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Artigo – Troca preventiva de componentes: quando reaproveitar não vale a pena

 

por: Fernando Landulfo

 

Não é raro, na rotina da oficina, o mecânico reparar um defeito específico de conjunto complexo, como uma caixa de câmbio, um motor, ou mesmo, um simples alternador, que exija a sua remoção e desmontagem completa. E, dependendo do modelo do veículo, as operações de remoção e reinstalação são mais trabalhosas do que a desmontagem do conjunto propriamente dito. Logo, a princípio, um retrabalho seria fora de questão.

 

Mas não é o que acontece as vezes. Não é? Conserta-se uma “coisa” e o veículo volta com um sintoma parecido. Desmonta-se tudo de novo e se descobre que o defeito agora é outra peça. Resultado: tempo perdido e cliente desconfiado. E para convencer o mesmo de que o defeito é em outro lugar, que ele terá que pagar outra mão de obra… É uma tarefa quase impossível. Mas por que isso acontece?

 

A resposta é bastante simples: muitas vezes, o Guerreiro das Oficinas quer ajudar o cliente minimizando o orçamento. E para isso, troca apenas o que está com defeito. No entanto, ele se esquece de que todos os componentes do conjunto têm a mesma idade. Logo, a probabilidade de outra peça dar defeito num curto espaço de tempo é muito grande.

 

Tomemos como exemplo um simples alternador. Muitas vezes, os alternadores não atingem a corrente ou a tensão especificada devido a uma falha de um componente simples e barato, como o regulador de voltagem ou um dos diodos da ponte retificadora. Para não “esfolar” o cliente, o mecânico testa todas as peças, mas troca apenas “aquele” diodo ou o regulador de tensão. Só que o bendito do alternador tem quase 100 mil quilômetros. Resultado: pouco tempo depois o carro volta com o mesmo sintoma. Só que agora o culpado é outro diodo ou o rotor do alternador. Toca desmontar tudo de novo… Tempo e trabalho perdidos.

 

É preciso lembrar que nos conjuntos, se uma peça entrou em falência por desgaste natural, todas as outras vão entrar em breve. Afinal de contas, elas têm a mesma idade e a mesma vida útil. E o que vale para o alternador, vale para outros tipos de conjuntos. Por exemplo: os rolamentos, os sincronizadores e os garfos de engate de uma caixa de câmbio, as bobinas individuais de um sistema de ignição, os componentes internos de um motor de partida, os tensores de uma correia. E tantos outros…

 

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MAS QUAL O LIMITE ACEITÁVEL?

 

Troca preventiva. Ou seja: uma vez desmontado o conjunto, orçar a peça danificada e aquelas cuja falência tem alta probabilidade em curto espaço de tempo. Por exemplo, no caso do alternador: trocar não só o diodo queimado, mas toda a ponte retificadora, além dos rolamentos, rotor, estator e regulador de tensão. Essas peças podem estar bem hoje, mas e amanhã? É melhor justificar a troca preventiva hoje e o cliente não voltar para um retrabalho, do que ter que refazer todo o serviço e ainda ter um olhar de desconfiança do cliente.

 

Muitos clientes, mas muitos mesmo, por dependerem do veículo, preferem esse procedimento, pois o veículo vai parar uma vez só. Sai mais caro? É claro que sim! Mas o índice de retrabalho é quase zero! É só justificar! Nessa hora não se pode ter dó do cliente. Sim, ele vai ficar contente naquele momento com o orçamento mais barato. Mas e depois? Simples: na hora que o mesmo sintoma reaparecer, a amizade vai virar ódio e, pronto, lá vem reclamação no Procon.

 

Justificar uma troca preventiva é muito mais fácil do que explicar um retrabalho (e cobrar pelo mesmo). Se o cliente não concorda e quer apenas a troca dos itens danificados, que ele assine um termo de responsabilidade e arque com outra mão de obra depois. Mas tudo às claras. Um orçamento contendo trocas preventivas, devidamente justificadas, mostra transparência, honestidade e preocupação com o cliente.

 

Outro ponto importante é a qualidade daquilo que será aplicado no veículo. Peças remanufaturadas? Somente as feitas pelo fabricante da nova, ou por um fornecedor de inteira confiança. E com total anuência do cliente. Jamais aplique uma peça remanufaturada sem autorização.

 

E mais: nunca, mas nunca mesmo, aplique uma peça remanufaturada dizendo que é nova. Se isso for descoberto, adeus cliente e reputação. E se a mesma der defeito: assuma, substitua por uma nova e encerre o assunto. Posteriormente, cobre o prejuízo do fornecedor. Nunca devemos esquecer que a confiança que o cliente deposita no mecânico é a mesma que um paciente deposita no médico. Ela é praticamente infinita. Mas uma vez quebrada, é impossível de ser recuperada.

 

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2 comentários em “Artigo – Troca preventiva de componentes: quando reaproveitar não vale a pena

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