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Manutenção da suspensão do HB20 Hatch

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Veja todos os detalhes do passo a passo da troca dos amortecedores dianteiro e traseiro no compacto da Hyundai em sua versão hatch 1.6 com câmbio automático

Texto: Fernando Lalli
Fotos: Alexandre Villela

 

Buracos, guias, valetas, olhos-de-gato, paralelepípedos, lombadas e quebra-molas irregulares… Enfim, na cidade é que a suspensão sofre mais. O manual de manutenção de cada veículo estipula um período para a troca de amortecedores e molas que sempre deve ser levado em consideração. Em alguns casos, as montadoras deixam claro que, sob uso severo, a manutenção preventiva deve ocorrer em intervalo de tempo bem mais curto. E, no caso das peças do undercar, o percurso urbano costuma ser muito mais exigente do que a estrada.

 

Porém, para atestar as reais condições da suspensão, nada dispensa o diagnóstico prático, tanto o visual quando o de rodagem. Molas e amortecedores, quando cansados, afetam diretamente a dirigibilidade do veículo. Em casos mais avançados, vão danificar outras peças do conjunto de suspensão, como os coxins, e causar desgaste irregular dos pneus.

 

Quem explica é o coordenador técnico Alexandre Parise, da fabricante de amortecedores KYB do Brasil. “Se houver desgaste irregular do pneu ou deformação com aspecto de escamas na banda de rodagem, pode ser tanto problema de calibragem, que o fabricante recomenda que seja feita pelo menos uma vez por semana, como também a geometria da suspensão: câmber, cáster e alinhamento, que também deve ser verificada a cada 10 ou 15 mil km”, esclareceu Alexandre. “Essa deformação também pode ser provocada pelo amortecedor. Quando há perda total de ação, isso causa a perda do contato do pneu com o solo e pode gerar também esse tipo de deformação”, apontou.

 

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O Hyundai HB20 1.6 com câmbio automático é um carro essencialmente urbano e já está presente nas ruas do Brasil em considerável frota. Nesta reportagem, fizemos a troca dos amortecedores dianteiro e traseiro em uma unidade desse modelo com 53 mil km rodados, ano 2013. “De uma maneira genérica, a indicação de troca dos amortecedores se dá preventivamente aos 40 mil km e corretivamente a partir dos 50 mil km. Ou seja, já estamos no momento correto de fazer a verificação e também a substituição”, afirmou o coordenador técnico. “Já a recomendação de avaliação e período de troca das molas se dá aos 100 mil km e/ou na segunda troca dos amortecedores”, complementa o especialista.

 

Alexandre contou também que a KYB, que está na reposição desde 2014, fabricando os amortecedores originais do HB20. Segundo o especialista, os amortecedores da empresa não vêm com certificado de garantia (que é de 2 anos ou 50 mil km para linha leve e de 6 meses para linha pesada e utilitários), mas, sim, possuem código de rastreabilidade. Um detalhe: esses amortecedores já vêm com as porcas autotravantes de fixação da haste, que devem obrigatoriamente substituir as antigas. Portanto, nada de economizar: troque todas as peças necessárias, porque o serviço na suspensão é uma questão de segurança para o proprietário do veículo.

 

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Desmontagem do amortecedor dianteiro

1. A ponta da haste e sua porca são cobertos por uma proteção plástica, que precisa ser removida. Sua função é evitar oxidação e acúmulo de sujeira no local. No momento da montagem, não se esqueça de recolocá-la.
 

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2. Solte a porca de fixação do prato superior com chave 17 mm, segurando a haste do amortecedor com outra chave 7 mm.

 

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3. Ainda na mesma posição, Alexandre orienta que seja feita a quebra do torque da porca do coxim superior, utilizando chave 19 mm na porca e a mesma chave 7 mm do passo anterior segurando a haste. O peso do veículo apoiado sobre a roda facilita a remoção em bancada, afirma o especialista. Atenção: faça apenas a quebra do torque da porca, não sua remoção.

 

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4. Em seguida, retorne o prato superior e a porca para que sirvam de apoio até a retirada da torre de suspensão.

 

5. Depois, solte a roda e levante o veículo. Ao remover o pneu, observe o estado da banda de rodagem. Neste veículo, o pneu possuía desgaste normal.

 

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6. Remova o parafuso de fixação da presilha do suporte inferior que fixa o cabo do ABS no amortecedor. Utilize chave 10 mm.

 

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Atenção: O cabeamento do sistema ABS do freio do HB20 passa muito próximo à torre de suspensão. Qualquer descuido no momento da retirada ou da reinstalação do amortecedor no veículo pode atingir e danificar esse cabo.

