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Componentes de motor: nada substitui o novo

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Peças móveis responsáveis pelo movimento do motor sofrem desgaste e algumas delas devem evitar qualquer tipo de recuperação ou reutilização. Veja ainda algumas dicas de manutenção e instalação que as equipes técnicas dos fabricantes das peças passaram especialmente para você

 

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Quase todo mecânico concorda que não há nada mais gostoso do que desmontar e montar um motor. Claro, se tivermos todas as ferramentas adequadas à mão, bancada, cavalete, peças de reposição, informação, tempo… O procedimento de desmontagem e montagem é particular para cada conjunto; às vezes envolve ferramentas específicas e talvez uns macetes aqui e ali que só a experiência no dia a dia da oficina traz. Mas algumas regras são básicas e devem ser observadas sempre.

 

Práticas como o reaproveitamento e o recondicionamento de peças não são recomendadas em vários casos, e veremos que dentro do motor, quase sempre, o melhor a se fazer é trocar a peça para evitar retrabalho, prejuízo e dor de cabeça. Por isso, conversamos com alguns dos principais fabricantes de componentes de motor a respeito das principais dúvidas e problemas que os mecânicos enfrentam em seu trabalho.

 

De cara, é bom reforçar: a lubrificação do motor é primordial para a vida útil de todos os componentes internos do motor. É importante observar as recomendações do fabricante do veículo quanto ao lubrificante, filtro e intervalos de troca. Portanto, sempre oriente seu cliente a ficar atento ao que está determinado no manual do proprietário e lembre-o sempre que manutenção preventiva é economia, e não um gasto – gasto mesmo é a manutenção corretiva, sempre muito mais cara que a preventiva e que seu cliente vai acabar fazendo dali para frente se não prestar atenção nos seus conselhos.

 

Válvulas: sem os recursos adequados, evite recuperá-las

 

Entre os componentes que não devem ser reutilizados ou reformados quando perdem sua especificação estão as válvulas de admissão e escape. “Não é recomendável recuperar as válvulas, logo, se estiverem fora das especificações, devem ser descartadas e substituídas”, diz o consultor técnico da Federal-Mogul, Alexandre Parisi.

 

Já a KS explica que devido ao desgaste natural e aos esforços mecânicos e térmicos aos quais as válvulas são submetidas, não é recomendável a sua reutilização. A empresa explica que, observando alguns critérios técnicos e dimensionais, é possível fazer a retifica do ângulo de assento, mas, se a oficina não tiver domínio sobre esses recursos (ferramental e manuais de reparação), a única coisa a fazer é a substituição pura e simples da peça. “Mesmo reaproveitando a válvula, a vida útil vai diminuir, porque com menos material a válvula vai durar menos”.

 

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Devido ao desgaste natural da peça, não é recomendável a sua reutilização

 

No caso de motores com tuchos hidráulicos, não existe manutenção preventiva para as válvulas. “Para se alcançar uma durabilidade maior do componente é recomendado fazer a manutenção preventiva do motor e também do veículo (filtros, óleo, regulagens etc)”, declara o setor técnico da Mahle. Em motores sem os tuchos hidráulicos, as folgas de trabalho devem ser reguladas periodicamente conforme orientação do manual de serviços do fabricante. “Tanto as folgas excessivas (que causam ruídos, desgaste, perda de rendimento do motor e consumo de combustível) quanto às folgas insuficientes (que causam válvulas queimadas e/ou má vedação, desgastes e desempenho insatisfatório) impactam diretamente na vida útil das válvulas”, alertam os técnicos da KS.

 

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Em motores sem os tuchos hidráulicos, as folgas das válvulas devem ser reguladas conforme orientação do manual de serviços do fabricante.

 

Instalação segura das válvulas

 

Para a instalação das válvulas, Alexandre Parisi da Federal-Mogul recomenda fazer algumas verificações antes do serviço.

• Nunca instale válvulas danificadas ou tortas;

• Tenha a certeza de estar usando as válvulas corretas para o seu motor;

• Verifique o interior da cabeça da mola da válvula para ver se ela está gasta
ou danificada;

• Assegure-se de usar novos clipes e retentores de haste de válvula quando
instalar a válvula;

• A haste de válvula deve ser lubrificada adequadamente com óleo limpo de
motor antes da sua inserção.

