Testamos e avaliamos tecnicamente as condições de um JAC J3 hatch com mais de 100 mil km rodados para saber como o modelo chinês sobreviveu às condições das ruas e estradas brasileiras
Texto: Fernando Lalli
Fotos: Alexandre Villela
Colaboração técnica: Fernando Naccari
Aqui cabe o clichê: parece que foi ontem. O JAC J3, carro de estreia da JAC Motors no Brasil, completa cinco anos no mercado brasileiro no próximo dia 18 de março. Lançado com uma massiva campanha publicitária, o hatch (depois acompanhado do sedã Turin) fez várias montadoras tradicionais se mexerem para competir com um carro que tinha preço de 1.0 “pelado”, mas trazia motor 1.4 a gasolina de 108 cv de potência, ar condicionado e ABS de série, entre outros.
Mas “graças” à nova tributação do Governo Federal e à imposição da cota de importação de 4 mil unidades por ano para veículos de montadoras não instaladas oficialmente no Brasil, o crescimento da JAC foi prematuramente podado. As vendas despencaram e nem mesmo as duas novas opções de motorização (1.4 flex de 113 cv e 1.5 de 127 cv, ambos no etanol) ou o face-lift da dianteira devolveram a competitividade de mercado à linha J3.
Apesar dos bons números de venda iniciais, a origem chinesa sempre causou desconfiança no consumidor brasileiro – desconfiança um tanto injusta, já que, mecanicamente, o J3 não ficava atrás de seus concorrentes diretos. Pelo contrário seu ponto forte sempre foi o motor desenvolvido pela AVL (empresa austríaca especializada em propulsores, com trabalhos inclusive para a Formula Indy e F-1) mais potente do que a maioria. Além disso, uma equipe de engenheiros brasileiros trabalha na fábrica da JAC Motors na cidade de Hefei moldando o J3 ao gosto do mercado nacional.
De 2011 para cá, a Revista O Mecânico teve a oportunidade de testar 10 unidades diferentes do JAC J3, tanto o hatch quanto o Turin, nas três motorizações. Exceto por eventuais desalinhamentos de carroceria (comuns em modelos populares nacionais) e pela qualidade de engate de marchas variar drasticamente de uma unidade para outra, a evolução da qualidade de construção da linha ficou evidente.
A dúvida sempre foi: será que o JAC J3 aguenta a “pancada” das ruas e estradas brasileiras, rodando milhares de quilômetros sem problemas crônicos? Para responder a essa pergunta, a própria JAC Motors cedeu para a imprensa um J3 hatch usado, fabricado em 2012 (motor 1.4 a gasolina), com mais de 100 mil km rodados, recomprado por uma concessionária da marca como parte do pagamento de um veículo novo.
O empréstimo foi feito com a observação de que se tratava de um veículo “de estrada” – o que não é de se duvidar, afinal, atingiu exatos 103.771 km em menos de 3 anos de uso. Evidentemente, o grau de desgaste de peças de suspensão, embreagem e freios é muito maior na cidade do que em estrada. Mesmo assim, o estado geral do veículo surpreendeu.
Motor
Todas as juntas entre cabeçote, bloco e cárter estavam secas, sem nenhum sinal aparente de vazamento de óleo. A mangueira de admissão do ar parecia ser a original e estava em ótimo estado. O restante das mangueiras também apresentava bom estado ou pareciam ter sido trocadas por novas, como a do cânister.
Arrefecimento
O marcador de temperatura indicava que o motor estava trabalhando com temperatura oscilando abaixo de 90°C, o que poderia indicar problema no sistema de arrefecimento, provavelmente causado por uma válvula termostática travada aberta. Havia indícios de vazamento do líquido de arrefecimento, que pode ser causado tanto por superaquecimento quanto por perda da resistência da tampa com o aumento da pressão interna. A solução do vazamento pode estar na simples troca da tampa, mas a baixa temperatura do motor necessitaria de um diagnóstico mais aprofundado.
Alimentação, ignição e injeção
O marcador de combustível no painel não estava funcionando, apontando tanque cheio permanentemente. O problema poderia estar tanto no marcador em si quanto no sensor de nível no tanque de gasolina. Nenhum problema adicional foi detectado examinando visualmente a tubulação de combustível, filtros, flauta e injetores. As bobinas tinham marcação de peça original.
Transmissão
Como citamos anteriormente, a única característica que acompanha não só o J3, mas todos os modelos da JAC Motors (J2, J3, J5 e T6) equipados com câmbio manual de 5 velocidades, é a oscilante qualidade de engate das marchas. Neste exemplar, o câmbio não tinha problemas maiores do que em outros carros semelhantes testados quando novos.
Suspensão
Amortecedores e molas ainda eram os originais de fábrica. Algo que era o esperado em um “carro de estrada”, mas que mostra o bom trabalho da tropicalização do modelo, já que a versão brasileira tem altura do solo elevada e acerto de suspensão mais duro. Coifas, coxins e batentes apresentavam bom estado, mas as bieletas da barra estabilizadora pareciam um pouco frouxas.