 

7. Com duas chaves 17 mm, solte, mas não remova, os dois parafusos e as duas contraporcas de fixação inferior do amortecedor.

 

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8. Siga para a bieleta, cuja conexão com o amortecedor também deve ser solta com a ajuda de duas chaves 17 mm. O consultor técnico da KYB orienta que não se use ferramenta pneumática na soltura da bieleta e, principalmente, na montagem. “É um risco desnecessário”, ele disse. “O torque da ferramenta pneumática no aperto é muito forte. Vai fazer com que todo o conjunto gire, efetuando um falso aperto. Ela pode danificar a rótula e começar a gerar ruídos porque, como a bieleta não vai estar apertada no flange, isso vai gerar uma folga, dando a impressão na rodagem de haver um amortecedor ou coxim defeituoso”.

 

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9. Remova os parafusos e contraporcas da fixação inferior do amortecedor previamente soltos. No momento do deslocamento da manga de eixo, o eixo de transmissão fica apoiado sobre o quadro de suspensão, mas tome cuidado para que componentes periféricos, como cabos e flexíveis, não fiquem em posição forçada que possa danificá-los.

 

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10. Retire a porca de fixação do prato superior, previamente solto, segurando o amortecedor por baixo. A torre de suspensão estará livre para ser removida do veículo.

 

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11. Com o amortecedor preso na morsa, faça o encolhimento da mola com ferramenta apropriada, seja hidráulica ou mecânica. As garras devem estar dispostas a 180° uma da outra, pegando o máximo de elos possível. Aperte a mola até que o prato abaixo do coxim fique livre.

 

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12. Como a porca da haste estava previamente solta, é possível removê-la neste momento sem esforço, com chave 17 mm. Lembre-se, claro, de segurar a haste com outra chave 7 mm.

 

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13. Retire o coxim, o prato de encosto da mola e o rolamento, que fica entre estas duas peças.

 

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14. Observe que prato de mola possui calço antirruído embutido. “Um sistema simples e robusto”, comentou Alexandre. Removendo a mola, observa-se outras duas características para atenuar o ruído: o revestimento de borracha no elo inferior (14a) e o calço de borracha no prato inferior do amortecedor, preso por três guias (14b).

 

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15. Retire por fim a coifa e o batente, que devem ser substituídos juntamente com o amortecedor. A verificação visual das peças deve ser feita pelo menos a cada 15 mil km.

 

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Diagnóstico

16. Siga para a análise da haste do amortecedor. O componente retirado, que ilustra este passo a passo, ficava no lado direito do HB20. A peça apresentava uma queima (azulamento) em um dos lados da haste. Isso indica que ali há um empenamento “por menor que seja”, explicou Alexandre, “às vezes, causado por uma batida na guia, por um buraco mais fundo”. Esse empenamento, segundo o especialista da KYB, danifica o cromo da haste, deteriorando-se prematuramente. Com o movimento do amortecedor, esse dano vai afetar o retentor, causando vazamento de gás e fluido hidráulico. “A peça do lado direito, geralmente, é a que sofre mais no veículo, porque a tendência natural na direção é ‘defender’ o lado esquerdo, que é o do motorista”, contou Alexandre. Em casos como esse, a troca do amortecedor é inevitável.

 

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Montagem do amortecedor dianteiro

A montagem segue a ordem inversa da desmontagem, observando os detalhes a seguir:

17. Antes de instalar os periféricos sobre o amortecedor novo, faça o escorvamento (ou sangria) dos amortecedores. O consultor técnico recomenda aos mecânicos descer e subir a haste de 3 a 4 vezes, seja com o amortecedor em pé (posição de montagem) ou pressionando a haste contra a bancada de ponta-cabeça, e depois puxando-a para cima. “Qualquer uma das formas que você escolher funciona”, garantiu Alexandre. Para comprovar que a operação deu certo, movimente a haste novamente e perceba se há carga hidráulica em todo o ciclo. Se o movimento estiver uniforme, siga com o restante da montagem. Dica: não deite o amortecedor após o escorvamento.

 

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18. Ao montar o pacote superior, não se esqueça do rolamento entre o prato e o coxim. Utilize a porca que vem com o amortecedor novo e a rosqueie até dar o encosto, mas não faça o aperto final: este será executado no carro, com a roda já encostada no chão, bem como foi feito na desmontagem.

 

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19. Antes de soltar a ferramenta de encolhimento da mola, observe sua posição correta nos pratos inferior e superior.

 

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20. Ao levar a torre para o veículo, reinstale o prato superior e sua porca apenas para posicionar o conjunto e facilitar a montagem das fixações inferiores. Tome cuidado, no entanto, com o cabeamento do ABS e o flexível de freio.

