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Qualidade em Série: Reparo preciso em caixas de transmissão

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Oficinas especializadas em serviços de câmbio, seja manual ou automático, devem dar exemplo em treinamento, organização e limpeza; certificação do IQA avalia principais pontos nos quais essas oficinas precisam se destacar

Texto: Fernando Lalli
Fotos: Arquivo

 

Por muito tempo, quase todo carro leve nacional tinha o mesmo tipo de sistema de transmissão: caixa manual de quatro ou cinco marchas. Veículos automáticos eram poucos: importados ou nacionais de luxo, com raras unidades circulando pelas ruas. Agora que o mercado brasileiro acompanha mais de perto as gamas americana e europeia, não só o câmbio automático “puro” se popularizou como outras tecnologias (automatizados, CVT, dupla embreagem) chegaram para ficar.

 

Poucas linhas de veículos, hoje, não oferecem opções diferenciadas de transmissão. Inclusive entre os veículos pesados, câmbios automáticos e automatizados estão crescendo em vendas a cada ano. A tendência a longo prazo é que o câmbio manual não seja mais tão dominante no mercado. “Em 2014, 16% dos veículos vendidos no Brasil tinham câmbio automático, automatizado ou CVT”, observa Sérgio Ricardo Fabiano, gerente de serviços do IQA (Instituto da Qualidade Automotiva). O brasileiro se acostumou a dirigir sem precisar mudar de marcha – e as oficinas mecânicas já encaram essa realidade.

 

Percepção de qualidade

O reparo da transmissão, seja automática ou manual, precisa seguir um processo adequado, cujo resultado depende diretamente da estrutura do local onde o serviço é feito. Consertar caixas de câmbio requer espaço, ferramentas e treinamentos específicos. Por isso, a pedido do próprio mercado, o IQA criou a certificação de oficinas com foco especial em reparo de transmissão. Essa certificação avalia mais de 130 itens, dando ênfase aos processos específicos em busca da qualidade e da precisão no reparo de um sistema tão complexo.

 

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Os pontos principais que a oficina especializada em transmissão deve focar são organização, limpeza, aparência estética e reputação. Esses quatro pontos, somados, criam a percepção de valor agregado ao cliente que justificará o custo do serviço.

 

“A reputação consiste no modo como a oficina mostra a qualidade do seu serviço. Se a oficina desenvolver um serviço de qualidade, o cliente vai perceber e a oficina vai se destacar. Em oficinas de transmissão automática, esse é um ponto-base, afinal, o custo da mão de obra é maior”, declara Sérgio Ricardo Fabiano. “Uma oficina que pretenda começar a reparar transmissões tem que focar e se preparar para isso, para que se tenha um resultado positivo para o negócio”, observa.

 

Veja a seguir alguns pontos comentados que são avaliados pela certificação para oficinas de transmissão e que podem servir como dicas para o seu trabalho na oficina.

 

Gestão

O proprietário da oficina especializada em transmissão precisa ter ciência do trabalho que ele vai desenvolver, com metas definidas a curto, médio e longo prazo. “O carro que entra nesse tipo de oficina vai ficar mais tempo, porque vai mexer numa peça que tem reparo mais demorado”, afirma Sérgio. A oficina precisa manter uma equipe coesa, bem treinada e com equipamentos suficientes para desenvolver seu trabalho da melhor forma. A implementação de ferramentas da qualidade, como o processo 5S (organização e limpeza), vão dar informações ao proprietário sobre o seu negócio.

 

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Layout e instalações

O especialista explica que um fator que influencia diretamente nos resultados é o planejamento do layout, que deve levar em consideração um número determinado de boxes tanto para veículos que vão ocupar o espaço por mais tempo quanto para serviços mais rápidos. “Isso interfere diretamente no faturamento, porque, se a oficina não tem boxes livres, não consegue receber mais veículos para reparar”, afirma Sérgio. “Esse layout tem que ser bem pensado, porque a oficina de transmissão é diferente de uma oficina que faz trabalhos rápidos, onde se tem uma rotatividade maior”, comenta.

 

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O proprietário da oficina tem que pensar em reservar um espaço para abrigar o veículo no qual está sendo trabalhado de forma a preservá-lo corretamente enquanto sua transmissão é consertada, como um pátio coberto. Outra característica especial desejável para o layout desse tipo de oficina é ter faixas bem delimitadas que evite o trânsito de clientes que não estejam acompanhados pelo profissional responsável por seu atendimento. Como o trabalho envolve desmontar peças pesadas, pode haver um acidente sério com um cliente mais desatento que esteja andando pela oficina.

 

Organização da oficina

Para se mexer com transmissões automáticas, as bancadas de trabalho têm que ser extremamente limpas. Além disso, as caixas de câmbio precisam obrigatoriamente ser limpas externamente antes da desmontagem para que o procedimento seja feito com segurança. “Qualquer sujeira ou poeira pode interferir no funcionamento do sistema hidráulico interno após a montagem e danificar o componente”, adverte Sérgio.

 

O ideal é que também exista nas oficinas de câmbios automáticos uma área fechada específica voltada para a desmontagem e montagem de peças de precisão como o corpo de válvulas, moduladores e Conversor de Torque, e que disponha de ferramentas especiais.

 

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Ferramentas e equipamentos

Além das ferramentas básicas e de suporte para a desmontagem (macacos específicos para transmissão, por exemplo), existem muitos instrumentos específicos para testes de componentes e de desmontagem das peças internas. Assim como em outros modelos de oficina, ferramentas de medição devidamente calibradas (torquímetro, paquímetro e micrômetro) são primordiais para o trabalho na transmissão.

