por Fernando Landulfo
A função de um sistema de arrefecimento é transferir calor do interior de um dispositivo para o meio ambiente. Não importa se esse dispositivo é um motor de combustão interna, um compressor de ar, ou mesmo uma transmissão automática.
Essa transferência pode ser feita de diversas formas. Mas no universo automotivo, predominam apenas duas:
a) Insuflar ar sobre um conjunto de aletas, popularmente conhecido como “arrefecimento a ar”.
b) Circular um líquido no interior de galerias internas ao dispositivo e posteriormente resfriá-lo (para que possa continuamente repetir esse processo), popularmente conhecido como “arrefecimento a água”.
O sistema de “arrefecimento a ar”, devido a sua extrema simplicidade, dispensa maiores explicações. No entanto, vale a pena apenas comentar que a tensão da correia do ventilador e o confinamento do sistema como projetado pelo fabricante são imprescindíveis para o seu bom funcionamento.
Já o sistema que utiliza líquido é bem mais complexo, envolvendo uma quantidade bem maior de componentes, como por exemplo: bomba, tubos, galerias internas, vedações, válvula termostática, reservatório, tampa com válvula reguladora de pressão, mangueiras, trocadores de calor, ventiladores e, não menos importante, o fluido de arrefecimento.
E o bom funcionamento desse tipo sistema depende diretamente do bom funcionamento de cada um desses componentes, assim como, de uma harmonia entre eles. Ou seja: se um falhar, todo o processo fica comprometido (perde eficiência ou falha de uma vez).
Neste ponto, o fluido tem uma grande responsabilidade.
O uso prolongado de um fluido inadequado pode, além de reduzir a eficiência do sistema, diminuir a vida útil dos componentes.
Do Que É Formado o Fluído de Arrefecimento?
Em um passado bem distante, quando os motores tinham potencias bem mais baixas e trabalhavam bem mais frios, a água servia como fluido de arrefecimento. É claro que problemas como corrosão e ebulição ocorriam. Mas eram encarados com alguma tolerância.
No entanto, como passar do tempo, não só os motores, mas o sistema de arrefecimento foi sendo cada vez mais exigido. Resultado: a água por si só, não servia mais como fluido de arrefecimento.
Agora, esse importante componente do sistema, além de fazer o transporte do calor, também precisa:
• Evitar a corrosão do sistema;
• Ter um ponto de ebulição elevado e ponto de congelamento reduzido (a pressão positiva do sistema é a principal razão para o aumento do ponto de ebulição, mas uma formulação química adequada também colabora);
• Proteger as vedações e os demais componentes;
• Ter reduzida tensão superficial: melhor penetração nos poros dos metais (maior proteção contra o desgaste);
• Lubrificar a bomba d’água e a válvula termostática;
• Ter baixa condutividade elétrica: evita eletrólise no sistema;
• Proteger da cavitação.
E para isso necessita de uma formulação química adequada e balanceada. Ou seja: cada tipo de motor e de sistema necessita de um fluido adequado.
Mas Como Fazer Isso?
Simples: misturando, na proporção certa, água com aditivos apropriados. Mas que aditivos são esses? O que fazem? Existe alguma norma ou regulamentação que os controle?
Sim: a norma ABNT NBR 13.705 / 96 (Aditivos para arrefecimento de motor endotérmico, tipos A e B, concentrados – Requisitos e determinação das características).
A conformidade com esta norma deve ser confirmada por meio de documentos a serem oferecidos pelo fabricante (meio físico ou eletrônico).
Um aditivo normalizado deve apresentar (segundo INMETRO1):
• Etileno Glicol em sua composição;
• Ação preventiva contra o congelamento do sistema (temperatura de congelamento inferior a -33ºC)2 ;
• Ação preventiva contra o super-aquecimento do sistema (temperatura de ebulição superior a 163ºC)²;
• Ação anticorrosiva (PH entre 7,5 e 11,5 (ABNT 13.705/96)):
◆ Perda máxima de massa de cobre do corpo de prova: 10 mg
◆ Perda máxima de massa de solda do corpo de prova: 20 mg
◆ Perda máxima de massa de latão do corpo de prova: 10 mg
• Teor de água inferior a 5% (ABNT 13.705/96)
No entanto, é também desejável que o mesmo atenda a normas internacionais como: ASTM D7714, ASTM D7715.
Mas Qual Comprar?
De preferência, o recomendado pelo fabricante do veículo. Mas aqueles que atendem as especificações do fluido original de fábrica e as normas vigentes também podem ser utilizados.
Mas é preciso lembrar sempre que não existe um aditivo universal. Cuidado na hora de aplicar. Consulte sempre o catálogo do fabricante.
Também é preciso tomar cuidado com:
• As proporções: uma superdosagem é tão prejudicial quanto a falta do aditivo na formulação;
• A água a ser utilizada: de preferência, a desmineralizada.
1 Programa de Análise de Produtos – Relatório sobre Análise em Aditivos para Radiadores. Ensaios de acordo com a Norma ABNT 13.705/96.
2 Solução a 50% com água
Olá Ucivaldo,
A Revista O Mecânico não pode dizer qual produto é melhor para seu veículo, siga as instruções do manual do proprietário.
Atenciosamente,
Revista O Mecânico
Qual o melhor aditivo pro meu radiador, Corsa classic 2015
Olá, boa noite.
Meu carro, um Gol G2, Mi, 8v, 1.0, ’97. Não compro aditivo de arrefecimento por marca, mas sim, pelas referências e informações… E é desta forma que opto pelo que tem justamente as informações dispostas aí nesta matéria.
ABNT 13705/96
ASTM D7714 e ASTM D7715.
Outro, não aceito.
Obg.