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Especial Dia do Mecânico: 2013 – Uma odisseia de trabalho

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Quem se preparou para trabalhar teve um ano pra lá de corrido. Para 2014, as projeções são bastante otimistas em termos de crescimento de oportunidades e volume de serviço, mas a falta de informação técnica continua sendo um problema para mecânicos e proprietários de oficina

 

A opinião é quase unânime: 2013 foi um ano bastante puxado. Com a frota cada vez crescendo mais, as oficinas independentes mais preparadas tiveram um ano lotado de trabalho. Ainda mais se considerarmos que, apesar do esforço das fabricantes de automóveis em manter seus clientes dentro de sua rede de concessionárias, o brasileiro ainda é apegado à figura do “mecânico de confiança”: estudo feito pela consultoria Roland Berger, e divulgado pelo Sindirepa-SP, revela que mais de 50% das manutenções realizadas nos dois primeiros anos de uso dos veículos no Brasil – ou seja, ainda na garantia – ocorrem fora da rede de concessionárias. Depois do fim do prazo de garantia, o índice de manutenção e reparos nas oficinas independentes chega a 90%. “Isso mostra que o consumidor prefere a oficina de confiança, o que gera demanda para o aftermarket”, declara o presidente do Sindirepa-SP, Antônio Fiola, também à frente do Sindirepa Nacional.

Em 2013, segundo o sindicato dos mecânicos, houve um leve crescimento no setor de reparação se comparado a 2012. “A expectativa é que este ano o setor de reposição tenha aumento de 3% no faturamento global, envolvendo todos os elos da cadeia”, afirma Fiola. Para o presidente, o aumento da frota circulante tem sido a alavanca para o setor manter o crescimento, e 2014 tem tudo para manter esse ritmo. Baseado nas vendas dos últimos anos, o Sindirepa-SP estima que mais de 6,6 milhões de carros novos comecem a frequentar as 90 mil oficinas brasileiras a partir de 2014 para fazer manutenção.

“Quando o período de garantia da montadora termina, a revisão dos veículos passa a ser realizada pelas oficinas. Então, sempre há novos entrantes no mercado”, explica Fiola, mas ele complementa: “hoje, temos muita variedade de marcas e modelos de carros, sem falar dos importados que também vêm crescendo”.

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Um bom retrato de como foi este ano pode ser visto na Auto Elétrico AN Car, em São Paulo/SP. Com o pequeno espaço que dispõe lotado de carros esperando a manutenção, o mecânico e proprietário Fabiano Silva Queiroz é obrigado a fazer os pequenos reparos na calçada em frente à oficina – dos dois lados da rua. Em uma ensolarada tarde de novembro, enquanto Fabiano faz um reparo na porta de um Fiat Tipo dos anos 90 de um lado da rua, do outro tem um Honda New Civic prateado com o capô aberto esperando por sua vez. “2013 foi ótimo, deu um movimento legal. E no final do ano aumenta bastante”, sorri Fabiano.

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Com apenas 28 anos de idade, e há uma década trabalhando no mesmo ponto na Zona Oeste da capital paulista, Fabiano faz serviços gerais de mecânica e elétrica automotiva em sua oficina. “Meus preferidos são Volkswagen, Fiat, Ford… Mas a gente mexe também com os importados”, diz. Entretanto, agarrar o serviço sozinho de segunda a sábado não deixou tempo para que conseguisse fazer um curso de atualização. Mas, consciente de que não pode se acomodar, em seus planos para 2014 estão a reforma da oficina e a compra de novos scanners e demais equipamentos.

Desafios na capacitação

Se por um lado o serviço tem aumentado, as dificuldades para o mecânico crescem na mesma medida. “A nova composição da frota variada e mais renovada exige mão de obra capacitada, pois a forma de reparação está cada vez mais técnica”, afirma Fiola. E é justamente na atualização dos reparadores que, como se diz, o calo aperta.

Para Fiola, entre os desafios de mecânicos e proprietários de oficinas está a capacitação de mão de obra do setor, que ainda não abrange muitas das novas tecnologias que estão se tornando cada vez mais comuns nos veículos. E, além de informação técnica, as novidades exigem atualização constante de equipamentos: os scanners já deixaram de ser um luxo há muito tempo para se tornar uma obrigatoriedade nas oficinas.

