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Lubrificantes evoluem com as normas Euro V

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Óleos de motor para propulsores de pesados fabricados a partir de 2012 também devem atender a especificações mais rígidas e são parte importante na redução de emissões e consumo de combustível

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Com a chegada dos motores Euro V ao mercado brasileiro, muda muita coisa além do diesel. Os lubrificantes também estão mais limpos, com tecnologias e formulações que, além de prevenirem o desgaste excessivo do motor, ainda ajudam a preservar todos os benefícios de redução de emissões de poluentes determinados pelas novas leis ambientais, que aqui no Brasil estão regulamentadas sob a norma Proconve P7. As principais marcas brasileiras de lubrificantes – como Ipiranga, Shell Rimula, Mobil, Castrol, Lubrax e Total – já colocam à disposição do reparador óleos de motor específicos para as aplicações nos mais modernos veículos pesados do mercado.

Para os motores Euro V funcionem corretamente, é fundamental utilizar o diesel mais limpo (S10 ou S50) para não prejudicar os sistemas de pós-tratamento de gases, como afirma o coordenador de Marketing da Cosan Lubrificantes, Sergio Campos Soares, responsável pela marca Mobil. “O mesmo vale para o lubrificante: quem utilizar o correto potencializará os benefícios dos novos motores”, declara Soares.

Os sistemas de pós-tratamento de gases adotados, EGR (recirculação dos gases) e SCR (que requer adição de Arla 32 à catálise), além de toda a re-engenharia pela qual os conjuntos passaram para poluir menos, deixaram os motores mais sensíveis a elementos como enxofre, cinza sulfatada e fósforo, presentes nos óleos de motor convencionais. “Essas substâncias contribuem para entupimento precoce ou desativação dos dispositivos de pós-tratamento SCR e DPF (filtro de material particulado presente no sistema EGR)”, detalha o supervisor técnico da Shell Lubrificantes, Otavio Augusto de Campos. “Consequentemente, elevam os custos com paradas com manutenção, além da indisponibilidade dos veículos”.

Por isso, os novos lubrificantes foram desenvolvidos com formulações com baixos teores desses elementos. “Os sistemas de pós-tratamento solicitam dos lubrificantes níveis de desempenho e uma composição mais robusta no que se refere à proteção contra o desgaste e controle de fuligem, além de uma maior resistência a seu envelhecimento”, diz o consultor técnico da Castrol, Edmilson Santana.

Outro representante do setor, o gerente técnico da Lubrificantes Ipiranga, Sergio Luiz Viscardi, afirma que os óleos Euro V apresentam maior resistência à oxidação, melhor estabilidade ao cisalhamento, mantendo a viscosidade, e conservam o motor mais limpo. Além disso, ele conta que os óleos Euro V devem atender às especificações da ACEA (Associação Européia dos construtores de Automóveis). “As tecnologias destes óleos lubrificantes evitam o bloqueio do catalisador e o bloqueio do filtro de particulados, assim, mantendo a durabilidade do sistema de controle de emissão dos veículos, seja EGR ou SCR”, afirma Viscardi.

Produtos

O mercado já está sendo plenamente abastecido com opções de óleos Euro V das mais diversas marcas. A Shell oferece na linha Rimula os códigos RT4 L, RT4X e R5 LE, todos lubrificantes que atendem às classificações API CJ-4 e ACEA E9 E7, aprovados por diversas montadoras. Otávio especifica que o óleo RT4X é especialmente formulado para sistemas com EGR, que requer um óleo bastante robusto.
A Ipiranga também possui três lubrificantes Euro V em sua gama: o Ipiranga Brutus Extrema Performance (óleo SAE 10W40 aprovado na Mercedes Benz, atendendo às classificações API CI-4, ACEA E9-10 e E6-10); Brutus Nova Geração (óleo SAE 15W40 elaborado com óleos básicos minerais premium, classificação API CJ-4 e ACEA E9-10); e Brutus Alta Performance (óleo SAE 15W40 também aprovado na Mercedes Benz e na Volvo, podendo ser utilizado em veículos Euro V equipados com sistema SCR e abastecidos com biodiesel. Classificações API CI-4 e ACEA E7-08).

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A linha mais extensa entre as principais marcas é a da Castrol, com quatro lubrificantes: Castrol Tection Global 15W-40 (de base mineral e classificação API CI-4, atendendo às especificações da Mercedes-Benz, Volvo, Mack e Cummins); Castrol Tection Exclusive 15W-40 (especificação API CI-4), Castrol Enduron 10W-40 (ACEA E4/ E5/ E7, atendendo às especificações da MAN, Volvo, DAF, Renault, entre outros) e Castrol Elixion HD 5W-30 (classificações ACEA E4/E5/E7, atendendo às especificações da MAN, Cummins, Mercedes-Benz, Volvo, Scania, Renault e Mack, entre outros).

A Mobil possui para o segmento o lubrificante Delvac MX ESP (classificação API CJ-4, CI-4 PLUS, CI-4, CH-4/ SM, SL; ACEA E7, E9, atendendo às especificações da DDC Power Guard Oil Specification e das montadoras Mack, MAN, Deutz, Volvo, Caterpillar, Cummins e Renault Trucks). Já a Lubrax disponibiliza o Lubrax Advento (API CJ-4 e ACEA E9, aprovado pela Mercedes-Benz).

A Total disponibiliza no mercado o lubrificante Rubia TIR 7400 15W-40 (classificação ACEA E7-04/E5-02 e API CI-4/SL; atendendo às especificações da Mercedes Benz, Cummins, Volvo, Mack, Renault Trucks, CAT, entre outras), desenvolvido para responder às solicitações de motores diesel com sistema EGR. Outro lubrificante da marca, o Total Rubia TIR 7900 15W-40, foi desenvolvido para atender motores equipados com sistema de redução catalítica seletiva (SCR).