 

Observe também se a carga da mola de válvula está dentro dos valores prescritos pelo fabricante do motor. “Na dúvida melhor trocar, pois são itens baratos, mas que podem causar muitos problemas se perderem a tensão: a válvula pode se chocar com a cabeça do pistão”, avalia o instrutor técnico do SENAI, Fernando Landulfo.

 

A equipe técnica da Mahle complementa citando o alinhamento entre o conjunto formado pela válvula, sede de válvula e guias de válvula em relação ao alinhamento do cabeçote. “Em alguns casos, é recomendável o uso de alargador na guia de válvula para tirar imperfeições produzidas durante a instalação da guia no cabeçote, assegurando folga uniforme”, afirmam. O instrutor Fernando Landulfo conclui dizendo que é preciso ter em mãos as especificações do fabricante: “alargar demais pode provocar movimento lateral da válvula dentro da guia e consequentemente problemas de assentamento e vedação”.

 

Uma instalação correta garante a vida útil do componente, que pode durar todo o ciclo de vida do motor, mas “a manutenção deficiente do motor e o uso severo do mesmo podem diminuir drasticamente a durabilidade de uma válvula”, dizem os técnicos da KS. “Existem casos de quebras das válvulas com graves danos ao motor, porém essas quebras são raras e, normalmente, são consequências de outros problemas como, por exemplo, o sobre giro e atropelamento de válvulas”.

 

Não rebaixe os pistões

 

O conjunto formado pelo pistão e seus anéis é mais delicado do que muitos imaginam. O setor técnico da Mahle explica que “em temperatura ambiente, o pistão possui um perfil em forma de barril na sua lateral que, após vários quilômetros, sofre desgaste e perde a sua forma original, afetando a folga entre o pistão e o cilindro”. Essa deformação, quando ocorre, impede que um pistão com baixa quilometragem possa ser reutilizado após uma manutenção no motor.

 

“O componente não pode ser recondicionado, pois é normalmente fabricado em liga de alumínio e sofre desgaste com o uso, perdendo o perfil original”, argumenta a equipe técnica da KS. Outro procedimento que a fabricante não recomenda, e que acarreta problemas no motor, é usinar (rebaixar) o topo dos pistões. “Esse procedimento é muito comum em motores diesel devido a retrabalhos no bloco do motor, isto causa problema no pistão porque a câmara de combustão fica deslocada em relação ao ponto de ignição”, comenta.

 

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Não tente “consertar”o pistão. Se ele estiver fora das especificações, substitua-o por um novo

 

Cuidado ao reaproveitar o pistão: há casos e casos

 

A KS afirma que o reaproveitamento da peça depende de alguns critérios: se um motor rodou apenas 10 mil km e apresentou, por exemplo, um problema nos anéis de segmento e alto consumo de óleo, os pistões podem ser reaproveitados desde que o mecânico meça suas dimensões, além de examinar os anéis e cilindros, e comprove que as folgas, principalmente das canaletas, estão mantidas. “Caso essa verificação apresente valores dentro das tolerâncias de montagem, o aplicador irá proceder à troca somente dos anéis de segmento e reutilizar os mesmos pistões”, garante a equipe técnica da fabricante.

 

Mas em outra situação hipotética em que um motor apresente o mesmo problema, porém, já com 100 mil km rodados, é bem provável que os pistões tenham desgastes excessivos, impossibilitando a sua reutilização.

 

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Meça as dimensões do pistão antes de determinar que ele pode ser reinstalado

 

A substituição do pistão envolve alguns cuidados, sendo que o principal deles é respeitar o lado de montagem, indicado por sinais gravados na peça. Como explica Alexandre Parisi, da Federal-Mogul, o pistão possui lado de montagem por dois principais motivos. “O primeiro motivo é o pino do pistão que, ao contrário do que parece, possui um deslocamento, ou seja, ele não está centralizado na peça. Normalmente, esse deslocamento é dirigido para o lado de maior pressão de contato com o cilindro. Este deslocamento, que varia de 1 a 3 mm, em média, serve para fazer com que o pistão trabalhe levemente inclinado no interior do cilindro. Essa inclinação proporciona pontos de apoio estratégicos. Com isso, o motor trabalha com maior suavidade, além de eliminarmos os ruídos gerados pelo choque do pistão com o cilindro nos momentos de inversão de sentido (PMS e PMI). Fora os ruídos, estes choques levam à fratura do pistão, caso ele seja submetido a este regime de trabalho. Aqui cabe salientar que, se no momento da montagem o aplicador inverter a posição desta peça, o resultado será a famosa ‘batidinha de saia’. O segundo motivo que determina o correto posicionamento do pistão é o topo da peça. Nesta região encontram-se, algumas vezes, rebaixos para válvulas e outros desenhos específicos para cada projeto de motor. Neste caso, a montagem incorreta poderá acarretar, além dos ruídos, danos mais sérios, como o choque das válvulas com os pistões. Por esta razão é que existe a flechinha (seta) ou algum outro indicativo de posição gravado no topo dos pistões”, detalha.