“Agora o mercado de trabalho está meio difícil com esses carros novos. Quem não tiver aparelhagem ou não souber mexer com scanner, não vai conseguir trabalhar, não”, opina o mecânico Valtermilson Manoel Peres, de 42 anos, que trabalha na oficina B3 Funilaria em São Paulo/SP fazendo a parte de mecânica de carros batidos. Trabalhando há 15 no setor, para ele, 2013 foi um ano “muito bom e cheio de trabalho”, tanto para ele quanto para outros amigos reparadores. “Sempre gostei de mexer com graxa. Comecei lavando parafuso, depois passei a mexer com mecânica e vim pegando prática, fazendo cursos, e estou aí até hoje”, conta. Valtermilson aproveitou este ano para fazer um curso de injeção eletrônica pela Argos e, em 2014, pretende se aprofundar em mecânica diesel.

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“A questão do treinamento e capacitação profissional é uma necessidade que encontramos em todas as regiões e está na pauta do Sindirepa Nacional”, explica Antônio Fiola. “Existem ações voltadas aos treinamentos de fabricantes em parcerias com os Sindirepas, como no Sindirepa-SP que tem o projeto ‘Empresa Amiga da Oficina’ que promove palestras gratuitas em várias cidades do Estado de São Paulo, mas ainda não é suficiente para suprir a carência do setor de reparação de veículos”, lamenta o presidente do sindicato.

Em Sorocaba/SP, o mecânico e proprietário da Bidinoti Serviços Automotivos, Celso Bidinoti, conseguiu contornar o problema de treinamento ao se credenciar a uma rede de oficinas que, entre as principais vantagens, proporcionou uma grande carga de treinamentos aos mecânicos. Segundo Celso, só em 2013 foram 24 cursos que abrangeram desde sistemas de veículos bastante avançados até mesmo gestão corporativa. “É o que está nos deixando de pé”, disse Celso sobre os cursos, e afirma: “não tenho medo de carro”.

Também sem medo de carro, mas com pedidos de serviço no limite do que pode atender está a Auto Câmbio Faria. Há 12 anos em São Paulo/SP, a oficina especializada em transmissões mecânica e automática sofre com falta de mão de obra especializada no mercado. “Temos que formar o mecânico aqui na oficina, aprendendo na raça”, comenta um dos proprietários, Edson Faria. “O que existe hoje em matéria de cursos de transmissão automática não dá para formar o mecânico para ele começar a trabalhar. Pelo menos, aqui no Brasil, não”, lamenta Edson.

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Um dos mecânicos da Auto Câmbio Faria é Arlindo Martins Dantas Filho, de 33 anos, que trabalha com reparação de câmbios automáticos há 15 anos. E, mesmo com toda essa experiência, fez curso sobre transmissão DSG na Automec e já tem agendado outro curso de eletrônica embarcada para janeiro de 2014. “Tem que se atualizar”, resume Dantas. A oficina especializada em transmissões planeja voos altos para 2014: o objetivo é aumentar o espaço físico da oficina, com pontos de captação em outra região da capital paulista, e também ampliar seu laboratório de transmissão automática.

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“Tem que trabalhar”

No entanto, muitos mecânicos que, a exemplo da Auto Câmbio Faria, estão querendo investir na ampliação de seu negócio (desde a reforma da estrutura física até a compra de algum equipamento mais caro) encontram dificuldades devido à falta de crédito com condições apropriadas ao setor, como alerta Antônio Fiola.

E com a maioria dos cursos concentrados nos grandes centros, muitos mecânicos do interior do país ficam desguarnecidos, e muitas vezes têm que largar a oficina para viajar atrás de atualização. É só percorrer os corredores da Automec, a maior feira do setor na América Latina, e constatar que a grande maioria dos reparadores vem de fora da própria São Paulo/SP, onde acontece o evento. Viajar para levar conhecimento e equipamento à oficina gera mais custo ainda, sem contar nos dias não trabalhados. E compensa tanto esforço?

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“Tem que trabalhar, né? Se não trabalhar, o que o cara vai fazer para sobreviver?”, pondera o mecânico Fabiano Silva Queiroz. Depois de mais um dia em que teve se desdobrar para atender seus clientes, ele nem pensa em largar a mecânica de automóveis. “É uma boa área. Pra quem gosta, compensa”, resume.

Se para quem gosta de automóveis ainda compensa ser mecânico, o mercado trata de premiar quem se prepara para fazer um curso de atualização e se planeja para comprar um equipamento novo, assim, podendo atender a uma variedade maior de clientes. Afinal, são mais de 6 milhões de veículos entrando no mercado de reparação a partir de 2014. A oportunidade está aí: você vai embarcar?

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