 

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21. Na porca de fixação da bieleta, faça uso de um torquímetro adequado para dar o torque de aperto final de 40 Nm. Não se esqueça de utilizar uma chave de boca de 17 mm para segurar o encaixe da rótula atrás do flange e evitar que o componente gire em falso.

 

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22. Nos parafusos de fixação da manga de eixo, o torque de aperto final especificado é de 135 Nm em cada um deles. Utilize uma chave 17 mm para segurar as respectivas contraporcas.

 

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23. Retorne com a roda e, com o veículo no chão, aplique o torque final em cada uma de suas quatro porcas de fixação: 140 Nm.

 

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24. Enfim, com o carro no chão, faça o aperto final da porca de fixação do coxim superior. Remova o prato e a porca que serviram de apoio na instalação para alcançar a porca. Lembre-se de utilizar a chave 7 mm para segurar a haste. Alexandre reforça que não se utilize ferramentas pneumáticas no aperto de porcas, principalmente neste caso.

 

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25. Recoloque o prato e faça o aperto final em sua porca. Para encerrar, não se esqueça da capa de proteção da ponta da haste e da porca.

 

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Procedimento no amortecedor traseiro

1. Comece pela retirada da roda. Em seguida, faça a quebra do torque dos dois parafusos da fixação do coxim superior do amortecedor. Entretanto, não os remova.

 

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2. Tal qual na caixa de roda de dianteira, o cabeamento do sistema ABS do HB20 fica bem aparente na região, bem como os flexíveis e o cabo do freio de mão. Fique atento com a movimentação para não danificar nenhuma dessas peças.

 

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3. Faça também a quebra do torque da fixação inferior do amortecedor e, igualmente, não remova o parafuso.

 

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4. Antes de soltar o amortecedor, faça o apoio do eixo traseiro para que ele não “caia” no momento da remoção, o que poderia danificar os flexíveis e cabos. Devido ao carro já estar alto no elevador, neste caso, utilizamos um macaco de transmissão para escorá-lo.

 

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5. Quando apoiado adequadamente, o eixo permite uma fácil retirada do parafuso de fixação inferior.

 

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6. A seguir, remova os dois parafusos da fixação do coxim superior do amortecedor. Assim, o amortecedor traseiro estará livre para remoção.

 

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7. Com o amortecedor traseiro na morsa, comece a desmontagem dos periféricos pela coifa de proteção da fixação superior. Utilizando uma chave 17 mm, solte a porca de fixação do coxim, utilizando outra chave 6 mm para segurar a haste.

 

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8. Se necessário, borrife desengripante para facilitar a remoção.

 

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9. Após a retirada do coxim, remova também o batente e a coifa. Ambas as peças devem ser substituídas juntamente com o amortecedor.

 

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10. Neste momento, observe que a haste possui uma anilha de apoio onde fica encaixado o batente de compressão. No amortecedor novo, essa anilha não é fornecida, por isso, deve ser retirada do amortecedor velho para ser reutilizada. Para a remoção, é necessário fixar o amortecedor velho na morsa pela haste. Use uma chave de boca 13 mm para servir de sacador. Bata na chave cuidadosamente com um martelo. Eventualmente, a anilha pode “colar” na haste, o que requer mais força na retirada.

 

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11. Encaixe a anilha de apoio na haste do amortecedor novo.

 

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12. Faça o escorvamento no amortecedor novo – tal qual comentado no passo nº 17 do procedimento no amortecedor dianteiro.

 

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O restante da montagem segue o processo inverso da desmontagem, observando os seguintes detalhes:.

 

13. O torque de aperto final indicado no parafuso de fixação inferior do amortecedor traseiro é de 140 Nm.

 

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14. Por sua vez, o torque de aperto final indicado nos parafusos de fixação do coxim superior do amortecedor traseiro é de 80 Nm.

 

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6 comentários em “Manutenção da suspensão do HB20 Hatch

  1. Boa tarde! Tenho um HB20 1.0 2014, com 40 mil Km, posso trocar todo o conjunto de suspensão, pelo do HB20 Mod 2016? Já que dizem ser melhor, por ser mais rígida e os batentes serem melhores. Sim ou não? Obrigado um abraço!

  2. Tenho um HB20 14 o msm apresenta um barulho ,mas se eu ando sem o prato superior o barulho para , e quando coloco o prato o msm volta ,. Foi trocado os amortecedores dianteiro , qual a altura correta d prato referente a carroceria e qual a altura da porca q fica. Em baixo d prato?

  3. obrigado pela atenção sobre suspenção gosto muito estou atrás de mais conhecimento sobre a área sou mecânico de carros linha leve estou montando minha primeira oficina

  4. gosto muito do serviço de suspensão, por isto todas as informações são validas.

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