 

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Respeite o lado de montagem, indicado pelos sinais gravados na cabeça do pistão

 

O procedimento de instalação dos pistões varia de acordo com o tipo de montagem. Existem aplicações onde o pistão é montado sem trava, ou seja, é feito o aquecimento da biela para posterior montagem do pino no conjunto, como explica a Mahle. “Neste caso se deve atentar à temperatura de montagem especificada por cada montadora e também se recomenda a utilização de forno de indução para aquecimento da peça. Nunca use maçarico”, orienta o setor técnico da fabricante.

 

Bielas e Virabrequim: retífica se não houver trincas

 

Dependendo do tipo de biela, é possível substituir as buchas, retificar o alojamento e corrigir determinadas deformações e desalinhamentos dentro de critérios técnicos (paralelismo e perpendicularidade especificados pelo fabricante do motor). Quem afirma isso é a KS. “Lembrando que hoje é muito utilizada a biela fraturada que, em caso de deformações do alojamento (ovalização), não é possível a sua recuperação. Neste caso, recomenda-se sempre a sua substituição”, esclarecem. A equipe técnica da marca também explica que uma biela com deformações (muitas imperceptíveis visualmente) provoca desgaste irregular nos pistões.

 

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O colo das bielas deve ser medido várias vezes em seu entorno com relógio comparador

 

A Federal-Mogul diz que, para verificar se uma biela pode ser reutilizada, deve ser feito um teste de “Magnaflux” para identificar trincas externas ou pontos de fadiga que poderão fazê-las quebrar ou empenar. Já para verificar as dimensões dos colos das bielas, elas devem ser montadas e apertadas com torque, com alinhamento correto. Em seguida, o relógio comparador é calibrado e aferido conforme tabela padrão de dimensões fornecido pela montadora. “O colo das bielas deve ser medido várias vezes em seu entorno. O mesmo acontece com o pé da biela (por onde passa o pino que segura a biela ao pistão). Somente os colos de biela podem ser recuperados”, diz Alexandre Parisi, consultor técnico da Federal-Mogul.

 

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Bielas fraturadas (acima) quando ovalizadas não podem ser retificadas. Já as bielas não fraturadas (abaixo) devem observar critérios técnicos antes da retífica

 

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Como e quando reutilizar as bielas

 

A Mahle explica que as bielas (quando não fraturadas) podem ser reutilizadas tomando-se as seguintes precauções:

• Sempre substituir as buchas e os parafusos;

• Verificar empenamento, alinhamento e torções;

• Verificar a ovalização dos alojamentos de buchas e bronzinas e montar com
folgas e torques especificados pela fabricante do veículo;

Caso esteja fora das especificações de fábrica, descarte a peça. Na instalação, verifique o alinhamento correto das buchas em relação ao alojamento da biela.

 

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A retífica do virabrequim também deve respeitar as especificações do manual de reparo de cada veículo

 

Já o virabrequim deve passar pelo mesmo teste de “Magnaflux” para verificar se não há trincas, como afirma a Federal-Mogul. Se aprovado, ele pode ir para a retífica, onde terá seus colos de bielas e de mancais desbastados e polidos para um perfeito assentamento das bronzinas. Depois, a peça segue para o balanceamento. “Se o virabrequim ficar armazenado por longo período, é bom que seja aplicado um óleo para proteção e nunca armazenar a peça deitada, mas, sim, em pé ou pendurada. Não colocar a mão na parte retificada, nem bater”, orienta o consultor técnico da fabricante. Mas cuidado: existem virabrequins que não podem ser retificados como os dos motores Ford com 16 válvulas. Sempre consulte o manual de reparo antes do serviço.

