Desempenho a serviço da eficiência

 

 

Motor 1.0 de três cilindros com turbo e injeção direta surpreende pela força e economia; manutenção básica é simples, mas há pouco espaço para reparos mais complexos no motor e câmbio

 

Texto: Fernando Lalli

Colaboração técnica: Fernando Naccari

Fotos: Alexandre Villela e Isabelly Otaviano

 

Difícil não se empolgar ao volante do Volkswagen up! TSI. Com peso de carro 1.0 (951 kg na versão move up!) e força de motor 1.6 (potência de 101/105 cv e torque de 16,8 kgfm), sua capacidade de aceleração é um convite a desafiar o bom senso. Entretanto, este carro não foi concebido para se tornar um esportivo puro-sangue, mas, sim, para ser (ainda mais) ágil no trânsito e muito econômico.

 

Para se ter uma ideia de como o motor trabalha sem esforço, nas mãos da Revista O Mecânico, o up! TSI atingiu consumo médio de 15 km/l utilizando etanol. Considerando o tanque de combustível de 50 litros, o modelo pode ultrapassar tranquilamente os 700 km de autonomia, considerando uma rodagem que combine cidade e estrada.

 

Quando se olha os números de desempenho divulgados pela fábrica, a surpresa é um pouco menor: aceleração de 0 a 100 km/h em 9,1 segundos e velocidade máxima de 184 km/h. Mas não é exagero dizer que nenhum outro carro fabricado no Brasil anda tão rápido gastando tão pouco combustível.

 

Esse equilíbrio entre desempenho e economia escancara o quanto o up! está tecnologicamente à frente de todos os seus concorrentes diretos no mercado. Para quem torce para o mercado brasileiro evoluir o mais rápido possível, é uma pena que este modelo ainda não tenha decolado nas vendas: aparentemente, o consumidor médio do nosso país ainda prefere comprar carro por metro quadrado… A versão que testamos, Volkswagen move up! TSI, com o pacote de opcionais, custa R$ 45.813,00.

 

A versão turbinada do subcompacto da Volkswagen é oferecida como um pacote opcional para as versões move up!, high up!, black/red/white up! e cross up!. Há ainda a versão speed up!, topo de linha com acabamento esportivo, mas a mecânica é exatamente a mesma das demais.

 

Na hora do reparo

Para acomodar o novo motor, foi necessário alongar o up! em 4 cm: o comprimento cresceu de 3,60 m para 3,64 m. Essa mudança não beneficia o trabalho do mecânico debaixo do capô: há pouquíssimo espaço para trabalhar no cofre do motor. A visualização é tão restrita que mal dá para ver o turbo sem procurá-lo atentamente. Porém, itens de manutenção básica como os filtros (óleo, ar e combustível) têm fácil acesso, tal qual a versão aspirada.

 

MOTOR

Três cilindros •• Cilindrada: 999 cm³ •• Quatro válvulas por cilindro, acionadas por balancins roletados •• Duplo comando de válvulas variável na admissão e no escape •• Tampa do cabeçote integra os eixos de comando •• Virabrequim forjado com 4 contrapesos •• Bloco em alumínio •• Potência máxima: 101 cv (gasolina) ou 105 cv (etanol) a 5 mil rpm •• Torque máximo: 16,8 kgfm (gasolina ou etanol) a 1.500 rpm •• Taxa de compressão de 10,5:1 •• Pistões de alumínio e bielas forjadas •• Diâmetro x Curso: 74,5 mm x 76,4 mm •• Coxim do motor fixado no quadro de suspensão é ligeiramente diferente da versão aspirada •• No período de amaciamento do motor, a Volkswagen recomenda que nos primeiros 1 mil km não seja ultrapassada os 2/3 da rotação máxima (4.600 rpm) nem 3/4 da velocidade máxima do veículo (138 km/h). O cuidado deve prosseguir pelo menos por 500 km além dessa marca.