Freios
Com as revisões em dia, não faria sentido que os freios fossem os originais, mas tanto o estado geral de pastilhas e discos quanto a coloração do fluido de freio estavam OK. Porém, o veículo oscilava para frente acima do normal nas frenagens, o que indica o provável desgaste maior das lonas dos freios traseiros. O freio de mão também estava desregulado.
Direção
O problema mecânico mais grave encontrado neste J3 foi o vazamento do reservatório do fluido da direção hidráulica, que se espalhou pelas peças em volta, como coxim do motor, bloco e correia de acessórios. Dirigindo o carro, no entanto, não havia qualquer problema perceptível no comportamento do veículo.
Climatização
Por vezes, um “clique” mais alto era perceptível no acionamento do sistema de ar condicionado, causado pela embreagem da polia do compressor, mas nada alarmante. Se estivesse em uso, bastava ao proprietário observar se esse ruído não aumentaria.
Elétrica
Exceto por uma lâmpada de freio queimada (e, supostamente, pelo marcador de combustível no painel), nenhum detalhe anormal poderia ser atribuído a maus contatos do chicote elétrico. Os contatos da bateria estavam em bom estado.
Carroceria e estética
Apesar da placa de Fortaleza/CE, cidade litorânea, a lataria aparentemente não tinha pontos de ferrugem ou solda fora do lugar. Toda a tubulação do escapamento estava íntegra, apesar de conter marcas da maresia. O farol, por sua vez, não tinha infiltrações ou folga, mas sua lente estava descascando – também ação da maresia.
Conclusão: Todos os problemas neste JAC J3 teriam simples solução e são comuns em outros veículos com a mesma quilometragem. Nenhuma peça parecia ter sido trocada de propósito apenas para maquiar o resultado do uso do veículo. Claro, não se pode tomar uma unidade como o resultado de toda uma linha de veículos, seja para elogiar ou para falar mal. Mas a amostragem de veículos que a JAC Motors colocou à disposição ao longo dos anos, somado ao resultado deste carro, é o suficiente para cravar que, mecanicamente falando, se trata de um projeto robusto, ainda que simples, mas em condições de ser comparado a qualquer veículo da mesma categoria de compactos populares no mercado, acima da desconfiança e do preconceito.
Tenho um J3 2011/2012. Adoro o meu carro. Retirei ele zero km da concessionária de Ribeirão Preto/SP. tem um ótimo desempenho na cidade e na estrada. É econômico sabendo controlar o acelerador. Pena que não tem concessionária na minha cidade… Ele esta com 112 mil km troca de peças rotineiras. Compro as peças pela internet e levo ao mecânico. Eu recomendo Jac Motors
Nunca tive um Jacaré, por isso não vou opinar…
TENHO UM J3S TURIN 2014 , COMPREI 0 KM, ESTÁ COM 108 MIL KMS RODADOS, PRETENDO LEVAR ATÉ OS 200 MIL KMS, E DEPOIS FAZER UM GALINHEIRO DELE, E DEIXAR NO SÍTIO…CARRO MUITO BOM…O MEU ANDA CARREGADO O DIA INTEIRO…..VENDO CAFÉ….GERALMENTE NO BANCO TRASEIRO CARREGA 50 FARDOS DE 07 KILOS CADA UM…
ok
Tenho um J3 Turim 2011/12, esta atualmente co 155.000 Km e nunca tive problema com ele, apenas revisões periódicas de rotina!
Boa noite, o meu está com 98 mil km e os problemas que apresentou foi por mim causados. Ele é 12/12 e anda muito, tenho casa na região de Mury em Nova Friburgo e ele sobe e desce quase que semanalmente, com “carga”, agora está apresentando problema de vazamento no reservatório do liquido de arrefecimento, vou ver o que está acontecendo, no mais ADORO O CARRINHO.
convivi com a concessionaria JAC, desde sua abertura e até infelizmente seu fechamento na cidade de ribeirão preto, sp, realmente é uma marca supriendente, so convivendo dentro de uma concessionaria pra avaliar um veiculo em sua totalidade, meu conceito com relação a esta marca é positivo, inclusive indiquei a varios cliente que fecharam negocio. realmente um veiculo muito bom, confiavel e sua manutenção é considerado basica, normal para nossa realidade, a unica resalva, refere-se a bateria que por demorar a ser usada normalmente, (aproximadamente 10 meses) algumas apresentam defeito por falta de uso, facilmente sanado com sua substituição.
Tenho um Jac3 2011, nunca me deu trabalho, 92,000km rodado, ótimo desempenho.
Tenho um Jac 3 2011, 92.000 km, nunca me deu qq problema.
Excelente desempenho, confortável.
Sam muito bom essas informações para o profissional preparador!
Sobre o teste do Jac é bem legal, porém nas oficinas estes carros ainda são um terror pra reposição de peças. Aqui preferimos nem trabalhar com eles. O cliente tem dinheiro pra
Comprar e depois não aguenta comprar peças !
Para completar os artigos,muito bons por sinal,vocês poderiam adicionar a ficha técnica do veiculo contendo entre os parâmetros tradicionais também:
-peso total do veiculo.
-relações de transmissão
-coeficiente de arrasto.
-velocidade máxima.
Estas informações são importantes para meus alunos poderem estimar a performance do veículo.
Grato.