 

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Na instalação, limpe os alojamentos e lubrifique a superfície de contato da bronzina com o eixo

 

Bronzina ou casquilho: nunca o reutilize

 

Cada um chama de um jeito, mas a bronzina (ou casquilho), nunca deve ser reaproveitado. Sua manutenção preventiva é a lubrificação correta do motor durante a vida dentro do carro, como todas as peças que vimos até agora. Para a Mahle, na substituição da bronzina recomenda-se verificar seus alojamentos, sua posição de montagem de acordo com o rebaixo da bronzina (quando houver), limpar os alojamentos antes da montagem e lubrificar a superfície de contato da bronzina com o eixo.

 

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Bronzinas sofrem desgaste pelo uso e jamais devem ser reutilizadas

 

Regras para a instalação

 

A KS explica que o aspecto fundamental na instalação da bronzina é o ajuste do conjunto, observando principalmente:

• Circularidade dos alojamentos de biela e mancal,

• Folga radial (conhecido como folga de óleo),

• Folga axial das bielas e mancal,

• Desalinhamento dos mancais fixos (bloco),

• Rugosidade dos colos de virabrequim.

 

“Um dos erros mais comuns que acontecem é a montagem das bronzinas com a posição invertida”, revela Alexandre Parisi, da Federal-Mogul. “Na maioria das bronzinas, existe apenas um furo de lubrificação, onde deve ser montado nos mancais do bloco. Por isso, é preciso certificar-se de que esse furo esteja posicionado corretamente com o duto de lubrificação. Caso os casquilhos sejam montados do lado errado, a lubrificação do motor será certamente prejudicada, chegando até a soldá-los ao virabrequim devido ao calor produzido pelo atrito e a falta de lubrificação”, adverte o consultor técnico. Para evitar esse erro, em alguns motores, as bronzinas de biela vêm com definição de montagem descrita em um pequeno formulário de aplicação interno em sua embalagem e nas costas da própria bronzina.

 

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Caso as bronzinas sejam montadas do lado errado, a lubrificação do motor será prejudicada

 

Garantia

 

Todas as fabricantes de autopeças entrevistadas para esta matéria (Federal-Mogul, Mahle e KS) garantem que a peça disponível na reposição é exatamente a mesma fornecida para aplicação original nas montadoras de veículos. Mas caso seja necessário acionar a garantia, as empresas pedem para que o mecânico que adquiriu a peça se dirija ao distribuidor responsável pela venda ou entre em contato nos seguintes telefones:

• KS: 0800-721-7878

• Federal-Mogul: (11) 2313-3423

• Mahle: 0800-015-0015

6 comentários em “Componentes de motor: nada substitui o novo

  1. A dúvida é biela com encaixe posso usar bronsinas lizas pois a mahle só fabrica bronzinas lizas para linha palio com medida std

  2. Verifiquei uma situação a princípio estranha, que nunca tinha visto antes, e gostaria de tirar uma dúvida.

    É possível ter códigos de cor diferentes entre a capa superior e inferior dos casquilhos fixos de um motor?

    Estou com um Honda Civic G10 (2017) que teve problema no motor, onde apenas o casquilho móvel de 3 das 4 bielas tiveram problema… uma delas está perfeita. Os casquilhos fixos estão todos novos, mas reparei que todas as 1/2 luas inferiores tem o código de cor verde e 2 das 5 capas superiores tem código de cor marrom e as outras 3 o mesmo verde esperado.

    Isso é possível de ocorrer numa seleção de bronzinas para um motor ou foi realmente uma montagem errada?

  3. Se seu motor foi totalmente retificado, deves utilizar o óleo recomendado pelo fabricante. Se for 5w30, podes utilizar sem problemas, mas tome o cuidado de realizar a primeira troca de óleo logo após os 500 km rodados, afim de eliminar rebarbas e restos de usinagem. Depois ciclos normais, motor justo como novo…só tome cuidado no amaciamento, pegue leve até uns 1000 km…

  4. O meu celta 2009/2010 flex bateu o motor e está sendo todo retificado e está com 126.000km, quero saber se eu posso usar o óleo 5w30 após a retífica do motor? sendo o motor retificado, ainda existe folgas? desde já agradeço!

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