Peças com o selo do Inmetro são garantia de qualidade e segurança para quem as instala no veículo
Texto: Fernando Lalli
Fotos: Arquivo
O mecânico que trabalha com ética e conhecimento sabe que é o responsável pelo componente instalado no reparo em qualquer veículo. Por isso, faz questão de usar apenas peças de qualidade comprovada.
Mas, com a crise afetando o bolso de todo mundo, o cliente quer receber o orçamento mais barato possível. Por isso, ele mesmo quer comprar a peça que será instalada, com a desculpa de que quer baratear custos. E é aí que o mecânico tem que prestar atenção e se resguardar para garantir a qualidade de seu serviço. Se o cliente vai comprar a peça, ela tem que ser de boa procedência.
Uma das formas de se comprovar que a peça tem qualidade é verificar se o produto possui o selo do Inmetro através da certificação compulsória de autopeças. A certificação é uma forma de garantir ao consumidor a compra de produtos de qualidade porque inibe a venda de componentes de procedência duvidosa
O objetivo da entidade é garantir a qualidade do produto e a segurança do usuário, levando em consideração o impacto no meio ambiente, promover a concorrência leal, facilitar o comercio internacional e reforçar o mercado interno. “A certificação do Inmetro é a garantia de que o produto atende aos requisitos mínimos de qualidade”, afirma Joe Tolezano, coordenador técnico do IQA (Instituto da Qualidade Automotiva), organismo acreditado pelo Inmetro.
Prazos vencidos para o varejo
Desde 2011, os componentes que passaram pelo programa de Avaliação da Conformidade foram: amortecedores, Arla 32, terminais axiais, terminais de direção, barras de direção e de ligação, baterias, bomba de combustível (para motores do Ciclo Otto), buzina, catalisadores, componentes de motor (pistão de alumínio, anéis de pistão e bronzinas) componentes para motocicletas, eixo veicular (para pesados), fluido de freio, lâmpadas automotivas, pino rei, pneus e rodas, plataformas elevatórias (para caminhões), quinta-roda e vidros automotivos.
De todos esses componentes, apenas pastilhas e lonas de freio para pesados podem ser vendidas sem o selo do Inmetro para o público final – até a data de 28 de junho de 2017. A fabricação dessas peças e o estoque em distribuidores já está proibido. O mecânico, que também acaba sendo um revendedor de peças, tem que ficar ligado com o seu estoque na oficina: ele não poderá comercializar pastilhas e lonas sem certificação depois do prazo final.
“Com a certificação compulsória, o que tem que ficar claro é que, uma vez existindo a certificação em vigor no varejo, não se pode vender aquela peça sem o selo do Inmetro”, aponta Tolezano. Por isso, já que o cliente quer comprar a peça, também vale a pena alertá-lo a respeito. “Se houver casos de revenda de peça mais barata porque não possui certificação, trata-se de uma atividade ilegal”, declara o especialista.
As normas valem para peças nacionais e importadas em todo o território brasileiro. Durante a elaboração das normas, o Inmetro leva em conta os impactos tanto para o público quanto para as empresas, uma vez que o programa se destina tanto ao pequeno quanto ao grande produtor. “Os critérios de segurança da peça estabelecidos na certificação devem ser atendidos por todos os fabricantes”, afirma o especialista.
Consenso e envolvimento
A certificação compulsória de autopeças acontece dentro do programa de Avaliação da Conformidade do Inmetro. O programa prioriza peças de segurança veicular ou que tenham relação direta com o impacto no meio ambiente. No entanto, o resultado dessa ação depende da sintonia entre a entidade, a indústria e a sociedade civil.
Algumas ausências causam estranhamento para quem não acompanha o processo de perto. Por exemplo, por que amortecedores são certificados, mas não as molas de suspensão? Por que pastilhas e lonas de freio agora têm o selo do Inmetro enquanto discos e tambores ainda não estão passando pelo mesmo processo?
O coordenador técnico do IQA explica que o calendário de certificação de peças respeita o Plano Quadrienal do Inmetro, no qual são incluídas todas as certificações do órgão, não só as dos produtos automotivos, e é revisto anualmente. As demandas de certificação são levantadas pelo próprio instituto – ou são trazidas pela sociedade, pelas indústrias ou pelos entes de classe, e posteriormente estudadas pelos técnicos do Inmetro. Naturalmente, essas demandas não seguem uma ordem linear, porque surgem de várias frentes de trabalho.
Prazos da certificação do Inmetro
Para que a certificação entre no Plano Quadrienal e seja aplicada na prática, deve haver uma consonância entre sociedade e indústria. “A velocidade com que o processo se desenvolve depende muito do envolvimento das associações de classe e do público de uma maneira geral”, conta Joe Tolezano.
O especialista dá como exemplo a certificação de materiais de atrito para freios de veículos leves e pesados, que nasceu do envolvimento direto das empresas que fabricam esses componentes através da comissão formada através do CB-005 (Comitê Brasileiro Automotivo, que trabalha na normatização do setor dentro da ABNT). Ou seja, o trabalho esteve focado especificamente em pastilhas e lonas, e não no sistema de freios como um todo. Essa comissão ainda está ativa, revendo e aprimorando as normas para a certificação.
Irregularidades no mercado
Com a certificação, o mecânico tem a certeza de que a peça que ele instala no veículo atende ao que foi especificado e evita casos de retrabalho por retorno. O selo do Inmetro comprova que aquela peça tem os requisitos mínimos de segurança, meio ambiente e qualidade. O selo pode estar impresso tanto em alto relevo quanto adesivado. A forma varia de acordo com a norma para cada peça. Em caso de dúvida, o mecânico pode consultar o certificado da fabricante da peça que pode ser consultado no site do Inmetro: www.inmetro.gov.br/prodcert/
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