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A sopa de letrinhas de especificações tem uma razão de ser. O gerente de Serviços e Inovação da Total Lubrificantes Brasil, Marcelo Beltran, explica que os lubrificantes Euro V atendem a requisitos muito superiores aos dos óleos comuns. “O óleo para motor Euro III é inferior em relação às especificações API e ACEA, no que diz respeito aos aditivos e aos óleos básicos, portanto o desempenho é inferior em todos os aspectos”, afirma.

Cuidado na troca!

Apesar de atenderem a requisitos específicos, os óleos Euro V disponíveis no Brasil, em geral, podem abastecer motores Euro III. Mas, de acordo com consultor da Gerencia de Tecnologia da Rede de Postos da Petrobrás, Antonio Alexandre Ferreira, não deveria ser assim. “Os óleos para motores Euro V não deveriam ser utilizados em motores Euro III já que, normalmente, possuem baixa reserva alcalina, o que não é compatível com combustíveis de alto teor de enxofre. Entretanto, baseado na realidade brasileira, a Petrobrás desenvolveu o Lubrax Advento de forma que o mesmo possa ser utilizado tanto em veículos Euro V quanto Euro III”, esclarece Antonio.

Já Soares, da Mobil, afirma que o lubrificante Euro V pode sim ser aplicado em caminhões mais antigos, “com a vantagem de que possui aditivos com teores mais baixos de enxofre, fósforo e cinza sulfatada e de ter dispersância e resistência à oxidação superior ao encontrado nos óleos atuais”. Entretanto, amigo mecânico, não espere que o veículo Euro III do seu cliente vire um Euro V da noite para o dia apenas trocando óleo e combustível. Cada veículo possui suas limitações.

No caso contrário, entretanto, tome cuidado. Preste bastante atenção ao trocar o óleo de um caminhão Euro V: siga estritamente a indicação da montadora na classificação do óleo e, mais ainda, se há um produto aprovado especificamente citado no manual de reparação do veículo. “A orientação é sempre utilizar o óleo lubrificante recomendado pelo fabricante do veículo, além de respeitar o período de troca do produto também recomendado pelo fabricante do veículo”, observa Viscardi, da Ipiranga.

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“Se não for utilizado o produto correto ou, ainda, se a troca for feita fora do prazo, corre-se um sério risco de degradação excessiva do óleo (oxidação, espessamento por fuligem, aumento de viscosidade), além da possibilidade do desgaste acentuado de motor e transmissão. Todas essas ocorrências combinadas podem levar a uma falha irreversível dos equipamentos”, alerta Soares, da Mobil. Para os Euro V, vale lembrar mais uma vez que é imperativo também o uso de diesel S10 ou S50 para o correto funcionamento do motor.

Além de observar a recomendação do fabricante do veículo quanto ao tipo do óleo, respeitar o período de troca é importantíssimo para manter o motor em ordem. “Quem determina o tempo de troca dos lubrificantes são os fabricantes dos veículos, e não os dos lubrificantes”, declara Edmilson, da Castrol. Na troca do óleo, ele aconselha que a verificação de nível do óleo seja realizada com o veículo em local plano, e com o motor frio. “O baixo nível de óleo no motor faz com que o óleo sofra uma maior solicitação térmica, sofrendo oxidação (envelhecimento) prematuro, que tende a aumentar excessivamente a viscosidade, a acidez e gerar maior quantidade de resíduos (borra) no motor”, aponta o consultor técnico.

Já Antônio, da Petrobrás, ressalta que a troca do óleo em si deve ser feita com motor ainda quente “para facilitar o escoamento do óleo” e sempre fazer a troca do filtro na mesma operação.

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Evite completar o nível

Outro ponto polêmico é o ato de completar o nível de óleo ao invés de trocá-lo por completo. Edmilson afirma que a mistura de lubrificantes Euro V “não é recomendada”, porém, em situação de emergência, o óleo complementar deve atender aos níveis de desempenho (API) e de viscosidade (SAE) conforme a recomendação do manual do veículo, e volta a apontar o período de troca como um fator importante. “O tempo de troca da mistura de lubrificantes deverá ser contado a partir da colocação da primeira carga, não importando o volume reposto na complementação do nível”, adverte o consultor técnico da Castrol.

Mais um aspecto que deve ser levado em consideração: misturar dois lubrificantes diferentes, mesmo que equivalentes, altera suas características técnicas e diminui seu desempenho, como detalha Otávio, da Shell Lubrificantes. “Em uma necessidade emergencial, os novos óleos para motores Euro V podem ser eventualmente misturados. No entanto, não é recomendada a mistura de produtos com especificações diferentes. O produto da mistura não terá características definidas e apresentará desempenho inferior ao dos produtos com suas fórmulas originais”, explica o supervisor técnico da marca.

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Marcelo Beltran, da Total, é categórico: “O ideal é colocar apenas um tipo de óleo de cada vez”. Viscardi, da Lubrificantes Ipiranga, também faz coro. “Não é recomendado misturar óleo Euro V com outro óleo diferente, pois poderá não haver o beneficio que o motor Euro V requer”, afirma. Por isso, mesmo que o óleo Euro V seja mais caro, recomende ao seu cliente que faça a troca completa e, além disso, sempre mantenha o tanque abastecido com o combustível correto. Assim, todas as características de manutenção e desempenho do motor serão mantidas – e o caminhão não voltará para a oficina por um longo tempo.

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