 

A oficina também considerar a aquisição de scanners voltados para análise das transmissões. Nem sempre os scanners mais generalistas possuem todas as funções (ou opções de veículos) que o reparo de determinados câmbios necessita. Algumas montadoras ou sistemistas possuem aparelhos específicos para seus sistemas, como no caso da Magneti Marelli, que fornece uma linha de scanners para a análise do sistema Free Choice, que equipa a maioria das transmissões automatizadas no Brasil. Cabe a cada oficina pesquisar as opções disponíveis no mercado conforme as características de sua carteira de clientes.

 

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Para garantir a exatidão do reparo, o plano de manutenção e calibração das ferramentas precisa ser seguido à risca, assim como, a atualização do software dos equipamentos de análise.

 

Estoque de peças

Recomenda-se que o estoque de peças seja bem controlado, com peças em número suficiente: nem mais nem menos. A maioria das peças para transmissão automática, principalmente, são importadas – de alto custo e mais difíceis de encontrar. Por isso, ter um fornecedor com estoque que garanta a “pronta entrega” acelera o atendimento e diminui o problema de o veículo ficar muito tempo na oficina.

 

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Por outro lado, sem um controle rígido sobre esse estoque, corre-se o risco de acumular peças não utilizadas. Afinal, o estoque representa um investimento em dinheiro. O controle rigoroso do estoque e o inventario semestral, de preferência através de um sistema de gestão, diminui perdas. Pode acontecer de ser comprada alguma peça a mais, que já havia no estoque, sem necessidade.

 

O ponto de atenção é quanto ao local de armazenagem, que deve ser limpo e sem umidade. Geralmente são peças mais delicadas, que sofrerão corrosão ou outros tipos de dano se não forem corretamente acondicionadas. Peças como o’rings, por exemplo, sofrem com a dilatação pela temperatura e a umidade. “O estoque de peças é um ponto que a gente observa na auditoria com mais rigor”, avisa o gerente de serviços do IQA.

 

Segurança

Existem EPIs específicos para esse tipo de reparo. Como esse tipo de sistema trabalha com óleo em alta pressão, todos os mecânicos precisam utilizar luva e óculos. “Mexer com óleo pode trazer problemas à pele do operador, por isso, utilizar luva é importante”, observa Sérgio.

 

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Capacitação técnica e treinamento

Toda oficina no Estado de São Paulo, de qualquer escopo, é obrigada a ter um gestor responsável técnico, conforme a Lei Alvarenga (nº 15.297) de regulamentação das oficinas mecânicas. Nos demais Estados, não há determinação por lei, mas é desejável que uma pessoa que tenha conhecimento maior ocupe essa função.

 

Estabelecimentos especializados em câmbio devem trabalhar constantemente para atualizarem a melhor ferramenta de seus funcionários: o conhecimento. A oficina deve dispor dos manuais de reparo para os diferentes veículos e sistemas. Como vários desses manuais são em inglês, o reparador carece de ter pelo menos uma habilidade de leitura da língua inglesa e conhecer os termos técnicos das peças e ferramentas para interpretar corretamente esses manuais.

 

O mecânico de transmissão tem que ser um profissional diferenciado. “A oficina tem que investir muito em treinamento constante. O mecânico sempre tem que estar participando de feiras, eventos e congressos”, comenta Sérgio, dando ênfase à importância de utilizar a internet como aliada na oficina para resolver problemas e conseguir informações adicionais. “O treinamento também é um foco específico na auditoria”, complementa o gerente de serviços do IQA.

 

Sérgio indica instituições que oferecem treinamentos na área:
APTTA (Associação de Profissionais Técnicos em Transmissão Automática)
SENAI-SP
SENAI (Outras unidades)

 

Controle do processo e garantia

O registro da passagem do veículo pela oficina precisa ser rigoroso, desde o check-list de entrada e saída do veículo, diagnóstico, orçamento, enfim, toda a informação sobre o que foi feito, quando foi feito e como foi feito. Isso tudo para evitar problemas de comunicação e relacionamento com o cliente.

 

“O reparo na transmissão é uma manutenção cara e algum problema posterior com aquele veículo, que não esteja relacionado com esse reparo, pode causar reclamação do cliente”. Por isso, tem que haver um registro completo para a oficina se resguardar da responsabilidade caso o suposto problema não tenha relação, direta ou indireta, com o serviço executado. A aplicação da garantia é consequência direta do correto controle dos processos.

 

Meio Ambiente

A oficina tem a responsabilidade em dar atenção especial ao descarte dos contaminantes, com destaque para o óleo de transmissão, e das peças inservíveis. Assim como nos outros modelos de certificação, a caixa separadora água-óleo é mandatória.

 

Normas

Os processos de reparo são regidos por normas NBR, assim como, são base para a própria certificação do IQA. Para os sistemas de transmissão, as normas são a NBR 15.760-1 (para transmissão mecânica) e a NBR 15.760-2 (automática). As oficinas devem adquirir e seguir essas normas. Algumas normas para o setor automotivo estão disponíveis gratuitamente no site de ABNT em parceria com o Sebrae, dentro das Coleções Setoriais Gratuitas. Para baixá-las, basta o reparador se cadastrar no site e acessar o link “Reparo de Veículos”. O endereço do site é https://www.abntcatalogo.com.br/sebrae/

 

Para mais detalhes sobre os modelos de certificação de oficinas do IQA, entre em contato pelo telefone (11) 5091-4545 ou acesse www.iqa.org.br.

 

5 comentários em “Qualidade em Série: Reparo preciso em caixas de transmissão

  1. Muito interessante todas as formas de trabalho cm segurança e respeito ao meio ambiente.
    Sou dono de uma mecânica de veículos e fiquei entereça do..

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