 

 

ALIMENTAÇÃO e IGNIÇÃO

Injeção direta •• Bomba elétrica de combustível •• Pressão máxima de 250 bar •• Injetores de 5 orifícios •• Sensor de etanol posicionado antes da bomba de alta pressão •• Conjunto de corpo de borboleta e acelerador eletrônico (E-GAS) •• Turbocompressor de voluta única (single-scroll) tem rotor com menos de 40 mm de diâmetro •• Válvula wastegate tem comando elétrico •• Intercooler do tipo ar-água integrado ao coletor de admissão •• Capacidade do tanque de combustível: 50 litros.

 

 

ARREFECIMENTO

Triplo circuito de arrefecimento •• Duas válvulas termostáticas separadas para manter temperaturas diferentes no bloco e no cabeçote •• Bloco arrefecido por um circuito de alta temperatura por meio de uma bomba d’água acionada mecanicamente •• Refrigeração do intercooler via radiador auxiliar, que também faz o resfriamento da turbina por meio de uma bomba elétrica, comandada pela ECU, independente do motor.

 

 

LUBRIFICAÇÃO

Tipo: SAE 5W-40 Sintético •• Capacidade: 4,0 litros •• Troca de óleo: a cada 6 meses (5 mil km para uso severo, o que ocorrer primeiro) •• Tampa do óleo no cabeçote e da vareta de nível ficam uma ao lado da outra •• Posição do filtro de óleo é idêntica à versão aspirada.

 

 

TRANSMISSÃO

Transmissão MQ200 manual de 5 marchas •• Relação do diferencial alongada em 26% (3,625:1) em relação à versão aspirada •• Conexão da homocinética no lado do câmbio parece ser do tipo que não vaza na remoção do semieixo. Isso significa que não seria necessário trocar o óleo do câmbio no caso de uma substituição de embreagem, por exemplo.

 

 

 

SUSPENSÃO

Suspensão dianteira do tipo McPherson, com sub-chassi de conceito “crossmember”, barra estabilizadora, braços de controle transversais e mangas de eixo em ferro fundido, com as guias do freio dianteiro integradas •• Suspensão traseira interdependente, com perfil de torção tipo “ômega” e suportes de mola ligados ao perfil •• Aumento de força do motor exigiu mudanças na suspensão, que ganhou amortecedores e molas com mais carga de ação.

 

 

 

 

 

FREIOS

Discos ventilados na dianteira •• Freios dianteiros receberam discos maiores: 256 mm de diâmetro contra 236 mm da versão aspirada •• Curiosamente, o sistema a tambor na traseira, teoricamente menos eficiente, se manteve inalterado, com tambores de 200 mm de diâmetro •• Assentamento das pastilhas leva cerca de 300 km •• Servofreio de 9 polegadas •• Gerenciamento por sistema ABS com EBD (distribuição eletrônica das forças de frenagem), ESS (Sinal de Frenagem de Emergência), MSR (Controle do Efeito Freio Motor) e GMA (Controle do Momento de Giro) •• Troca do fluido a cada 2 anos.

 

 

 

DIREÇÃO

Sistema de direção com assistência elétrica •• Relação de direção: 15,5:1 •• Coluna de direção ajustável.

 

 

CARROCERIA, CLIMATIZAÇÃO e ELÉTRICA

No assoalho, destacam-se os diversos isoladores de temperatura e os extratores aerodinâmicos, que auxiliam o veículo a diminuir a resistência ao ar •• Bateria possui apenas 44 Ah •• Por outro lado, o sistema de climatização carrega mais fluido refrigerante (R134A) do que o normal: 500 g.

 

 

 

 

PERÍODOS DE INSPEÇÃO E TROCA

Velas de ignição: troca a cada 60 mil km ou 3 anos, o que ocorrer primeiro •• Elementos de sincronismo (correia dentada, tensionador e correia de acessórios): 120 mil km ou 4 anos e meio, o que ocorrer primeiro. Verificação a cada 10 mil km •• Inspeção das lonas de freio: a cada 20 mil km •• Filtro de cabine: troca a cada 15 mil km.