Superbanner - Texaco (30/08 a 24/01/24)

Artigo – Reaproveitar filtros no reparo de caminhões: o barato que sai caro

O-Mecanico-ed-265-suspensao626x553

 

Texto: Fernando Landulfo
Fotos: Arquivo

 

Diz o ditado que o pior cego é aquele que não quer ver. E só não enxerga quem não quer que estamos passando por uma das mais complicadas crises da história do pais. A quantidade de empresas fechando as portas, ou reduzindo a sua capacidade produtiva, é assustadora.

 

Todos os dias, centenas, se não milhares, engrossam as filas dos desempregados. Já os autônomos precisam batalhar muito para conseguir manter os clientes que têm. Uma situação que obriga, quase todo mundo, a apertar o cinto e racionar os gastos. E como nunca se sabe o dia de amanhã, as despesas que não são essenciais devem ser cortadas.

 

E é claro que entre pagar as compras do supermercado e caprichar na manutenção do veículo, a primeira vence de lavada. Nas oficinas, a ordem é quase sempre: “fazer o mínimo indispensável”.

 

O problema é que esse raciocínio, principalmente nos veículos pesados, que muitas vezes são a fonte de sustento de uma família, apesar de ser vantajoso a curto prazo, se levado ao extremo, pode trazer seríssimas consequências a médio e longo prazo. Ora, esse tipo de veículo é caro e para se pagar e prover sustento ao seu proprietário, precisa “rodar” por anos a fio, com um custo compatível com os preços praticados no mercado. Ou seja, quanto mais tempo o “bruto” rodar com boa saúde, melhor.

 

Os filtros são um exemplo clássico de “economia porca” que acaba em desastre.

 

Por mais que pareça o contrário, os filtros de um veículo pesado são muito baratos em comparação com os gastos com manutenção corretiva que a negligência com os mesmos pode trazer.

 

Por exemplo, os filtros de ar de elemento de papel. Quando estão sujos (primário e secundário), devem ser substituídos por novos e nunca soprados com ar comprimido. Essa prática aumenta o tamanho dos poros do papel, que passa a permitir a passagem de grãos de poeira que antes não passavam. Essa economia leva a um desgaste prematuro do motor (ou do turbo), que terá que ser reformado milhares de quilômetros antes do final da sua vida útil de projeto. Ou seja: prejuízo!

 

O filtro de óleo do motor é outra vítima da “economia porca”. Não dá para entender por que um proprietário de um veículo que custa centenas de milhares de reais se recusa a trocar o filtro de óleo a cada troca de troca de lubrificante do motor. Óleo novo, filtro novo! Por que misturar lubrificante velho, sujo e contaminado com o novinho? Por que fazer esse lubrificante novo e caro passar por um filtro cujo interior está contaminado e parcialmente obstruído? Não dá para entender. Colocar a vida útil de um motor que vale dezenas de milhares de reais em risco, para economizar algumas dezenas de reais com um filtro…

 

E os filtros de combustível? “Ah, deixa para a próxima”. Depois reclama da conta do “bombista”…

 

E a lista não para por aí: filtro da transmissão automática, da direção hidráulica e até mesmo da cabine (ar-condicionado). Filtros de cabine mofados e contaminados podem provocar crises alérgicas, ou mesmo, doenças respiratórias que incapacitam o temporariamente o motorista. E quem vai trabalhar por ele?

 

O mais grave é que foi criada uma cultura, não se sabe baseada no quê, que incentiva essas práticas “medonhas”, deixando os Guerreiros das Oficinas de cabelos em pé.

 

Mas o que o mecânico pode fazer?

Ora, o seu trabalho como consultor: aconselhar. Mas também se precaver de futuras reclamações. Mas no final das contas, o dono do veículo é quem decide.

 

O mecânico sabe muito bem que quem estabelece o momento da troca dos filtros é a montadora do veículo. Sabe que o que é descartável deve ser descartado e não reaproveitado. Nos longos treinamentos pelos quais passou, aprendeu que os filtros são a linha de defesa dos sistemas contra a “sujeira do mundo” que ataca e destrói os sistemas do veículo. E que a manutenção preventiva é o “melhor remédio”.

 

Ele também sabe que esse tipo de economia não vela a nada. Trata-se de uma atitude imediatista com graves consequências futuras.

 

ed-265-suspensao4

Envie um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

css.php