento em caráter preventivo. Thiago explica que se trata de um acessório relativamente barato, com valor entre R$ 8,00 e R$ 15,00 cada peça – ou seja, chega a ser irrelevante quando comparado ao valor total do escapamento. Não trocá-los neste momento seria uma economia sem sentido. “Vale a pena a troca, até para preservar a vida útil do novo escapamento”, declara o especialista. |
8) Remova o silencioso traseiro e sua respectiva gaxeta de vedação, posicionada no flange do intermediário, que também deve ser substituída.
9) Borrife desengripante nos parafusos de fixação do flange do catalisador no coletor de exaustão do motor. Em seguida, solte os parafusos de fixação nesta conexão com o auxílio de soquete e prolongador.
10) Retire os coxins de sustentação do intermediário, também borrifando desengripante e utilizando uma ferramenta apropriada para desconectá-los.
Obs: Fique atento, pois, neste momento, o escapamento todo pode estar solto.
11) Desrosqueie as porcas de fixação da travessa do intermediário. Se preferir, retire apenas uma para deslocar a travessa de lado.
12) A seguir, remova toda a tubulação restante do escapamento.
Obs: No escapamento original, o intermediário e o catalisador são a mesma peça. Na reposição, são vendidos separadamente. |
13) Retire por fim a gaxeta de vedação do catalisador no coletor de exaustão, que é semelhante à que removemos anteriormente no silencioso.
Análise das vedações
14) Outra forma de diagnóstico do escapamento é a análise das superfícies de vedação e respectivas gaxetas. Cada vedação funciona como articulação esférica, cuja função, segundo Thiago, é evitar que a vibração do motor seja transmitida para o catalisador, ao mesmo tempo em que previne o vazamento dos gases de escape. Nas peças que removemos do veículo da reportagem, percebemos que as áreas de contato nos flanges estão corrugadas e ásperas, quando deveriam estar lisas. As gaxetas de vedação (14a) também se encontram em mau estado. O especialista explica que esse desgaste é causado por tempo de uso, portanto, aos 160 mil km, é o momento de trocar todo o conjunto.
Montagem do catalisador
15) Inicie a montagem colocando a gaxeta nova para a vedação entre o flange do coletor de exaustão do motor e o flange do novo catalisador.
16) Os parafusos podem ser reaproveitados, desde que não estejam espanados ou danificados de alguma forma.
17) Reposicione os parafusos de fixação do coletor de exaustão do motor com o escapamento. O local é de difícil acesso, portanto, tome cuidado para que a rosca do parafuso encaixe corretamente.
Importante: não faça o aperto final das peças até que todo o escapamento esteja montado. Há o risco de o encaixe das peças posteriores não casar, como veremos a seguir. |
18) Borrife o desengripante mais uma vez para facilitar o encaixe dos novos coxins de sustentação do intermediário, tanto no gancho quanto na própria peça.
19) Utilize uma massa vedante para selar a conexão entre o catalisador e o intermediário. Esse vedante deve sempre ser colocado na peça anterior na sequência do conjunto – neste caso, o catalisador é anterior ao intermediário (que, por sua vez, é anterior ao silencioso). Não aplique o vedante na parte interna do intermediário porque, no momento do encaixe, a massa será “empurrada” para dentro do escapamento e não fará a vedação.
20) Antes de instalar o intermediário, verifique se a abraçadeira de fixação com o catalisador está casando perfeitamente com a circunferência do tubo. Caso não esteja, a tendência é que conexão fique ovalizada e cause vazamento dos gases.
21) Faça o encaixe do intermediário com o catalisador. Perceba como o vedante preenche o contato entre as duas peças, como pretendido no passo nº 19, e o excesso de vedante foi empurrado para fora. Caso esse excesso estivesse dentro do escapamento, se soltaria em formato de pequenas pedras e causaria ruído, levando a possíveis diagnósticos errôneos de problemas no catalisador ou no silencioso.
22) Posicione a travessa do intermediário de volta e encaixe o intermediário em seus coxins.
23) Ao posicionar o silencioso no intermediário, percebemos que o suporte que vai apoiado no coxim está muito à frente. Para corrigir essa diferença, é necessário medir a diferença e cortá-la do tubo do catalisador. Esse ponto de corte varia de fabricante para fabricante. Neste caso, a diferença ficou em 35 mm.
24) Solte o novo catalisador de sua posição para o ajuste de posicionamento. Foi por esse motivo que recomendamos anteriormente não fazer o aperto final.
25) Thiago possui em sua oficina uma ferramenta chamado curvadeira conjugada hidráulica, específica para ajustar o ponto de corte do sistema de escapamento quando a correção é necessária. Esse equipamento permite o corte do excesso e o redimensionamento da nova extremidade.
26) Ao cortar o tubo do catalisador, não se esqueça de eliminar as rebarbas.
27) Reposicione o catalisador e o intermediário, aplicando novamente o vedante. Perceba que, agora, a distância do suporte do silencioso para o coxim está correta. Faça a conexão.
28) Utilize um alicate para dobrar as pontas dos suportes nos coxins.
Obs: Em outros fabricantes de escapamento, o sistema de fixação nos suportes pode ser diferente para a mesma aplicação |
29) Enfim, faça a fixação definitiva do silencioso com o intermediário, além de todos os apertos finais dos parafusos do coletor de exaustão no catalisador e, também, na braçadeira do intermediário com o catalisador.
30) Para concluir o serviço, é necessário ligar o motor e manter o carro acelerado a 3.000 rpm por 15 minutos (carro abastecido a álcool) ou 30 minutos (abastecido com mistura de álcool e gasolina) para que a haja a perfeita expansão da manta interna de fixação da cerâmica do catalisador.
Colaboração técnica – JOAL Escapamentos: (19) 3756-2060
Mais informações – Umicore: (19) 3471-4000
OG Sistemas de Exaustão: (19) 3446-4666
Gostei dos procedimentos da montagem do escapamento do carro. Bom trabalho.